Brasil / Economia

Tarifa imposta por Trump derruba mercados

Real cai, Ibovespa recua e Lula ameaça retaliação

Foto: Ilustração por DALL-E IA
Trump vincula o comércio a pautas internas de outros países
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Donald Trump imporá tarifa de 50% sobre importações brasileiras a partir de 1º de agosto de 2025, citando processos contra Bolsonaro e “censura” do STF. O real caiu 2% e o Ibovespa 1,9%. Lula prometeu retaliação e criou um grupo de crise. Agronegócio, aço, aeronáutica e café temem prejuízos e alta de preços.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comunicou na noite dessa quarta-feira (9 de julho) a imposição de uma tarifa geral de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 1º de agosto de 2025.

A medida, justificada por Washington como resposta aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a suposta “censura” do Supremo Tribunal Federal a plataformas dos EUA, provocou forte reação no governo Luiz Inácio Lula da Silva, no Congresso e nos mercados financeiros.

Minutos após o anúncio, o real se desvalorizou 2%, ultrapassando R$ 5,60 por dólar, e o Ibovespa recuou 1,9%, puxado por quedas de Embraer, bancos e siderúrgicas.

A ofensiva tarifária de Trump inaugura a fase mais aguda de tensão Brasil-EUA desde a “guerra do aço” de 2002.

Com o relógio correndo para 1º de agosto, diplomatas, parlamentares e empresários tentam evitar que a retórica política se traduza em prejuízos bilionários e alta de preços para consumidores de ambos os lados do Equador.

Impacto econômico imediato

Dólar e Bolsa - A fuga para ativos seguros pressionou a moeda americana, enquanto ações sensíveis ao comércio exterior -- Embraer (-7,8 % no intraday), CSN e Vale -- lideraram as perdas.

Cadeia alimentícia - Analistas estimam que hamburgueres e outros produtos à base de carne bovina fiquem até 12% mais caros nos EUA, já que 21 % da carne magra importada por frigoríficos norte-americanos veio do Brasil nos cinco primeiros meses do ano.

Agronegócio em alerta - O café brasileiro, que responde por um terço da xícara consumida pelos norte-americanos, pode deixar de ingressar no país, abrindo espaço para origens mais caras como Colômbia e Vietnã. Na cafeicultura, o choque de demanda pode derrubar preços internos já na próxima safra.

Quem perde mais
-- Petróleo bruto | 14%
-- Ferro/aço semimanufaturado | 8,8%
-- Aeronaves e peças | 6,7%
-- Café em grão | 4,7%
-- Suco de laranja | 4%

Reação política em Brasília

“Tarifas dessa magnitude são um ataque à soberania do Brasil”, disse o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), defendendo “união suprapartidária” para responder a Washington.

O presidente Lula prometeu retaliação proporcional caso a tarifa entre em vigor, com base na recém-aprovada Lei da Reciprocidade. Ao mesmo tempo, montou um grupo de crise com Itamaraty, MDIC e setor privado.

Parlamentares da oposição atribuíram o impasse à política externa de Lula, enquanto aliados acusaram Bolsonaro de “pedir” a penalidade a Trump.

Por que os EUA miram o Brasil agora?

Especialistas veem motivação predominantemente política: Trump citou a “caça às bruxas” contra Bolsonaro e decisões do STF que, segundo ele, limitam redes sociais americanas.

Esse uso de tarifas como arma diplomática consolida a estratégia do segundo mandato republicano de vincular comércio a pautas internas de outros países.

4 cenários à frente

1

Negociação relâmpago (probabilidade 40%) – Setores industriais dos dois países pressionam por isenções específicas (café, frutas tropicais) ou redução da alíquota antes de 1º de agosto.

2

Guerra tarifária (30%) – Brasil aplica tarifa espelho de 50%; EUA respondem com novas barreiras não tarifárias. Possível demanda de ambos os lados na OMC.

3

Reconfiguração comercial (20%) – Exportadores brasileiros redirecionam volumes para China e Europa, ao custo de margens menores.

4

Retirada parcial (10%) – Administração Trump recua em parte após pressão de importadores de alimentos, mantendo tarifa só para bens industriais.

Perguntas que permanecem

-- Como o agronegócio brasileiro compensará a perda do maior mercado de suco de laranja e café?

-- A retaliação de Brasília incluirá suspensão de patentes ou será limitada a tarifas?

-- Qual o impacto inflacionário nos EUA num ano de queda da produção de carne e de cítricos?

-- A escalada comercial pode afetar a campanha presidencial norte-americana de 2026?

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Esta matéria foi redigida com a ajuda de Inteligência Artificial