O Ministério da Saúde contabiliza mais de 2 milhões de casos de dengue no Brasil em 2024. Do total de 2.010.896 casos prováveis, 682 resultaram em morte – número que pode aumentar, uma vez que há ainda 1.042 mortes em investigação. De acordo com balanço divulgado pelo ministério, o coeficiente de incidência da doença está em 990,3 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.
Com 161.299 casos prováveis, o Distrito Federal é a unidade federativa com maior coeficiente de incidência (5.725,8). Em segundo lugar, está Minas Gerais, com coeficiente de incidência em 3.295; e 676.758 casos prováveis. Na sequência estão Espírito Santo (coeficiente em 1.982,5 e 75.997 casos prováveis; Paraná (coeficiente em 1.653,2 e 189.179 casos prováveis); e Goiás (coeficiente em 1.565,3 e 110.433 casos prováveis).
No Rio de Janeiro, o coeficiente de incidência está em 933,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Lá, já são 149.797 casos prováveis.
A unidade da federação com maior número de casos prováveis é São Paulo (379.222). O coeficiente registrado no estado, segundo o levantamento, é de 853,7 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.
Na Bahia
De acordo com os dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Sesab, 272 municípios da Bahia estão em estado de epidemia de Dengue. Outros 34 estão em risco e 7 em alerta.
Foram notificados 73.310 casos prováveis da doença até o dia 21 de março de 2024, com uma taxa de letalidade de 1,5, menor do que a média nacional.
Ao todo, foram confirmadas 20 mortes nos municípios de Jacaraci (4), Piripá (3), Vitória da Conquista (3), Santo Antônio de Jesus (2), Barra do Choça (1), Caetité (1), Campo Formoso (1), Feira de Santana (1), Ibiassucê (1), Irecê (1), Juazeiro (1) e Santo Estêvão (1).
Em meio à situação de epidemia de Dengue em Feira de Santana, que já registra mais de 2.300 casos prováveis da doença, o sistema de saúde local enfrenta uma sobrecarga significativa, exigindo medidas urgentes e robustas para conter o avanço da doença e proteger a população. Diante desse cenário, a Secretaria da Saúde do Estado Bahia (Sesab) e o Exército Brasileiro se mobilizaram, oferecendo apoio ao município a partir da cessão de equipamentos, insumos e até medicamentos para que a prefeitura implantasse tendas de hidratação.
A administração municipal de Feira de Santana não respondeu. Feira de Santana já contabiliza quase 150 casos graves da doença.
A Sesab também recomendou que o município ampliasse o horário de funcionamento dos postos de saúde, inclusive aos finais de semana e feriados, para assegurar a assistência aos pacientes com suspeita de dengue, além de instalar unidades de referência para acolhimento, notificação, coleta de amostras e referenciamento para unidade hospitalar, quando necessário.
Vitória da Conquista é outro município que enfrenta uma grave epidemia de dengue, registrando mais de 10 mil casos da doença. O Governo do Estado da Bahia solicitou que o município intensifique as ações de combate ao vetor e amplie o horário de funcionamento dos postos de saúde, inclusive aos finais de semana e feriados, para assegurar a assistência aos pacientes com suspeita de dengue.
Além disso, ofício direcionado à Prefeitura sugere a imediata instalação de unidades de referência para acolhimento, notificação, coleta de amostras e referenciamento para unidade hospitalar, quando necessário.
Além da dengue, quase 2 mil casos de chikungunya e zika foram também identificados, aumentando a urgência de uma resposta robusta e coordenada.
O Governo do Estado já destinou mais de R$ 19 milhões com iniciativas que incluem a aquisição de novos carros de fumacê e a distribuição de 12 mil kits para agentes de Combate às Endemias em toda a Bahia.
Em Vitória da Conquista, medidas específicas foram implementadas, como a liberação de veículos de fumacê, capacitação de profissionais e a instalação de 20 novos leitos de hidratação na UPA Estadual, demonstrando o compromisso do governo estadual em auxiliar o município.
Um recorde
Na quarta-feira (20), a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, destacou que os três primeiros meses de 2024 registram mais casos graves de dengue do que em todo o ano de 2023, quando foram contabilizados pouco mais de 1,6 milhão de casos. Naquele ano, a doença matou 1.094 pessoas. Há ainda 218 mortes sob investigação.
“Estamos tendo muito mais casos graves que no ano anterior”, disse, ao lembrar que, até então, na série histórica, 2023 havia sido o ano com maior número de casos graves da doença. “Temos muito mais pessoas chegando [com quadro] grave aos serviços de saúde. Esse é um importante ponto de alerta para nós”, acrescentou a secretária.
Na oportunidade, ela informou que o tempo médio entre o início dos sintomas e a notificação de caso de dengue é de quatro dias. O tempo médio entre o início dos sintomas e a internação também é de quatro dias. Já o tempo médio entre o início dos sintomas e a morte é de seis dias, enquanto o tempo médio entre o início dos sintomas e os sinais de gravidade é de cinco dias.
“O quarto dia tem sido um alerta de que as pessoas podem agravar [o quadro de saúde]. Então, um monitoramento que faça com que essa pessoa volte no quarto dia da doença pode salvar muitas vidas”, destacou Ethel Maciel.
Recursos
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou na quarta-feira (20) um repasse de R$ 300 milhões a estados e municípios para a compra de soro e demais medicamentos necessários no manejo clínico da dengue.
Dados da pasta apontam que, atualmente, 23 unidades federativas registram incidência da doença, cada uma com variações importantes.
“Um tema muito importante são os medicamentos para dengue. Soro e outros medicamentos que são utilizados para salvar vidas, abordagem clínica, evitar os casos graves em tratá-los da maneira adequada”, disse a ministra, em entrevista coletiva no Ministério da Saúde.
“Estamos destinando, em portaria publicada hoje, R$ 300 milhões para estados e municípios fazerem especificamente a aquisição desses medicamentos”, completou.