Mais de 30 nações e grupos de maracatu se reuniram no Pátio do Terço, no bairro de São José, nesta segunda-feira (20), para celebrar a Noite dos Tambores Silenciosos no Carnaval do Recife.
O início dos desfiles foi feito pelo Maracatu Nação Linda Flor, que homenageou Oxum em sua apresentação.
A celebração é realizada toda segunda-feira de carnaval, como forma de marcar o sincretismo religioso que moldou a história do País. Nações de diversas partes da Região Metropolitana do Recife se reúnem para desfilar e honrar a ancrestalidade dos povos escravizados no Brasil.
À meia-noite, os tambores emudecem e as luzes se apagam para dar início à cerimônia, onde se honra os Eguns, espíritos que protegem o povo negro no plano dos vivos.
Tambores mirins
No Pátio do Terço também ecoaram os sons dos Tambores Mirins do Carnaval 2023.
Grupos de maracatu de diversas regiões se apresentaram no palco, desfilando com seus tambores e cânticos, fortalecendo a resistência das religiões de matriz africana e o sincretismo religioso.
Ao todo, foram 17 nações mirins e grupos de maracatu que se apresentaram no local, mantendo viva a tradição e a força das raizes afro-brasileiras nas crianças. É o que contou, para o LeiaJá, Chacun Viana, coordenador do Polo Afro do Carnaval.
“Fazer com que as crianças aprendam desde cedo a valorizar a cultura popular, a cultura de terreiro, a história que foi criada pelos nossos antepassados aqui no Pátio do Terço, pelas nossas mulheres escravizadas, sinhá, iaiá, e por tudo o que nosso povo viveu aqui nesse pátio, é fazer com que esse legado não morra, que ele tenha continuidade”, explicou. Viana.
A ideia da Noite Mirim surgiu há 20 anos, no início dos anos 2000, de modo a reverenciar a Noite dos Tambores Silencioso, que acontece toda segunda-feira de Carnaval há mais de 60 anos.
Mesmo sendo uma celebração de nações e grupos mirins, Viana explica que não há idade específica para fazer parte.
“Antes de engatinhar, já começa a batucar. E até à idade adulta, quando não consegue mais batucar e volta a engatinhar”, explicou, fazendo um paralelo do ciclo da vida humana.