
O som de picaretas se chocando contra a rocha ecoa pelas paredes de uma caverna da Transilvânia, na região central da Romênia. No fundo de um buraco quadrado de quase três metros de profundidade, o arqueólogo Gustavo Neves de Souza, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), contempla um pedaço de osso que está agarrado ao sedimento da parede escavada à sua frente. Ele usa um pincel e uma espátula de madeira para cavoucar o sedimento no entorno do osso, tornando sua anatomia cada vez mais visível. Pelo que se pode ver, segundo os paleontólogos locais, trata-se do úmero — osso do braço — de um urso-das-cavernas pré-histórico.
O cientista segue cavoucando, até que o osso finalmente se solta. “Saiu o bichão”, anuncia Souza, para os colegas brasileiros que aguardam por notícias “na superfície”. O osso tem cerca de 30 centímetros e representa a parte mais distal do úmero, que se articula com os ossos do antebraço para formar o cotovelo. Cerca de 42 mil anos atrás — idade aproximada do sedimento no qual ele estava enterrado — aquele osso era parte do braço de uma espécie extinta de urso (Ursus spelaeus), que, muito provavelmente, competia por espaço naquelas cavernas da Romênia com os primeiros seres humanos anatomicamente modernos (Homo sapiens) que chegaram ao continente europeu durante o Paleolítico Superior (50 mil anos a 12 mil anos a.C.), e com nossos parentes neandertais (Homo neanderthalensis), que já viviam ali há dezenas de milhares de anos.
Realizada entre julho e agosto deste ano, a escavação era parte de um projeto liderado pelos professores Walter Neves, do Núcleo de Pesquisa e Divulgação em Evolução Humana do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, e André Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, em parceria com pesquisadores romenos, com o intuito de procurar por ossos de neandertais nas cavernas da Garganta do Vârghi, um cânion verdejante à margem dos Montes Cárpatos, na região central do país. A Romênia é vista como um lugar estratégico para o estudo da história dos neandertais e da interação deles com o Homo sapiens. Há várias evidências, arqueológicas e genéticas, de que as duas espécies conviveram e acasalaram naquela região do Leste Europeu entre 50 mil e 40 mil anos atrás; e as cavernas eram lugares frequentemente usados como abrigo por ambas.
“O leste da Europa, em especial a região dos Balcãs, é um hotspot para procurar essas duas espécies convivendo; por isso nós fomos para lá”, justifica Neves. A equipe brasileira passou 18 dias em campo, escavando duas grutas romenas: uma chamada Ttarului, de onde saiu o osso de urso, e outra conhecida apenas como Petera 1 (Caverna 1, em romeno), que também rendeu diversos vestígios paleontológicos.
Cientistas trabalham na Petera 1, uma das cavernas escavadas pela equipe brasileira na Romênia. No centro está o professor André Strauss, do MAE-USP; e à direita dele, o professor Giancarlo Scardia, do IGCE da Unesp - Foto: Herton Escobar / USP Imagens
Pesquisadores romenos, liderados por Marian Cosac e George Muratoreanu, da Universidade Valahia de Târgovite, trabalham na Garganta do Vârghi desde 2014 e já desenterraram dezenas de ferramentas de pedra lascada da chamada “indústria musteriana” (típica dos neandertais), encontradas ao lado de fragmentos de ossos de ursos, leões, veados, rinocerontes peludos e outros animais extintos que habitavam a região naquele período. Outros grupos, trabalhando em outras regiões da Romênia, já encontraram três crânios de Homo sapiens antigos, contendo traços genéticos e morfológicos de neandertais, que reforçam a tese da miscigenação interespécies.
Apesar de todas essas evidências, porém, ninguém até hoje achou um osso de neandertal propriamente dito na Romênia. Foi na esperança de preencher essa lacuna que Neves firmou uma parceria com Cosac e Muratoreanu para expandir as escavações na Garganta do Vârghi, que tem mais de 120 cavernas espalhadas pelas encostas de um pequeno cânion verdejante de rocha calcária, com quatro quilômetros de extensão. “Era como se fosse um condomínio fechado da época, onde os hominínios ocupavam várias cavernas, fácil de se defender e no meio de uma área de caça”, avalia o geólogo Giancarlo Scardia, professor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, que participa do projeto.
Muitas dessas cavernas hoje são de difícil acesso, localizadas em escarpas íngremes, dezenas de metros acima do leito do Rio Vârghi. Scardia destaca, porém, que o vale está dentro de uma região geologicamente ativa, e que dezenas (ou centenas) de milhares de anos atrás, quando os neandertais começaram a se instalar ali, a profundidade do cânion era menor e o acesso às cavernas, mais fácil. A entrada principal da Ttarului, por exemplo, hoje está 36 metros acima do leito do rio, mas os pesquisadores acreditam, com base no padrão de deposição dos materiais encontrados, que à época em que aqueles ossos foram depositados ali o rio ainda corria por dentro da caverna.
A gruta tem um formato peculiar, com dois túneis paralelos e bem arredondados, parecidos com uma traqueia humana, atravessando um pico de calcário de ponta a ponta, bem no centro do cânion. As extremidades são abertas, permitindo a entrada de bastante luz; mas a vista do vale abaixo é bloqueada por um paredão de árvores. A caverna é aberta à visitação pública e vários turistas passavam para espiar o trabalho dos pesquisadores. O Jornal da USP acompanhou in loco os últimos três dias de escavação, com apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP.
Os neandertais (Homo neanderthalensis) representam uma linhagem extinta de hominínios, que derivaram de um ancestral comum com os seres humanos anatomicamente modernos (Homo sapiens) cerca de 500 mil anos atrás.
Enquanto a linhagem que daria origem ao Homo sapiens se desenvolveu na África, adaptada a paisagens tropicais e um clima predominantemente quente, a linhagem que deu origem ao Homo neanderthalensis se desenvolveu principalmente na Europa e na Ásia Ocidental, adaptada ao clima frio e aos terrenos montanhosos da região, conhecida como Eurásia. Consequentemente, os neandertais desenvolveram uma anatomia diferenciada: eram mais baixos, mais corpulentos e tinham um crânio mais alongado do que os seres humanos modernos. Os neandertais também sabiam usar o fogo, produziam ferramentas de pedra e tinham expressões artísticas.
Apesar disso, eles desaparecem do registro fóssil cerca de 40 mil anos atrás. Cientistas acreditam que sua extinção tenha resultado de uma combinação de fatores; entre eles, a competição com o Homo sapiens, que surgiu na África cerca de 300 mil anos atrás e começou a ocupar a Eurásia entre 70 mil e 50 mil anos atrás.
No tempo em que conviveram, as espécies também acasalaram: pesquisas indicam que entre 1% e 4% do genoma de todas as pessoas de origem não africana que habitam o planeta hoje foi herdado de neandertais. Mas há muitas dúvidas, ainda, sobre como essas interações ocorreram e até que ponto elas influenciaram, ou não, a evolução do Homo sapiens.
Essa é uma das questões que a pesquisa brasileira busca elucidar, com apoio dos colegas romenos. Várias espécies de hominínios surgiram ao longo dos milhões de anos de história da evolução humana, mas apenas o Homo sapiens sobreviveu, dando origem a todos os seres humanos “modernos” existentes hoje.
Pesquisas arqueológicas sobre os neandertais não podem ser feitas em território brasileiro, porque a única linhagem de seres humanos que chegou ao continente americano foi a do próprio Homo sapiens, entre 14 mil e 30 mil anos atrás.
O primeiro esforço de escavação na Ttarului, realizado em agosto de 2024, chegou a dois metros de profundidade e não rendeu nenhum achado arqueológico. A frustração foi tão grande que os cientistas brasileiros voltaram para casa decididos a não continuar escavando no local em 2025. Essa posição foi revista alguns meses depois, porém, após análises mostrarem que o fundo do poço de escavação tinha 42 mil anos de idade — justamente a janela temporal que os pesquisadores queriam investigar, que é quando teria ocorrido a interação entre os primeiros seres humanos modernos chegados da África e os últimos neandertais do Leste Europeu, entre 50 mil e 40 mil anos atrás.
Ao retornar à Romênia neste ano, portanto, a equipe resolveu aprofundar as escavações na caverna, e não se arrependeu. Logo nos primeiros dias, começaram a encontrar mais vestígios paleontológicos, incluindo fragmentos de ossos de animais com possíveis marcas de corte e outros possíveis indícios de manipulação por seres humanos (que ainda precisam ser confirmados por análises em laboratório). Ao todo, incluindo o úmero de urso, foram encontrados 62 ossos ou fragmentos de ossos de fauna na Ttarului, pelo menos três deles com indícios de manipulação humana.
Cerca de metade desse material foi trazido para o Brasil para ser submetido a análises mais detalhadas. O primeiro passo, já concluído, foi produzir modelos digitais e tridimensionais de cada peça, usando técnicas de microtomografia — que permitem enxergar não só as feições externas mas também internas do material, em altíssima resolução.
Essas réplicas digitais servirão para examinar as marcas identificadas em alguns ossos, com o intuito de definir se elas realmente são marcas de corte (feitas por seres humanos que se alimentaram daqueles animais) ou marcas deixadas por dentes de predadores, choques com rochas ou outros processos naturais.
Ao mesmo tempo, servirão para preservar uma cópia íntegra das peças que precisarão ser destruídas (pulverizadas) para análises de composição química e datação por radiocarbono dos materiais.
“Muitas das análises que a gente faz hoje, no âmbito da chamada antropologia molecular, são análises que implicam na destruição — ainda que parcial — das amostras; particularmente do material ósseo”, explica Strauss, professor do MAE e cocoordenador do Laboratório de Arqueologia e Antropologia Ambiental e Evolutiva (LAAAE) da USP. “Por isso a gente sempre tenta fazer a microtomografia primeiro, para manter um registro completo dessas peças.”
Os pesquisadores também coletaram amostras do sedimento antigo das cavernas — extraído das mesmas camadas em que os ossos foram encontrados — para investigar a possível presença de material genético humano. “Mesmo em depósitos onde você não encontra fósseis, se essas espécies [Homo sapiens ou Homo neanderthalensis] estiveram presentes naquele ambiente, a antropologia molecular consegue, potencialmente, identificar a presença delas”, afirma Strauss, que é especialista em DNA antigo. “Basta você ter um pouquinho de terra que você pode, potencialmente extrair DNA ou proteína. Só que você precisa ter a terra do período certo.”
A análise dos sedimentos da Ttarului já foi concluída e não identificou a presença de nenhum DNA humano ou hominínio (isso não quer dizer, necessariamente, que seres humanos e neandertais nunca habitaram a caverna; apenas que o material genético deles não foi detectado nas amostras de solo coletadas).
Mina de ouro
Apesar de não ter encontrado nenhum osso, artefato ou DNA de origem neandertal, a expedição cumpriu com os seus objetivos, avalia Strauss. Ele destaca que essas primeiras escavações tinham um propósito prospectivo, e que a descoberta de ossos de fauna com indícios de manipulação humana, em sedimentos com mais de 40 mil anos, configura Ttarului como um sítio arqueológico de interesse para o estudo da interação entre os últimos neandertais e os primeiros seres humanos anatomicamente modernos no leste da Europa durante o Paleolítico Superior.
“Isso é tudo muito valioso”, destaca o pesquisador. “Imagina que você tem centenas de cavernas e precisa encontrar uma que tenha esse depósito de 40 mil, 50 mil anos. Nós encontramos”, continua ele. “Nesse sentido, acho que a primeira fase dessa missão romeno-brasileira aqui foi um sucesso, e nos permite agora planejar com mais certeza um retorno para buscar esses esqueletos ou esses artefatos.”
A ideia, a princípio, seria retornar à caverna com uma equipe maior nos próximos anos para abrir uma frente de escavação mais ampla, já cientes de que as camadas sedimentares de interesse arqueológico estão entre dois e três metros de profundidade. “Seria quase tolice não voltar”, argumenta Strauss. “Agora que a gente sabe que está no lugar certo, é como se um garimpeiro visse uma pepita de ouro e decidisse ir embora.”
No caso da Petera 1, a escavação chegou a cerca de 1,5 metro de profundidade e rendeu 49 fragmentos de ossos. A decisão de continuar ou não trabalhando lá vai depender da datação do material coletado, que deve ficar pronta até o fim do ano.
“Vale a pena seguir pesquisando, não só na Ttarului, mas no Vale do Vârghi como um todo. A gente sabe que tinha neandertais lá, e a gente sabe que há depósitos arqueológicos da idade apropriada; então é uma questão de continuar procurando”, reforça Strauss. “Não podemos desistir depois da primeira caverna. Essa é a natureza do trabalho arqueológico, tem que insistir, tem que seguir em frente.”
Encontrar um esqueleto neandertal logo no início das escavações, na verdade, teria sido algo totalmente fora do comum. Fósseis de hominínios são achados raríssimos; e na paleoantropologia — ciência que utiliza evidências arqueológicas e biológicas para estudar a história da evolução humana — é normal demorar anos, ou até mesmo décadas, para fazer descobertas de alto impacto. A família Leakey, por exemplo, passou quase 30 anos escavando na Garganta de Olduvai, na Tanzânia, até descobrir os primeiros fósseis de hominínios — Paranthropus boisei, em 1959, e Homo habilis, em 1960 —, que revolucionaram o estudo da evolução humana.
“Eles achavam toneladas de ferramentas [líticas], mas não encontravam nenhum hominínio”, relembra Neves. “A paleantropologia é uma ciência de risco. Não é incomum você investir um longo tempo de pesquisa até encontrar alguma coisa verdadeiramente significativa, principalmente fósseis humanos. Muitas vezes você encontra fogueiras, você encontra uma indústria lítica densa e sofisticada, mas isso não quer dizer que você vai encontrar restos de esqueletos de hominínios.”
Três semanas depois de retornar da Romênia, em entrevista ao Jornal da USP, Neves disse ter “sentimentos contraditórios” sobre a continuidade do projeto. Diferentemente de Strauss, ele acha que não vale a pena continuar escavando as mesmas cavernas (Ttarului e Petera 1), porque a presença de ossos de fauna, por si só, não chega a caracterizar um “nível arqueológico, propriamente dito” — mesmo que alguns desses ossos tenham indícios de manipulação humana. Mais do que isso, segundo ele, seria necessário encontrar ferramentas de pedra lascada ou restos de fogueiras associadas a esses vestígios ósseos. “Cadê os restos de indústria lítica? Onde é que estão as estruturas de combustão?”, questiona Neves. “Não acho que a gente tenha uma ocupação humana realmente caracterizada [nessas duas cavernas]; seja de sapiens, seja de neandertal, seja do diabo.”
A estratégia para os próximos anos, “se o projeto prosseguir”, segundo ele, seria fazer prospecções em novas grutas, ainda não escavadas cientificamente. “Vamos ter que partir para outras cavernas na região”, afirma Neves.
O projeto que permitiu a realização dessas primeiras expedições foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Até o fim deste ano os pesquisadores planejam submeter um novo projeto para avaliação da fundação, propondo a continuidade do trabalho na Romênia. Devido a limitações orçamentárias e logísticas — tanto do lado romeno quanto do brasileiro — as escavações só podem ser realizadas durante algumas semanas por ano, nas férias de verão da Europa.
A Grande Caverna
De um total de 122 cavernas mapeadas na Garganta do Vârghi, pelo menos cinco já possuem presença confirmada de neandertais e seres humanos antigos, segundo o professor Marian Cosac da Universidade Valahia de Târgovite. As escavações da equipe romena estão concentradas na maior gruta do vale, chamada de Petera Mare ou Big Cave (Grande Caverna), em inglês. A gruta vem sendo escavada há anos e já produziu uma fartura de artefatos neandertais, incluindo ferramentas líticas e ossos de fauna manipulados.
“A única coisa que realmente falta é a prova física da presença de seres humanos, representada por material fóssil”, disse Cosac ao Jornal da USP. “Olhando para a maneira como essas ferramentas [líticas] foram feitas, é muito claro que estamos lidando com neandertais. E dada a concentração desses artefatos aqui, é praticamente impossível que não haja restos humanos [na caverna]”, completa o pesquisador.
Além de prospectar novas cavernas, o plano da equipe brasileira é colaborar com os romenos na escavação e na análise de materiais da Petera Mare, já que várias das técnicas necessárias para datação e prospecção de DNA antigo não estão acessíveis aos pesquisadores locais. “Está sendo muito importante para nós colaborar com os colegas brasileiros”, disse Cosac. “Não só pela troca de experiências sobre como documentar material arqueológico, mas porque há análises adicionais que não temos condições de realizar”, completou ele.
A parceria entre brasileiros e romenos nasceu de uma interlocução com o paleontólogo Stefan Vasile, professor da Universidade de Bucareste, que Neves conheceu em 2019, quando ministrou um curso de verão sobre evolução humana em Dmanisi, na República da Geórgia. À época, Neves estava costurando parcerias para escavar cavernas na própria República da Geórgia, próximo ao Mar Negro, mas as conversas não prosperaram e os planos migraram para a Romênia. Vasile apresentou o professor da USP aos colegas romenos Cosac e Muratoreanu; e assim as portas da Garganta do Vârghi se abriram para uma missão conjunta.
“Esse grupo nos convidou a juntar forças para pesquisar nesse vale, e nós achamos que era um filé mignon que a gente não podia desperdiçar”, relembra Neves. “Diferentemente da maior parte dos grupos que fazem paleoantropologia, eles foram extremamente generosos em abrir essa janela de oportunidade para nós.”
“Não é fácil estabelecer um projeto de paleoantropologia no Velho Mundo, porque o Velho Mundo já está mais ou menos fatiado entre várias equipes de pesquisadores”, completa Neves. Independentemente do que vier a ser descoberto (ou não) nas cavernas da Romênia, diz ele, só o fato de pesquisadores brasileiros estarem conduzindo escavações no leste da Europa já eleva o status da paleoantropologia nacional a um novo patamar no cenário internacional.
“Existe uma outra coisa que o Brasil nunca teve, que é esse soft power, de você ser reconhecido como uma equipe que tem um projeto paleoantropológico no Velho Mundo”, avalia Neves, de 68 anos, um dos cientistas mais renomados da arqueologia e da paleoantropologia nacional. “Esse soft power na nossa área é muito poderoso.” Antes da Romênia, Neves conduziu escavações na Jordânia, que resultaram na descoberta de centenas de ferramentas de pedra lascada produzidas por hominínios, com mais de 2 milhões de anos de idade. “Então, você veja que o Brasil hoje tem seu pé fincado em duas regiões, no Oriente Médio e no Leste Europeu. Eu diria que a única coisa que falta é nós botarmos nosso pé na África”, gaba-se o pesquisador. “Mas, se tudo der certo, talvez a gente faça isso nos próximos anos.”
Além da USP, Unesp e Univasf, a equipe brasileira na Romênia contou com a colaboração de cientistas da Universidade de Algarve (Portugal), da Universidade do Rosário (Argentina) e de três estudantes de pós-graduação que foram alunos de Strauss na Alemanha.

