A conclusão do FMI-Fundo Monetário Internacional é que o desempenho econômico brasileiro tem sido melhor que o esperado, recuperando-se no nível anterior à crise do coronavírus. A projeção é de que o PIB real cresça 5,3% em 2021 e que a inflação tenha queda contínua até o final de 2022.
A diretoria do FMI também destacou que o Governo adquiriu doses suficientes para inocular a população adulta em 2021, ressaltou o impulso das reformas institucionais e o papel que o teto de gasto desempenhou na manutenção da confiança do mercado, manifestando apoio à reforma tributária e ao aperto contínuo da política monetária no enfrentamento da inflação.
"O PIB recuperou seu nível pré-pandêmico em 2021T1 e o ímpeto continua favorável, apoiado por termos de troca em expansão e crescimento robusto do crédito ao setor privado", diz o relatório do FMI.
Para o Fundo Monetário Internacional, um mercado de trabalho em melhoria e altos níveis de poupança das famílias apoiarão o consumo e, à medida que as vacinações continuarem, a demanda reprimida retornará por serviços pessoais.
"Os estoques esgotados serão reconstruídos e a alta nos preços das commodities apoiará novos investimentos. A inflação deverá cair continuamente dos picos recentes em direção ao ponto médio do intervalo da meta até o final de 2022. Depois de saltar para 99% do PIB em 2020, a dívida pública deverá cair drasticamente para 92% do PIB em 2021 e permanecer em torno desse nível no médio prazo."
Embora reconhecendo que a incerteza quanto às perspectivas "é excepcionalmente alta", o relatório considera os riscos para o crescimento como "amplamente equilibrados".
Os principais desafios
De acordo com as conclusões do relatório, o mercado de trabalho está atrasado em relação à recuperação da produção e a taxa de desemprego é elevada, especialmente entre jovens, mulheres e negros. As transferências emergenciais de dinheiro acabarão expirando e, na ausência de um fortalecimento permanente da rede de proteção social, a pobreza e a desigualdade podem se agravar. Os riscos fiscais de curto prazo são baixos, mas o alto nível da dívida pública continua a representar riscos de médio prazo.
Os diretores do FMI concordaram que a política fiscal deve se concentrar em reconstruir os amortecedores e reduzir a rigidez orçamentária para criar espaço para investimento público e uma rede de segurança social mais forte. "O limite máximo da despesa desempenhou um papel importante na manutenção da confiança do mercado e o cumprimento continuado da regra é necessário para reduzir a dívida pública. Uma reforma tributária abrangente deve ter como objetivo aumentar a progressividade, simplificar o sistema e melhorar a alocação de recursos. A reforma tributária deve incluir um plano ousado para reduzir as despesas fiscais para antecipar os benefícios à equidade e à eficiência."