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Morre a jornalista Kardé Mourão

A cremação será no Cemitério Jardim da Saudade

Foto: Sinjorba
Kardé Mourão: uma vida de luta pela democratização da comunicação no Brasil

Kardé Mourão, ex-presidente do Sinjorba-Sindicato dos Jornalistas do Estado da Bahia, morreu na noite desse sábado (29 de março), aos 65 anos de idade, após meses de luta contra um câncer.

A causa da morte foi relacionada a complicações decorrentes do tratamento medicamentoso, que se seguiu a cirurgias realizadas no final de 2024 para a retirada de parte do intestino, bexiga e útero. 

O velório será iniciado às 14h deste domingo (30), na Capela B do Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, e a cerimônia de cremação está marcada para as 16h.

Nascida em Salvador em 10 de outubro de 1965, Kardé formou-se em Jornalismo pela Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1981.

Iniciou a carreira na TV Aratu e tornou-se referência como assessora de imprensa de entidades sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB), APLB-Sindicato e Sinposba.

Em 1985, integrou a comissão da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) responsável pela criação do primeiro Manual de Assessoria de Imprensa do Brasil, marco para a categoria 35. Sua atuação no Conselho Regional de Farmácia da Bahia também foi marcante, embora tenha enfrentado uma demissão considerada arbitrária pela Fenaj, que denunciou violações trabalhistas.

Liderança sindical e legado

Kardé presidiu o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) por dois mandatos (2004-2010) e integrou diretorias da entidade entre 1998 e 2010, retornando de 2019 até 2025. Foi dirigente da Fenaj e membro da Comissão Nacional de Ética (2019-2022), eleita como a conselheira mais votada.

Em 2019, liderou o movimento "Começar de Novo", que mobilizou dezenas de profissionais para revitalizar o Sinjorba, reforçando sua imagem como articuladora incansável 19. Sua defesa intransigente do diploma de jornalista e da democracia tornou-se símbolo de resistência, como destacou a deputada federal Lídice da Mata: "Sua imagem se confundiu com a do Sinjorba".

Homenagens e reconhecimento

Políticos, colegas e entidades lamentaram a perda. A deputada Olívia Santana ressaltou seu "compromisso com a liberdade de expressão", enquanto o Sinjorba enfatizou seu legado na luta por melhores salários e condições de trabalho.

Moacy Neves, atual presidente do sindicato, declarou: "Ela me apresentou os caminhos da luta dos jornalistas".

"Foi uma guerreira que sempre lutou pelo jornalismo", definiu o diretor de Comunicação da CNI-Confederação Nacional da Indústria e ex-secretário de Comunicação do Estado da Bahia, André Curvello.

Em publicação nas redes sociais, o secretário interino de Comunicação do Estado da Bahia, Luciano Suedde, lamentou a morte da jornalista.

“Kardé, como era carinhosamente chamada, foi uma grande e querida amiga. Ela deixa um legado de coragem, ética e compromisso com a democracia e a liberdade de imprensa. À sua família, amigos e colegas de profissão, expresso minha solidariedade e respeito. Sua ausência será sentida, mas sua trajetória seguirá como inspiração para as novas gerações de comunicadores”, destacou Suedde. 

O secretário lembrou da atuação de Kardé à frente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), que presidiu por dois mandatos, e na diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). “Sua atuação sempre foi marcada pela defesa intransigente da valorização profissional e pela luta permanente por condições dignas de trabalho e respeito à legislação trabalhista”. 

Ainda na publicação, Luciano elogiou a jornalista na conduta diária no exercício da profissão. “Profissional de referência no jornalismo baiano, reconhecida por sua integridade, dedicação à verdade e empenho constante em qualificar a prática jornalística. Por onde passou, imprimiu uma comunicação comprometida com as lutas sociais e os direitos dos trabalhadores”.