
Rio na floresta amazônica
O Reino Unido liderou uma série de anúncios de financiamento para eliminar e reverter o desmatamento na Amazônia e outros biomas brasileiros. Os investimentos incluem um reforço em iniciativas já existentes, como o Financiamento International sobre o Clima (ICF) e a Coalizão LEAF.
Os anúncios fazem parte de um pacote sem precedentes de compromissos econômicos e políticos para acabar com o desmatamento em todo o mundo, assinado por mais 100 líderes mundiais durante a COP26. Os montantes chegam a US$ 12 bilhões (quase R$ 70 bilhões) em financiamento público, além de US$ 7,2 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões) de investimento privado.
As florestas absorvem cerca de um terço do CO2 global liberado da queima de combustíveis fósseis todos os anos, mas estamos perdendo-as em uma velocidade alarmante. Uma área de floresta do tamanho de 27 campos de futebol é perdida a cada minuto.
“Este conjunto de financiamentos é uma iniciativa sem precedentes. Aliada ao compromisso dos líderes mundiais, representa um grande sucesso que envolve empresas, instituições financeiras e bancos multilaterais de desenvolvimento. As florestas têm um importante papel de regulação do clima no planeta além de apoiar comunidades, subsistência e produção de alimentos. Nosso futuro depende deste comprometimento”, afirma o Embaixador britânico no Brasil, Peter Wilson.
Os governos que representam 75% do comércio global de commodities que podem ameaçar florestas – como óleo de palma, cacau e soja – também assinarão uma nova Declaração de Florestas, Agricultura e Comércio de Commodities (FACT).
Os 28 governos, incluindo o Brasil, estão se comprometendo com um conjunto comum de ações para fornecer comércio sustentável e reduzir a pressão sobre as florestas, incluindo apoio aos agricultores familiares e melhoria da transparência das cadeias de suprimentos.
Brasil apoia
O governo brasileiro manifestou nesta terça-feira (2) seu apoio à declaração internacional de líderes mundiais para preservar as florestas e reduzir o desmatamento e a degradação dos solos até 2030. O anúncio faz parte de acordo realizado durante a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, na Escócia.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, atualmente, quase um quarto (23%) das emissões mundiais de gases de efeito estufa (GEEs) vem da agricultura e da indústria madeireira. Juntos, os mais de 100 países signatários do compromisso histórico, como Rússia, Estados Unidos, China, Austrália e França, concentram mais de 85% das florestas do mundo, uma área superior a 21 milhões de quilômetros quadrados.
O anúncio da “Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso do Solo” aconteceu em evento convocado pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, com participação do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e da presidente da Comissão da União Europeia (EU), Ursula von der Leyen, e prevê o equivalente a cerca de R$ 108 bilhões em financiamento público e privado.
Parte dos recursos virá de financiamento por 12 países – como Estados Unidos, Reino Unido, Noruega, Alemanha, Coreia do Sul, integrantes da União Europeia, Canadá e Japão –, com cerca de R$ 68 bilhões previstos até 2025. O objetivo é apoiar iniciativas em países em desenvolvimento, incluindo a restauração de terras degradadas, o combate a incêndios florestais e o apoio aos direitos das comunidades indígenas.
Já o setor privado – representado na COP26 por CEOs de mais de 30 instituições financeiras – responderá por mais R$ 41 bilhões em financiamentos. Desse total, R$ 17 bilhões devem ir para a iniciativa Finanças Inovadoras para a Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC, na sigla em inglês), visando a promover a produção de soja e gado sem desmatamento na América Latina. Dirigentes dessas instituições também irão se comprometer a não investir mais em atividades ligadas ao desmatamento.
Declaração
A declaração conjunta será adotada por mais de 100 países onde se situam 85% das florestas mundiais, entre elas, a floresta boreal do Canadá, a Floresta Amazônica e a floresta tropical da bacia do Congo. O objetivo da iniciativa é limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial.
Os signatários também reafirmam seus compromissos com o Acordo de Paris e outros tratados internacionais na área ambiental. Além disso, reconhecem que, para se chegar às metas de desenvolvimento sustentável, serão exigidos mais esforços de integração entre produção, consumo, infraestrutura, comércio, finanças e investimentos.
A declaração menciona ainda o apoio a produtores rurais, povos indígenas e comunidades que dependem desses biomas para sua sobrevivência – uma população estimada em cerca de 1,6 bilhão de pessoas em todo o mundo.