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Dia das Crianças: comércio espera queda de 4,7% nas vendas em 2021

O mês do Dia das Crianças indica ainda um cenário desafiador para as vendas

Foto: La-Rel Easter/Unsplash/Creative Commons
As lojas de brinquedos e artigos esportivos foram as pesquisadas

O comércio se prepara para mais uma data comemorativa importante, o Dia das Crianças, no dia 12 de outubro. Embora não seja possível uma análise dos números específicos do evento, a Fecomércio-BA projetou as vendas para o mês de outubro dos setores varejistas mais sensíveis a data para captar a tendência do período.

Os cinco setores analisados foram: vestuário, eletroeletrônicos, supermercados, farmácias e “outras atividades”, que contempla as lojas de brinquedos e artigos esportivos, por exemplo.

De acordo com o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, no próximo mês, as vendas desses segmentos devem cair, em média, 4,7% na comparação com igual período do ano passado. Porém, o resultado deve ser assimétrico, com três setores no positivo e dois no negativo.

“A alta anual projetada que ganha destaque é a do setor de roupas e calçados, de 8,7%. Tradicionalmente são produtos mais procurados para dar de presente para as crianças. E quem for ao comércio para comprar uma roupa infantil vai encontrar preços mais baratos do que no ano passado”, destaca Dietze.

Segundo o índice de inflação, o IPCA, específico da RMS, o subgrupo roupa infantil registrou queda média nos preços de 4,95% nos últimos 12 meses. Já o grupo Outras Atividades deve registrar aumento no mês de outubro de 3,3% em relação a igual período do ano passado.

“São vários os setores incluídos no grupo, desde combustíveis para veículos, joalherias, mas têm também as lojas de brinquedos que são destaques para o evento. Os preços médios dos brinquedos subiram 4,43% em um ano, abaixo da inflação geral da região, de 8,59%, o que torna também uma possibilidade de gastar menos” pontua o economista.

No entanto, quem pensar em comprar uma bicicleta em uma loja de artigo esportivo pode preparar o bolso. A média de preço subiu 14,84% desde setembro do ano passado.

Para o consultor econômico, o segmento de Farmácias e Perfumarias tende a crescer 1,8% no contraponto anual. “Embora pareça uma variação menor, é importante ressaltar que a base de comparação é alta, pois no ano passado houve forte aumento nas vendas. Quem deseja comprar fralda descartável para bebês, por exemplo, pode aproveitar o avanço menor dos preços de 1,70%, em um ano”, aponta Guilherme.

No sentido inverso, devem registrar quedas os setores de eletroeletrônicos e de supermercados. O primeiro sofre o efeito estatístico de uma base muito elevada de comparação, mas deve registrar queda de 20% em relação a outubro de 2020. O cenário para o setor não é ruim porque se comparado com igual período de 2019 há elevação no faturamento de 17,9%.

“A variável que pode dificultar as vendas do segmento é o aumento dos preços. Os aparelhos eletrônicos em geral subiram, em 12 meses, 9,51%. Os videogames (console) sobem quase 19% no Brasil, não havendo esse dado específico da RMS. São produtos importados ou com componentes trazidos do exterior e que sofrem influência direta da desvalorização do real”, comenta Dietze.

E por fim, os supermercados que devem registrar queda, em outubro, de 4,5%. “Pode não ser um presente direto, mas muitas famílias preparam algum tipo de festejo com comida e bebida. Mas quem pensa em fazer

algum banquete também precisa preparar o bolso, pois alimentação no domicílio, que são os produtos comprados nos supermercados, teve aumento médio de 14,95% nos preços em um ano e alimentação fora do domicílio com uma variação bem menor, de 4,26%.

Para quem junta uma ida ao restaurante com recreação não vai encarar um impacto tão significativo, uma vez que esse segundo item registrou aumento médio de 3,39% nos preços, em 12 meses.

Portanto, o economista destaca que o mês do Dia das Crianças indica ainda um cenário desafiador para as vendas com diferença de comportamento setorial. “A inflação segue restringindo o poder de compra das famílias e sobra pouco no final do mês. A dica para quem está com o orçamento apertado é buscar algo simples para presentear, ou elaborar alternativa mais recreativa, pois não há espaço para se endividar mais com um quadro de incertezas”, aponta Dietze.