O ataque, nesta terça-feira (1 de setembro), é uma retaliação ao assassinato dos chefes do Hezbollah e do Hamas, grupos terroristas financiados pelo regime iraniano.
Parte dos artefatos foi abatida pelo Domo de Ferro, um dos poderosos sistemas antimísseis israelenses, mas há relatos de que a Universidade de Tel Aviv foi atingida.
Segundo fontes militares de Israel, alguns projéteis causaram impacto direto no sul e centro do país, sem deixar feridos.
O chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi, comentou o ataque. “Provamos a nossa capacidade de impedir o inimigo de alcançar seu objetivo”, ressaltou. Halevi exaltou o poderio militar. “Temos uma Força Aérea e um Sistema de Defesa fortes”.
Praticamente cem por cento da população segue as orientações da Defesa Civil. “O comportamento exemplar da população nos ajudou muito”, reconheceu.
Concluiu o pronunciamento com uma frase em aberto. “Provaremos as nossas possibilidades de modo preciso e surpreendente, de acordo com a orientação do escalão político”.
Os Estados Unidos anunciaram o envio de "alguns milhares" de militares para a proteção de Israel. Dois porta-aviões americanos já se encontram no Mar Mediterrâneo.
Círculo de fogo
O que se chama de “círculo de fogo” está plenamente ativo. Este era o principal temor de Israel desde o início da guerra, no ano passado.
Durante a madrugada, um míssil balístico foi disparado pelos Houthis do Iêmen contra a região central de Israel. Este míssil foi interceptado pelo sistema de defesa Arrow 3, mas as sirenes foram ativadas e colocaram a população do centro do país nos abrigos.
Pela manhã, foram disparados ao menos dez foguetes contra Haifa, no norte, e também Tiberíades, às margens do Kineret, o Mar da Galileia. Foi a vez de a população do norte de Israel ir para os abrigos.
Na quinta-feira, Israel eliminou Mohammed Hussein Serour, comandante da “unidade aérea” do Hezbollah. Agora há a revelação de que apenas três dias atrás ele retornou ao Líbano após viagem ao Iêmen, a mais de dois mil quilômetros de distância, onde supervisionou a unidade de drones dos Houthis.
São também cada vez mais intensos os disparos de drones e mísseis a partir da Síria e do Iraque. Uma associação de diversos grupos terroristas pró-Irã no Iraque age sob o nome de “Resistência Islâmica do Iraque”. Este “guarda-chuva” de grupos armados já reivindicou os disparos de mais de cem mísseis e drones contra Israel.
Desde o início da guerra, falamos por aqui sobre o projeto amplo de Yahiya Sinwar, o líder do Hamas, de realizar a chamada “convergência de arenas”. Ou seja, a mobilização de todas as frentes contra Israel de forma simultânea. Isso está acontecendo. Até o momento, não se sabe até quando esses grupos continuarão a agir e como será seu padrão de atuação ao final da guerra. No entanto, já é possível dizer que a situação que existia antes desse conflito mudou.
Para além de todas as investigações que serão feitas sobre as falhas que levaram ao 7 de Outubro (e que aconteceram durante o 7 de Outubro), Israel vai precisar também rever padrões e construir uma nova estratégia de longo prazo para atuar neste novo Oriente Médio.
Na madrugada desta terça-feira o Exército de Israel iniciou uma incursão terrestre no Líbano. O exército confirmou que a operação é “direcionada e limitada” e segue as determinações aprovadas pelo Gabinete de Segurança.
Ao contrário do que ocorre na Faixa de Gaza, a princípio a ação não tem como objetivo destruir o Hezbollah (um dos objetivos expressos da guerra contra o Hamas), mas desmantelar a infraestrutura da milícia xiita libanesa estabelecida ao longo da fronteira de Líbano e Israel. Desta forma, o exército considera que será possível permitir aos cidadãos do país retornarem a suas casas. Entre 60 mil e 70 mil israelenses foram deslocados do extremo norte de Israel desde o início da guerra.
Apesar de publicamente o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter manifestado oposição a uma ofensiva terrestre no Líbano, o Pentágono emitiu comunicado apoiando a decisão israelense.
“Concordamos com a necessidade de desmantelar infraestrutura de ataque ao longo da fronteira de forma a garantir que o Hezbollah não possa conduzir ofensivas como a de 7 de Outubro contra as comunidades do norte de Israel”, escreveu o secretário de Defesa Lloyd Austin.
A partir de 8 de outubro, um dia após os ataques do Hamas às comunidades do sul do território israelense, o Hezbollah abriu uma outra frente do conflito, passando a disparar contra Israel em solidariedade ao Hamas. Foram mais de oito mil foguetes e mísseis disparados.
Os governos dos Estados Unidos e da França lideraram esforços na tentativa de encontrar soluções diplomáticas, mas não obtiveram sucesso. Israel passou então a eliminar as lideranças do Hezbollah, inclusive o líder do grupo, o xeque Hassan Nasrallah.
Israel também argumenta que objetivo da operação é colocar em prática a Resolução 1701 da ONU que encerrou a Segunda Guerra do Líbano, em 2006. A resolução determina que apenas as forças regulares libanesas e as tropas da ONU podem estar em território libanês abaixo do Rio Litani. Ou seja, o Hezbollah deveria se afastar para ao menos 30 quilômetros de distância da fronteira entre os dois países.