
A economia da Bahia deve crescer 1,4% em 2026, segundo estimativas do Observatório da Indústria da FIEB. O cenário projeta desaceleração frente a 2025, mas o estado segue com fundamentos sólidos, sustentado por sua base industrial diversificada, investimentos estruturais e novos empreendimentos estratégicos.
A perspectiva para 2026 aponta uma expansão mais moderada da economia baiana, refletindo um ambiente macroeconômico mais restritivo, tanto no Brasil quanto no exterior. Ainda assim, alguns setores devem apresentar desempenho acima da média, com destaque para o refino de petróleo e biocombustíveis, beneficiados pela demanda regional, e para a construção civil, impulsionada pelo programa Minha Casa Minha Vida e obras de infraestrutura na Região Metropolitana de Salvador.
Outros segmentos com projeções positivas incluem minerais não metálicos, máquinas, materiais elétricos e o setor automotivo, este último impulsionado pela entrada em operação da fábrica da BYD em Camaçari, cujos efeitos devem começar a refletir na geração de empregos já em 2026.
Por outro lado, setores voltados ao consumo, como alimentos, bebidas e calçados, tendem a enfrentar dificuldades devido à desaceleração da demanda interna. As energias renováveis continuarão limitadas por gargalos de transmissão e pelo curtailment, enquanto a extração mineral sofrerá impactos da redução na produção de petróleo e gás, exigindo novos investimentos para sustentar o setor.
O cenário nacional corrobora essa tendência de desaceleração. De acordo com o Relatório Focus do Banco Central, a economia brasileira deve crescer 2,25% em 2025 e 1,8% em 2026. Entre os principais entraves estão os juros reais elevados, o desafio de gerar superávits primários, o crescimento da dívida pública e a diminuição dos saldos comerciais.
No plano internacional, o contexto permanece instável, com tensões geopolíticas, protecionismo e disputas comerciais. Ainda assim, o Fundo Monetário Internacional prevê crescimento global de 3,1% para 2026, puxado principalmente por economias emergentes, mesmo com a desaceleração da China.
Apesar das incertezas, a Bahia mantém posição estratégica na economia nacional. O estado encerra 2025 com crescimento estimado de 2,6% do PIB, acima da média nacional de 2,25%, e alcança o quinto ano consecutivo de expansão. Segundo a FIEB, a Bahia representa 29% do PIB nordestino, é a sétima maior economia do país e lidera a indústria regional com 33,4% do Valor da Transformação Industrial do Nordeste.
No comércio exterior, a Bahia também se destacou em 2025, sendo responsável por 45,2% das exportações do Nordeste no primeiro semestre, consolidando sua posição como principal polo exportador da região. No mercado de trabalho, a taxa de desemprego caiu para 8,5% no terceiro trimestre, o menor nível desde 2012, impulsionada pelo crescimento da massa salarial e da geração líquida de empregos.
Entre os setores econômicos, a agropecuária liderou em 2025, com alta projetada de 8,1%, impulsionada por um crescimento de 12,3% na produção de grãos. A indústria cresceu 1,5%, com destaque para a construção civil (3,9%) e para os serviços industriais de utilidade pública (2,6%). Já a indústria extrativa apresentou retração, afetada pela queda na produção de magnesita, cobre e pedras britadas.
O setor de serviços registrou recuperação moderada, com previsão de crescimento de 2,0% em 2025. O comércio manteve estabilidade (0,8%), enquanto os segmentos de transportes, comunicações e serviços às famílias mostraram desempenho mais robusto. No entanto, a política monetária restritiva, com juros elevados, segue como obstáculo à retomada mais vigorosa da atividade econômica.
O superintendente da FIEB, Vladson Menezes, destaca que a economia baiana tem conseguido superar o desempenho nacional, mesmo diante das dificuldades. Ele chama atenção, porém, para desafios persistentes como altos custos de produção, infraestrutura precária e concorrência internacional, especialmente da China. “A China tem inundado os mercados globais com seus produtos, o que impacta diretamente a indústria brasileira”, afirma.
Para o presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos, o foco deve ser o fortalecimento das empresas locais. “O que mais preocupa a FIEB são as empresas que têm dificuldades para competir no mercado. Nosso papel é apoiá-las, pois a indústria é a principal alavanca do desenvolvimento econômico quando um novo empreendimento se instala”, afirmou.
Apesar da previsão de crescimento abaixo do potencial histórico em 2026, os analistas mantêm expectativa positiva quanto à trajetória de médio prazo da Bahia. A diversidade da base produtiva, os investimentos em infraestrutura e a chegada de grandes projetos industriais posicionam o estado de forma vantajosa para retomar um ritmo mais acelerado de crescimento quando o ambiente econômico permitir.
