Artes Visuais / Cidade

Grupo 'A Pombagem' leva museus para as ruas e escolas de Salvador

6 colégios estaduais estão programados para imersão cultural

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O Grupo A Pombagem iniciou em outubro o projeto “O Museu é a Rua – Ocupação Solar Ferrão”, com ações culturais em Salvador e visitas a escolas públicas. A iniciativa valoriza tradições musicais afro-brasileiras e propõe ressignificar o conceito de museu como espaço vivo e acessível às comunidades periféricas.

O Grupo de Arte Popular A Pombagem inicia neste mês de outubro o projeto “O Museu é a Rua – Ocupação Solar Ferrão”, que transforma o Centro Cultural Solar Ferrão, equipamento vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), em ponto de partida para uma série de ações culturais e educativas dentro e fora do espaço museal.

A proposta se estende também à Casa do Museu Popular da Bahia, sede do coletivo em Fazenda Grande do Retiro, e a escolas públicas da periferia de Salvador, com visitas guiadas programadas que acontecem nas próximas quinta e sexta-feiras, dias 9 e 10, com estudantes dos Colégios Estadual Dois de Julho e Dom Avelar Brandão Vilela.

O projeto “O Museu é a Rua” teve início no dia 27 de setembro com a realização de um cortejo performático pelas ruas da Fazenda Grande do Retiro, como parte da programação da 19ª Primavera dos Museus do IPAC.

Inspirada nas coleções etnomusicológicas de Emília Biancardi e Walter Smetak, a ocupação promove uma imersão no universo dos instrumentos de matriz afro-brasileira e valoriza o trabalho de artistas populares que constroem seus próprios instrumentos como forma de manter vivas tradições musicais em seus territórios.

Museu em movimento

A programação prevê visitas mediadas, saraus, rodas de conversa, batalhas de rima, oficinas, cortejos performáticos, exibições de documentários e palestras. As atividades aproximam o patrimônio das comunidades e ampliam a noção de museu para além das paredes institucionais.

“O Museu é a Rua” busca provocar reflexão sobre modelos tradicionais ainda restritos a edifícios fixos e pouco acessíveis. A iniciativa propõe uma ressignificação do conceito de museu, concebendo-o como espaço vivo, em diálogo permanente com a cidade e seus territórios.

As ações também criam um espaço de valorização de percussionistas e inventores da periferia, como Augusto Bral e Alin Gonçalves, fortalecendo a conexão entre os acervos institucionais e as tradições musicais que resistem e se reinventam fora dos muros museais.

Trajetória do grupo

Fundado em 2009, em Salvador, o Grupo A Pombagem nasceu das poesias declamadas em praças e ruas de Fazenda Grande do Retiro e São Caetano, que mais tarde deram origem a dramaturgias para o teatro de rua. Há 15 anos, o coletivo desenvolve o movimento “O Museu é a Rua”, pautado por experiências estéticas e poéticas em torno da museologia popular.

Em 2022, o grupo inaugurou sua sede própria, a Casa do Museu Popular da Bahia, museu comunitário que desde então recebe programações culturais e educativas. No ano seguinte, participou do Programa de Residência Artística do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), com quatro meses de atividades. Em 2024, retomou as ações na sede comunitária, fortalecendo a participação de moradores da região. O grupo também integra a Periferia Brasileira de Letras (PBL), iniciativa da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz.

Anote

Exposição: “Ocupação Solar Ferrão”
Local: Casa do Museu Popular da Bahia (Rua Mello Moraes Filho, nº 331, Fazenda Grande do Retiro)
Datas: Terça a sábado (outubro e novembro)
Horários: das 14h às 20h 

Visitas mediadas em escolas públicas
-- 9/10 – Colégio Estadual Dois de Julho
-- 10/10 – Colégio Estadual Dom Avelar Brandão Vilela
-- 22/10 – Colégio Estadual Nelson Mandela
-- 23/10 – Colégio Estadual Santa Rita de Cássia
-- 12/11 – Colégio Estadual de Aplicação
-- 26/11 – Colégio Estadual Roberto Santos