As ruas não falam e nem as paredes. Mas elas guardam silenciosamente muitas histórias que aconteceram por ali, sem dar um pio. As ruas não falam e nem as paredes. Mas elas guardam silenciosamente muitas histórias que aconteceram por ali.
A ladeira do Ypiranga é um desses lugares que viu tantas pessoas irem e virem com tantas outras histórias para contar. E uma dessas histórias especificamente, chama atenção. Ela acontece – e ainda continua acontecendo - nessa ladeira do Ypiranga, no bairro da Cidade Nova, desde o fim dos anos 80, a história da academia Champion.
Essa história fala sobre o que? Superação? Não. Superações. No plural mesmo. O que fazer com as oportunidades que surgem diante de você, quando se pode sair de uma vida violenta e errada? Aproveitar? Sempre. Buscar a vitória e subir na vida degrau por degrau. Mas não se pode fugir das derrotas que podem tanto ensinar, quanto fazer perder tudo o que se conseguiu com tanto esforço quando a opção de permanecer no caminho errado é a escolha.
Dia de sparring, dia de porrada e aprendizado. (Foto: Felipe Belmonte)
Falar da Academia Champion é natural no bairro. É falar de campeões que acordam e passam os seus dias como qualquer cidadão e com sede de títulos... é revelar tudo o que a academia e Luiz Dórea - treinador de boxe e de MMA, campeão mundial nos anos 80 e técnico de Acelino "Popó" de Freitas, Júnior Cigano, Adriana Araújo, os gêmeos do MMA Rodrigo e Rogério Nogueira, Lyoto Machida, entre outros - promovem no esporte e na vida de cada par de pernas que se movimenta freneticamente treinando as esquivas e investidas em poderosos socos.
Socos na cara das dificuldades. Sabe o lance do merecimento? Pois é, uns já nascem em berço de ouro, mas esses lutadores, todos – absolutamente todos! – passam por dificuldades.
A Champion nasceu com o intuito de servir como local de treino de Luiz Dórea. Mas a falta de apoio o forçou a pendurar as luvas e parar de lutar. Mas, felizmente, ele acabou se tornando outra coisa e não saiu dos ringues totalmente. Criança após criança, futuro após futuro atleta, ele se viu como um treinador. E dos bons. Não, dos melhores.
Começou arrebatando jovens que viviam nas ruas e tudo era promovido pelo próprio Dórea. A Champion foi inaugurada lá em 1989, um ano depois de Dórea conquistar o título mundial do Conselho Mundial de Boxe.
Mas, a morte do seu mestre/treinador Gilberto de Oliveira lhe surpreendeu de forma que mudou totalmente as circunstâncias. Dórea, por um tempo, passou a treinar sozinho nos fundos de sua residência, seguindo os fundamentos do mestre, mas a falta de apoio lhe apertou e ele parou de vez. Então, sua academia se tornou a academia do bairro, na ladeira do Ypiranga.
Dá pra ouvir os gritos dos atletas, seus golpes, o som dos tênis no chão de cimento batido.
Os gritos da vitória.
Campeões do ringue da vida
Encarar de frente os treinos sozinho, não era fácil... mas era o que ele precisava e tinha como oportunidade. Então Dórea aproveitou e ainda continuou treinando, mesmo acompanhado dos ecos de seus gritos ao soltar toda a energia golpe após golpe, no fundo de sua casa.
Mas o tempo passou e a Champion crescia e passou a se tornar referência.
A academia sempre teve como “base” o boxe. E foi nela que os principais nomes do esporte do país foram revelados e eles mesmos estão elevando o nome do boxe a patamares que seriam impensáveis. O primeiro grande nome consagrado por Dórea é Acelino Popó de Freitas, o ex pugilista baiano que se consagrou tetra campeão mundial. Foi medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata em 1995, e possui até hoje o recorde mundial de mais lutas consecutivas vencidas por nocaute: 29 triunfos. Adriana Araújo também nasceu na Champion. Ela se consagrou ao ser medalha de Bronze nos jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e foi a primeira mulher a ser medalhista olímpica no boxe.
O luxo de ter 10 segundos de descanso. (Foto: Felipe Belmonte)
Aliás, se passa um bom tempo ouvindo as conquistas dos atletas que treinam na Champion. E mesmo sendo necessário encerrar a conversa ou suprimir uma sonora risada ao ver que eles “perdem a conta” de tantos títulos que conquistaram, a admiração só aumenta.
Mais um campeão? Sim, Robson Conceição.
Assim como todos os outros alunos do projeto, sim, todos, Robson veio de família pobre, e escolheu o boxe para tentar ganhar a vida. E ganhou. Um golpe no escuro que acabou dando certo. Ele abocanhou uma medalha de ouro nas Olímpiadas do Rio em 2016, e logo depois desse título, virou boxeador profissional, e já tem um cartel invejável. Hoje, o projeto de recrutamento de jovens atletas, batizado de “Campeões da Vida” continua a todo vapor, revelando talentos para ambas as modalidades.
Mas Dórea não está sozinho. A academia e o projeto são uma tradição de família. A filha dele, Layla, é “o cara” da administração; o filho dele Luiz Dórea Júnior, também é mestre da casa e também revelou grandes campeões. O legado dele não está se encerrando.
O Segredo
O sucesso leva qualquer um a perguntar: qual é o segredo da Champion? Luiz Dórea e nenhum de seus lutadores conseguem explicar com precisão. Mas basta uma visita à academia para compreender: o segredo pode ser a simplicidade. A Champion continua a velha casinha azul e branca no fundo de uma casa na Cidade Nova, bem distante da badalação das grandes academias e centros de treinamento do mundo das lutas e outras artes marciais. A equipe é como uma família, em que todos se ajudam e prestam atenção em cada palavra e gesto feito por Luiz Dórea. Coisa que só é possível para quem tem 23 anos de história e muitos títulos na bagagem.
Quem quer virar atleta do ”Team Dorea”, primeiro passa por uma peneira que avalia se o jovem vai integrar o time de novatos ou o time dos mais avançados. E quem tem menos de 18 anos tem um acompanhamento em sua vida fora da academia.
E existem regras pra continuar treinando na Champion e ser um Campeão da Vida: bom desempenho escolar nas notas e no comportamento na vida acadêmica, na rua e em casa. Notas baixas? Brigou na rua? Saiu da escola? Falta de educação com os pais? Break! Separa... acabou. Suspensão! Na hora. Sem discussão. E só volta após provar que melhorou.
Com os maiores de 18 anos, os treinadores adotam uma postura mais liberal em relação à estudos, mas em contrapartida, o boxe passa a ser seu trabalho, e então as cobranças nos treinos, nas preparações físicas e alimentares são maiores, assim como se envolver em brigas fora da academia acaba trazendo maiores penalidades. Afinal, eles são adultos.
Um nocaute na ideia de quem acha que a academia é só relação professor/aluno. O relacionamento dos familiares com a academia também existe. Muitas vezes os próprios familiares vão na academia pra saber como estão seus filhos e filhas. Mas também existem os casos de alunos que não possuem uma família presente, e acabam vendo em seus mestres um pai, ou um melhor amigo. Ou os dois. E é mais uma responsabilidade, porque eles se tornam seus guardiões: de estarem junto dos jovens tanto dentro como fora da academia.
Ouça - A importância do projeto no bairro: campeões da vida na Cidade Nova
O projeto Campeões da Vida, tem um grande impacto no cotidiano do bairro da Cidade Nova. Fomos às ruas para saber se os moradores conhecem o projeto da Champion e se acham importante para os jovens do local.
O perdão é algo que existe muito na academia, já existiram atletas que começaram, se envolveram com tráfico de drogas, mas depois voltaram e conseguiram voltar sua vida aos bons caminhos. Muitos garotos e garotas que são alunos da academia acabam não virando profissionais, mas levam seus aprendizados para outras partes da vida, como nos estudos e no trabalho. Independentemente, o intuito da Champion é apenas um, tirar jovens dos perigos das ruas e mostra que seus sonhos estão muito mais perto do que imaginam.
Aos mestres com carinho
Era sempre um choque para Elber. Era sempre um choque acordar e saber que não poderia mais lutar depois da lesão no cotovelo. E a depressão veio.
Elber, já foi aluno do projeto social de Luiz Dórea: “Campeões da Vida. Ia todos os dias para a academia. Treinava, suava, apanhava...mas também batia. E batia forte. Batia pelo esmero e dedicação, e também pelas mazelas que que se via obrigado a encarar, ou enfrentar.
Como muitos brasileiros, ele queria chutar bola, queria fazer gols e dar alegrias a torcida. Mas percebeu que como jogador de futebol, seus socos eram muito bons. Ele buscava a oportunidade de dinheiro fácil, que assim como vem fácil, também vai fácil, e muitas vezes esse “vai fácil” é na bala. Isso ele não queria.
Desistiu da bola e passou a lutar. Lutou e venceu. Logo que estreou no boxe, foi campeão. Viveu nos Estados Unidos. Viu e viveu o glamour do boxe. Viu o emprenho de cada treino recompensar o mestre Dórea que, aguardando ansiosamente notícias do pupilo, se emocionava com os feitos de Elber à cada e-mail, sms ou zap. A coisa estava indo muito bem, até o dia em que a lesão surgiu e o mundo do boxe perdia mais uma estrela campeã.
Só que não.
A artrose, uma degeneração e frouxidão das articulações causando inchaços, dor e rigidez nas juntas e dificuldade para realizar movimentos, atingiu seus cotovelos. É uma doença crônica. Mas Elber não se rendeu.
Essa estrela campeã, aclamada por títulos mundiais, nacionais e estaduais, passou a seguir os passos do mestre. Agora também ensina alunos que vão para o projeto com o desejo e a gana de trilhar o mesmo caminho vitorioso de Elber e Dórea.
Elber se comporta não somente como professor e mestre da academia quando Dórea não está. É também pai, tio, amigo e irmão. “Um aluno meu treinava comigo, depois saiu. Um dia, indo pra minha academia, porque
também tenho um projeto como o de Dórea, vi um movimento na rua, onde rolou muito tiro. Me disseram que alguém morreu, quando vi era meu aluno. Aquilo me deixou muito triste.” Elber se mantém centrado não somente em ensinar fundamentos de como lutar o boxe. Ele adquire um laço com casa aluno, e perder esse aluno da pior forma possível, lhe abre uma ferida que o deixa profundamente triste.
Um dia, indo pra minha academia, (...) vi um movimento na rua, onde rolou muito tiro. Me disseram que alguém morreu, quando vi era meu aluno.
-- Elber Passos --
Elber criou sua própria academia na Boca do Rio e imortalizou o projeto social de Luiz Dórea que revelou tantos medalhões no esporte. E Elber também revela os dele. “Se, de 100 alunos, 99 saírem da droga e um morrer, eu fico mal por esse único que se foi”, desabafa. Esse é o tamanho da responsabilidade que Elber impõe ao longo dos anos que se tornou professor devido a aposentadoria forçada. Os cotovelos já não incomodam, claro, não sofrem os impactos e não sofrem mais com a intensidade do treino e nem da luta à vera. Mas é através de Elber que os lutadores nascem, crescem e se desenvolvem.
Isso tudo é um nocaute no cansaço.
Veja no vídeo abaixo como é a rotina de João
Os prodígios
Os prodígios do projeto "Campeões da Vida". Paulo Nascimento (esquerda), Edson Calango (centro), Jessica Paquita, Joel Ramos (segundo plano) e Uriel Mano Brown (ao fundo). (Foto: Felipe Belmonte.)
A quantidade de pessoas que treinam na Champion e vencem campeonatos é incrível. Mas não tem somente eles: alguns que treinam para manter o corpo em forma e seguir com suas vidas normalmente, outros treinam como forma de estudar já que cursam faculdade na área de saúde... enfim. “Só um conselho: pare de contar, vai perder tempo”, disse Edson Calango que venceu sua final no Campeonato Baiano de Boxe por unanimidade em sua categoria.
(Foto: Felipe Belmonte.)
De crianças atletas de 13 anos à mulheres que vão para treinare enfrentar os preconceitos encarando também suas famílias só mostra o quanto a Champion e o projeto Campeões da Vida não tem preferências. Os que são vistos como promessa são treinados da mesma maneira que os que não querem competir. “É isso que me atraiu aqui. A Champion é uma família.”, declarou Jéssica Paquita.
Entre eles, está Joel, 19 anos, vencedor de todos os títulos que disputou. Tímido e tranquilo, sua cabeça está focada no treino. Ele treina e faz musculação e, as vezes, depois de treinar e malhar, ele volta para mais uma rodada de treinos de fundamentos do boxe. Energia inesgotável desse garoto que tem a fala mansa, mas a mão é pesada.
Paulo Nascimento também é outro que deveria mudar seu nome para “energia”. Não pára quieto e é sempre solícito e carismático enquanto treina e conversa com as pessoas e faz outras coisas ao mesmo tempo. “Eu cheguei pra mestre Dórea e pedi pra lutar porque tava precisando de dinheiro. Eu tenho um filho pequeno [...], e ele disse que eu não podia, porque não tenho foco. E ele me provou que não tenho foco. Eu não tenho controle: gosto de balada.”, disse. E mesmo sendo “farrista”, Dórea não o exclui do treino, porque ele é dedicado. Vem sempre que pode e consegue. Mas não falta.
Dedicação é o que define esses atletas prodígios.
Ouça - Com a palavra, Calango, Joel e Paulo
Em toda história existem personagens, e nessa não é diferente. São tantos personagens que há pouco espaço para todos eles. Alguns "gaiatos" que gostam de aparecer, animados como são, falaram um pouco sobre suas trajetórias.
A dama de ferro
Ouça - A voz da Rainha
Um dos grandes tabus das artes marciais é a prática por mulheres. Muitas mulheres tem a vontade de começar a praticar, mas a família não apoia, ou não permite por achar um esporte muito violento e consequentemente masculino. Muitas vezes o medo vem da própria mulher, que gosta do esporte mas não tem coragem de começar a praticar. Para esses casos, conhecemos a atleta Jéssica Paquita, ela faz parte do time da academia Champion, e fala que apesar de todas as adversidades, ela conseguiu se tornar uma praticante do boxe e o esporte trouxe a ela muitas mudanças positivas em sua vida.
Jéssica Paquita, a Dama de Ferro.(Foto: Felipe Belmonte.)
O caso da criança velha
“Eu era muito nervoso, só queria brigar com os outros... era gordinho e pequeno. Hoje eu sou outra pessoa... já mudei.” Quem ouve isso não sabe que o dono dessa frase hoje é um ouro da Champion. E muito menos acredita que o mesmo homem que disse isso, tem 13 anos de idade.
Gustavo dos Anjos é uma jovem promessa do boxe baiano e brasileiro e nasceu na Champion quando chegou por lá aos 7 anos de idade. É difícil acreditar que o jovem de corpo atlético e forte, de postura firme, sereno, tranquilo e calmo, que veio da porta de entrada da academia, tem uma cabeça tão amadurecida e tem apenas 13 anos de idade. “Não pude vir treinar porque tava estudando, era semana de prova [...], eu só fico feliz quando tô em casa com minha família e quando venho treinar o meu boxe...”. De sorriso fácil, Gustavo se surpreende quando alguém sabe o seu nome, quando o professor o chama para corrigir alguma postura ou guarda. E o motivo é muito simples: ele é calado. Muito calado. E só tem 13 anos.
[...] Eu só fico feliz quando tô em casa com minha família e quando venho treinar o meu boxe...
-- Gustavo dos Anjos - 13 anos --
Deve ser doloroso para o jovem não vir treinar, mas a responsabilidade dividida entre o boxe e os estudos grita na cabeça dele, mas ele sabe muito bem diferenciar as coisas. Nisso, ele é nota 10: escola primeiro, boxe primeiro, escola depois, boxe depois... os dois precisam de atenção, mas o que é prioridade para um jovem de 13 anos? Sim, estudar e treinar. Estudar e treinar.
Com 13 anos, em épocas diferentes, as pessoas só queriam conversar, brincar na rua, com o passar do tempo, a internet aproximou os distantes, e a conversa passou a outro patamar. Mas brincar era a pauta de toda folguinha da escola. Não para Gustavo. Seu divertimento é o treino... principalmente quando é pela manhã.
Mas e a bagagem dele? Ele tem um alicerce incrível que é o que ele cita categoricamente quando conversa: família. Educação em casa é o que ele leva para fora de casa. E como numa aula de matemática, somando aos ensinamentos do projeto da academia Champion, ele se torna um cidadão completo.
Um vencedor humilde, muito humilde. Um vencedor que achou o boxe divertido e decidiu começar a treinar, que bate forte, é rápido e logo na estréia no começo do ano de 2018, já foi campeão na categoria de estreantes (75 quilos) e foi campeão baiano no sábado (29 de setembro) pela categoria infanto.
Um vencedor que só tem 13 anos..
O craque de luvas... que chupa dedo
Zé Bim pra cá, Zé Bim pra lá... Zé Bim pra cá, Zé Bim pra lá...
Seu nome, na verdade é Breno, mas o que tem a ver um apelido com o nome? Nada mesmo... talvez uma brincadeira entre colegas que acabou “colando” no garoto e até hoje é lembrado por esse apelido.
Breno Luiz “Zé Bim” é mais uma joia da Champion. Tem 16 anos, é rápido – incrivelmente rápido – forte, técnico, marrento... gago... e chupa dedo.
Esse é um daqueles casos interessantes que se observa e vê que esse jovem tem algo a mais. É um craque do boxe e o melhor lutador juvenil da academia disparado. Conhecido por todos e alvo do carinho de todos, Zé Bim sempre é chamado atenção por esquecer tudo: das luvas, ao protetor de boca. Ele só não esquece a vontade de lutar.
Acordar todos os dias, levantar da cama e perceber que a preguiça quer derrubá-lo e fazê-lo desistir do treino, é mais uma oportunidade de sua mãe dar uns bons gritos e Zé Bim fugir da bronca da Senhora Zé Bim e ir correndo treinar com Dórea e Elber. Este último, aliás, Breno o considera como pai. “Gosto dele. Muito!”. E é Elber que provoca em Zé Bim um refinamento na arte de lutar e de viver. Graças à marcação firme de Elber, Zé Bim treina. E graças a postura firme da mãe, Zé Bim fica fora das ruas, gasta a energia e volta pra casa pra dormir e “deixar de perturbar”. “Minha mãe gosta muito que eu faça boxe, porque assim eu não fico na rua o tempo todo brincando... mas o mestre Dórea briga comigo porque não to estudando esse ano.”
Quando existe um atleta que é craque, ele tem que se provar que é craque. E tem que ter sonhos, afinal de contas, sonhar não paga nada. “Um dia vou ser campeão Olímpico... eu quero ser, e vou ser! [...] mas eu quero migrar pro MMA, eu quero lutar MMA...” Um dia a população do bairro da Cidade Nova, a Bahia toda e o Brasil inteiro vai ouvir desse moleque que de tão marrento é engraçado.
Em pleno dia de final de campeonato Baiano de boxe juvenil, Zé Bim não estava preocupado. Seu descompromisso não é descompromisso propriamente dito. Ele estava num “baba” e depois foi para o campeonato, vencer a sua luta e se sagrar campeão. Não é descompromisso porque essa é a forma que Zé Bim encontrou de se concentrar ou de se distanciar do nervosismo que bate nos momentos que antecedem uma luta tão importante. Zé Bim é brincalhão, mas um brincalhão responsável.
Ele faz o que quer e vence como quer. Confiança como a dele, só para poucos e Zé Bim é desses poucos que de tão brilhantes, se tornam joias que fazem com que o boxe continue vivo e pulsante, evoluindo e elevando o nome da Bahia no esporte.
... e soa o gongo. Fim de luta
Ataque, defesa, eficiência e técnica.
Foco, disciplina, ética, fé e paciência.
Determinação, companheirismo e lealdade.
Humildade, garra e respeito.
Persistência, comprometimento e coordenação.
Esses são os temperos da receita de sucesso da academia Champion e do projeto “Campeões da Vida”.