O site do ministério da Saúde foi invadido nesta sexta-feira, 10, e saiu do ar. A plataforma do ConecteSUS, que exibe dados de vacinação, foi atingida. Outros sites do ministério também foram alvos, como DataSUS e Painel Coronavírus.
Parlamentares se manifestaram sobre o ataque ainda na manhã desta sexta-feira. "Gravíssimo! O suposto ataque hacker ao sistema do ConecteSUS e servidores do Ministério da Saúde fez com que os registros de vacina desaparecessem. Ação criminosa para atacar a certidão de vacinação. Que se investigue imediatamente quem está por trás disto!", escreveu a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), em publicação no Twitter
O deputado federal Bohn Gass (PT-RS) também se manifestou pelo Twitter: "exigimos que a Polícia Federal receba todo o aporte necessário para que possa, no menor tempo possível, identificar os hackers que invadiram o sistema do ConectSus. É muito estranho que isso aconteça no exato momento em que o governo federal rejeita o passaporte vacinal", escreveu o parlamentar.
A Polícia Federal (PF) e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foram acionados nesta sexta-feira, 10, para investigar o ataque hacker sofrido pelo Ministério da Saúde na madrugada. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que os dados não serão perdidos e que atua para restabelecer o sistema. "É um prejuízo muito grande. São pessoas criminosas, nós esperamos encontrá-las e punir exemplarmente. Mas esses dados não serão perdidos, o Ministério da Saúde tem todos os dados, é só uma questão de resgatar esses dados e colocá-los à disposição da sociedade", afirmou o ministro à TV Globo em Belo Horizonte, onde cumpre agenda oficial.
A invasão tirou do ar dados de vacinação contra a covid-19 de usuários que acessam a plataforma ConecteSUS. Em Minas Gerais, onde visitou hospitais, Queiroga afirmou ainda que o "empenho total é para esses dados estarem disponíveis no mais curto prazo possível".
O site do Ministério da Saúde foi invadido durante a madrugada e saiu do ar. Além do ConecteSUS, plataformas como o e-SUS Notifica e o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) também foram atingidas. Um grupo identificado como Lapsus$ Group assumiu a autoria do ataque cibernético. Até as 10h30 desta sexta, o site da Saúde não havia voltado ao ar.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que o "incidente" comprometeu "temporariamente alguns sistemas da pasta". "O Departamento de Informática do SUS (Datasus) está atuando com a máxima agilidade para o reestabelecimento das plataformas", afirmou a Saúde.
Ao tentar acessar o portal da pasta na madrugada, os usuários encontraram o recado: "Os dados internos dos sistemas foram copiados e excluídos. 50 TB (Terabyte) de dados está (sic) em nossas mãos." No topo da página, havia um aviso de "ransomware" (software intencionalmente feito para causar danos a um servidor). Ou seja, está tendo a restrição do acesso ao sistema, infectado com uma espécie de bloqueio. Além disso, os responsáveis pediam para que fosse feito um contato através de uma conta do Telegram ou e-mail, "caso queiram o retorno dos dados".
Nas redes sociais, há diversos relatos de pessoas preocupadas com o desaparecimento de seus dados no Conecte SUS. Ao tentar se conectar ao aplicativo, usuários se depararam com uma mensagem de erro e não conseguiram acessar os dados de vacinação da covid-19, já que a plataforma é responsável por emitir o certificado de imunização.
Atualmente, o documento é exigido para ter acesso a diversos eventos pelo Brasil, como shows, jogos de futebol e restaurantes, além de ser obrigatória para viagens ao exterior.
Viajantes
As novas regras sanitárias para entrada no País por via aérea, que passariam a valer neste sábado, 11, serão postergadas por sete dias e terão validade só a partir do próximo sábado, informou nesta sexta-feira a jornalistas o secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz. A decisão foi tomada após o ataque hacker sofrido pela pasta nesta manhã e será oficializada em portaria a ser publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) ainda hoje.
Um ataque hacker tirou do ar nesta sexta-feira a plataforma ConectSUS, que armazena os dados de vacinação no País. Pelas novas regras estabelecidas pelo governo, que agora devem entrar em vigor só no dia 18 de dezembro, quem não desejar fazer quarentena de cinco dias ao chegar ao Brasil deverá comprovar vacinação completa contra a covid-19. Todos os viajantes, no entanto, ainda devem apresentar teste RT-PCR negativo para o novo coronavírus feito 72 horas antes ou teste de antígeno negativo feito 24 horas antes.
"Estive na Casa Civil. A gente vai postergar a vigência da portaria que trata das fronteiras, em especial aqueles itens que falam sobre apresentação do certificado de vacinação ou cumprimento da quarentena", disse Cruz em frente ao Ministério da Saúde. "Nosso objetivo é não prejudicar quem já está em viagem. Por precaução, vamos publicar uma portaria hoje postergando por sete dias o início da vigência das regras que estão postas", acrescentou o secretário executivo, que, no entanto, não quis se estender sobre a invasão cibernética criminosa. "A gente não pode dar detalhes. PF e GSI estão investigando o caso", limitou-se a dizer.
Mais cedo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, garantiu que os dados da pasta armazenados nos sistemas não serão perdidos com o ataque hacker.