A próxima Black Friday deve desapontar o consumidor que espera o ano inteiro para realizar um desejo de consumo. É o que prevê o professor Ulysses Reis, especialista em varejo da Strong Business School. Segundo ele, esta será a pior Black Friday de todos os tempos e indica os motivos.
Falta produto, porque as empresas não tem grandes estoques para uma grande promoção. Os produtos tecnológicos, que são a preferência do consumidor brasileiro, não tiveram grande produção por causa da falta de chips no mercado mundial. Os preços dos produtos, principalmente chineses, tiveram aumento médio de 15%, os empresários brasileiros não vão abrir mão de uma margem de lucro e, por isso, os descontos serão menores.
A falta de estoque, segundo professor, também se deve ao medo dos empresários com o encalhe de mercadorias que estão cada vez mais caras. Todo o sistema produtivo sentiu a falta de matéria prima, principalmente vinda da China que, além da pandemia com as fábricas fechadas, também sofreu com a falta de água. Além disso, falta até mesmo embalagem. “Não se retoma o nível produtivo da noite para o dia. A normalidade deve acontecer apenas no segundo semestre de 2022”, afirma o professor.
Ulysses analisa que, este ano, as liquidações foram boas no primeiro semestre, porque os empresários não acreditaram na retomada das vendas. Só nos primeiros 3 meses de 2021, houve um aumento de 57,5% nas vendas pela internet. A estimativa é ainda melhor até o fechamento do ano com a possibilidade de um aumento de 72,2% em relação a 2020, segundo estimativas da ABComm (Associação Brasileira de E-commerce).
Para o professor, também a indústria não acreditou na retomada e esse erro estratégico se somou a vários equívocos globais. Por exemplo, a migração do home office. Muitos consumidores investiram em novos computadores, cadeiras, mobiliário de escritório. A indústria também investiu em criar novos produtos nesse segmento. Mas as vendas no varejo e a produção foram exauridas. A própria indústria investia em tecnologia melhor para atender esse novo conceito de trabalho em casa. “E vai levar um tempo até que a produção atenda a demanda reprimida. A escassez de produtos atinge o mundo inteiro.
As vendas do Dia do Solteiro, que acontece no dia 11 de novembro, na China, é a maior campanha de descontos do mundo vendeu cerca de 139 bilhões de dólares em 24 horas de apenas 2 grandes sites de compras, este ano não teve promoções tão volumosas quanto em anos anteriores.
O professor acompanhou a maior Black Friday do mundo, que acontece na China, e encontra similaridade com a nossa campanha anual de descontos. O especialista afirma que houve um aumento de vendas, mas foi menor que o esperado pelos sites chineses.
Ulysses Reis diz que houve um suspiro do varejo no primeiro semestre e quem aproveitou fez economia, mas a falta de produto, por causa de um baixo estoque, vai representar menos ofertas na Black Friday. “Talvez os preços não sejam interessantes. Acredito que, em termos de queda de valores, será a pior Back Friday dos últimos 6 anos“, afirma o especialista.
A explicação está nos baixos estoques. Preocupados que os produtos possam encalhar, os empresários compraram menos porque a logística também ficou mais cara. O frete para trazer produtos da China, o maior fornecedor para o Brasil , nos últimos 2 anos teve um aumento de 300%, Os contêineres que trazem os produtos para o porto de Santos, passaram de 2 mil para 10 mil dólares em apenas 1 ano.
O professor afirma que não se pode comparar a Black Friday com vendas online. Essas cresceram 41%, com 13 milhões de novos adeptos no ano passado.
O especialista em varejo acredita que, este mês, as pessoas vão consumir porque o apelo publicitário é muito forte, mas não terão a vantagem promocional dos últimos anos.