Política

Centrão acelera discussões para encontrar rival de Lula em 2026

Aumenta a pressão sobre Tarcísio de Freitas para que aceite disputar a sucessão presidencial

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A prisão de Jair Bolsonaro neste sábado (22) intensificou as articulações no Centrão para definir um nome à disputa presidencial de 2026. Tarcísio de Freitas é o preferido, apesar de resistências. A oposição busca apoio de Bolsonaro, visto como essencial para transferência de votos e possível anistia.

A prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL), no sábado (22), intensificou os esforços do Centrão para definir um nome que dispute a Presidência da República contra Lula em 2026. Segundo a Gazeta do Povo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o favorito entre lideranças de União Brasil, PP, PSD e Republicanos.

Desde que Bolsonaro passou à prisão domiciliar em agosto, dirigentes partidários, empresários e representantes do mercado financeiro intensificaram a pressão sobre Tarcísio de Freitas para que aceite disputar a sucessão presidencial. Embora o governador manifeste preferência por buscar a reeleição em São Paulo, considerada praticamente garantida, cresce a mobilização para que ele assuma a liderança da oposição nacional.

A insatisfação com a política econômica atual, marcada por juros elevados, e os impactos das sanções dos Estados Unidos contra o Brasil têm motivado esses setores a buscar uma alternativa de governo. Tarcísio é visto como figura capaz de recompor laços diplomáticos com Washington e atrair investimentos internacionais.

Um dos principais entraves à candidatura de Tarcísio é a própria família Bolsonaro. O ex-presidente pretende incluir um de seus filhos na chapa presidencial. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é o mais cotado, já que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) enfrenta processo no STF por suposta influência sobre o governo americano para sancionar o ministro Alexandre de Moraes. Além disso, Eduardo é responsabilizado por parte do Centrão pela sobretaxa de 50% imposta pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos brasileiros – medida que, embora parcialmente revogada, ainda afeta as exportações nacionais.

Outros nomes do Centrão são cogitados como possíveis vices de Tarcísio. Entre eles, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro. Também são citados os governadores Ratinho Júnior (Paraná), Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais), que avaliam a possibilidade de integrar a chapa.

A nova prisão de Bolsonaro, em cela especial da Polícia Federal, deve dificultar ainda mais os contatos políticos. As visitas ao ex-presidente dependem de autorização prévia do ministro Alexandre de Moraes, com data e horário definidos. Relatos de aliados apontam que Bolsonaro tem apresentado apatia e problemas de saúde relacionados às sequelas da facada sofrida em 2018.

A perspectiva de cumprimento de pena prolongada por parte de Bolsonaro é considerada concreta, especialmente diante da resistência no STF à aprovação de uma anistia. Moraes e outros ministros já indicaram que uma eventual lei nesse sentido pode ser declarada inconstitucional. Diante disso, lideranças do Centrão avaliam que o apoio de Bolsonaro a um nome da oposição depende da promessa de empenho pela aprovação e sustentação da anistia no Congresso e no Supremo.

Para os dirigentes do Centrão, a participação ativa de Bolsonaro na campanha de 2026 é crucial para garantir a transferência de votos. Sua “bênção” é vista como essencial para consolidar um nome de consenso no campo oposicionista.

União Brasil e PP, que recentemente deixaram a base governista e passaram à oposição, ainda mantêm influência no Executivo. Dois ministros ligados às siglas seguem nos cargos: André Fufuca (Esportes), do PP, e Celso Sabino (Transportes), do União Brasil. Ambos estão afastados das funções partidárias, e Sabino é alvo de processo interno que pode resultar em sua expulsão.

Apesar do reposicionamento político, o Centrão ainda controla parcelas expressivas do Orçamento federal, por meio de emendas parlamentares, além de manter indicações estratégicas em estatais e órgãos públicos. Exemplo disso são Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, e Alexandre Silveira (PSD-MG), ministro de Minas e Energia.

O Partido Liberal (PL), por sua vez, deve ser o mais impactado pela prisão de Bolsonaro. Diversos parlamentares da legenda foram eleitos em 2022 com apoio direto do ex-presidente, e a ausência de sua presença ativa nas campanhas futuras pode dificultar a reeleição de muitos. Ainda assim, a defesa de Bolsonaro como “mártir” e a promessa de lutar por sua libertação e pela dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 podem servir como plataformas eleitorais.

Além disso, o impeachment de Alexandre de Moraes tende a se tornar uma das principais bandeiras para candidatos ao Senado nas próximas eleições.