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Escravidão contemporânea é tema de novo livro de Leonardo Sakamoto

O sistema brasileiro de combate à escravidão contemporânea completa 25 anos em 2020

Foto: Divulgação
Literatura
Os capítulos foram escritos por alguns dos principais especialistas estrangeiros e brasileiros

O sistema brasileiro de combate à escravidão contemporânea completa 25 anos em 2020. Nesse período, mais de 54 mil pessoas foram resgatadas por grupos de fiscalização móvel, fruto de atendimento a denúncias ou de investigações. 

Para explicar o fenômeno, como ele se insere no Brasil e no mundo, o que tem sido feito para erradicá-lo e por que é tão difícil combatê-lo, o jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto, considerado referência no tema, organizou o livro "Escravidão Contemporânea".

Os capítulos foram escritos por alguns dos principais especialistas estrangeiros e brasileiros, entre eles:

• Kevin Bales, professor na Universidade de Nottingham, no Reino Unido e maior referência mundial no tema, mostra a relação entre escravidão e mudanças climáticas;
 

• Mike Dottridge, ex-diretor da Anti-Slavery International, a mais antiga ONG do mundo, que contou a história da proibição moderna da escravidão;
 

• Siobhán McGrath, professora na Universidade de Durham, que mostra como o crime é um negócio lucrativo em cadeias de produção globais.
 

• Ricardo Rezende Figueira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica como a escravidão contemporânea sobreviveu à Lei Áurea.
 

• Xavier Plassat, frei dominicano que atua há 35 anos atendendo vítimas do trabalho escravo na Amazônia, traz dados sobre o perfil dos sobreviventes.
 

Todo ano, milhares de pessoas são traficadas e submetidas a condições desumanas de serviço e impedidas de romper a relação com o empregador em diversos lugares, como áreas de desmatamento ilegal, carvoarias, fazendas de gado, soja, café e laranja, oficinas de costura, canteiros de obras, entre outras atividades. 

Não raro, são proibidas de se desligar do trabalho até concluírem a tarefa para a qual foram aliciadas, sob ameaças que vão de torturas psicológicas a espancamentos e assassinatos. De acordo com as Nações Unidas, há mais de 40 milhões de pessoas nessa situação em todo o mundo, gerando um lucro anual de 150 bilhões de dólares.

O livro de Leonardo Sakamoto é uma obra necessária, ferramenta para uma das mais importantes batalhas de nosso tempo. Afinal, enquanto qualquer ser humano for vítima de trabalho escravo, a humanidade não será, de fato, livre.

O organizador - Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política pela USP. É conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão, desde 2014, e foi comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York. É diretor da Repórter Brasil, organização voltada ao combate à escravidão, e colunista do portal UO