Alberto Oliveira

O que os brasileiros esperam (mais uma vez) de suas Forças Armadas

O Exército brasileiro não é o general Mauro Lourena Cid, nem tampouco seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid. Apesar disso, tudo o que tenham feito impacta a imagem das Forças Armadas, porque a integram.

Instadas insistentemente, por parcela da população, a tomar as rédeas do poder, ao arrepio da Constituição, elas se mantiveram fiéis ao estado democrático de direito,  durante o último proceso eleitoral. Por essa razão, começaram a ser desprezadas exatamente pelos que viam na força dos tanques e na ponta das baionetas o caminho para a solução dos problemas nacionais, mazelas que desde o seu descobrimento têm acorrentado o desenvolvimento do País. Entre estas, o nepotismo e a corrupção, mas também o desrespeito à vontade popular manifestada nas urnas.

O escândalo das joias surrupiadas da República parece ampliar o número dos que perderam a confiança em suas Forças Armadas, embora (repita-se à exaustão) elas não devam e não podem ser confundidas nem com o general Mauro Lourena Cid nem com o tenente-coronel Mauro Cid.

Espera-se que agora, diante das informações que ameaçam enodoar a farda dos dois militares, pai e filho, mantenha o Exército brasileiro o mesmo respeito à Carta Magna que demonstrou no passado recente.

Os dois são investigados pela Polícia Federal e encontram-se sob a mira do Supremo Tribunal Federal. Tenta-se desvendar o paradeiro de presentes oferecidos no exterior ao então presidente Jair Bolsonaro. Os presentes de governos estrangeiros deveriam ter sido incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, mas foram vendidos, segundo as primeiras informações levantadas. O general e o tenente-coronel estão entre os citados na investigação. 

A Espanha tem, entre seus herois, El Cid (O Campeador). Segundo alguns, forte, valente, leal, justo e piedoso; de acordo com muitos outros, um mercenário, cujas armas eram postas ao serviço de quem lhes pagasse mais.

Se confirmada a participação dos dois militares brasileiros de alta patente, no embrulho das joias desviadas do Tesouro nacional, serão eles responsáveis por enodoar a farda e, com isso, levar respingos à imagem do próprio Exército brasileiro. Terão escolhido aliar-se à imagem que fazem do Cid espanhol seus detratores.

Não será motivo, no entanto, para que se espere, do Exército Brasileiro, nada além do respeito ao que estabelece nossa Lei Maior.