Pedro Oliveira


Aloísio Ferreira da Silva

Como toda história tem um início, a do barbeiro e cabeleireiro Aloísio Ferreira da Silva não é diferente. Ele lembra como hoje, o dia em que deixou a roça, aos 17 anos, em Conceição do Coité, antes da revolução de 1964, para ganhar a vida trabalhando na oficina de montagem de bicicleta do irmão em Belo Horizonte e, aos 21 anos, se interessou pela profissão de cabeleireiro e foi trabalhar na Galeria Vidor e Cadilac. Nesse período, levou a mãe que estava doente para morar em Minas.

Emocionado, ele lembra do dia em que a mãe disse: “Meu filho, tem tanta gente que vive cortando cabelo em Coité e você aqui trabalhando em barbearia dos outros. Por que não retorna para nossa terra para ganhar a vida lá? Ao ouvir os conselhos de minha mãe, resolvi arrumar a mala e retornei à minha cidade em 1968. Ao chegar aqui, comprei uma cadeira nova que trabalho até hoje”, relata.  

Com 78 anos e 56 anos no batente em Coité, Aloisio Silva é o barbeiro mais antigo da cidade e, segundo ele, enquanto estiver enxergando e podendo ficar em pé, não pensa em parar de trabalhar. “Ao longo desses anos construí o prédio de minha barbearia, fiz minha residência, comprei uma chácara e ensinei dois dos quatro filhos a cortar cabelo. Graças a Deus, tudo que tenho hoje veio da tesoura, da máquina, do pente e das minhas mãos. Nunca herdei nada de ninguém”, comenta.

Com uma clientela fiel, desde que iniciou a profissão em Coité, o barbeiro disse que nunca ficou um só dia sem cortar cabelo ou tirar uma barba, desde o seu retorno de Minas Gerais, em 1968. O primeiro cabelo que cortou foi do saudoso Evódio Duas Resedá e continua cortando o cabelo de seus filhos: O juiz da Infância e Adolescência, Salomão Resedá e do ex-deputado estadual Emério Resedá. "Também cortei o cabelo do saudoso ex-prefeito Hamilton Rios de Araújo, por vários anos", lembra.

"Da velha guarda, continuo fazendo o cabelo de ilustres personalidades da sociedade coiteense, a exemplo de Argeu Araújo (fazendeiro) e Rogério de Tiburtino (comerciante aposentado), João Marinho de Araújo (empresário aposentado do ramo de sisal), entre outros", completou. Com as mãos perfeitamente firmes e boa visão, apesar da idade, ele passa praticamente o dia inteiro em pé, atendendo os clientes e não demonstra cansaço. "A cadeira de barbeiro continua a mesa desde que cheguei de Minas Gerais na década de 60".

Católico e bom de prosa – característica da profissão - Aloisio se orgulha de ter criado seus quatro filhos na companhia de sua esposa Maria de Lurdes, com o dinheiro ganho de forma honesta com sua cadeira de barbeiro. Formou os quatro filhos: Mauricio em administração de empresas e historiador; Marcio Bary em magistério, pedagogia e psicologia; Larissa profissional de direito que trabalha em Salvador, estudou em faculdade particular, além de Heloisio Silva (Loi), formado em administração e direito. A rotina do profissional é simples: de casa para o trabalho e do trabalho pra casa. Trajeto que faz todos os dias.

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