Talita Góis
O período de isolamento social causado pela pandemia impactou diversas áreas da vida das pessoas, incluindo a relação com o corpo. Dados da Strategy One, em pesquisa encomendada pela Dove, apontam que 96% da população ocidental feminina está insatisfeita com o próprio corpo. Essa insatisfação pode ser ocasionada por diversos fatores, desde baixa autoestima, até traumas passados ou por falta de autoconhecimento em relação à seus gostos e prazeres também.
Para as mulheres que desejam conhecer e criar uma ligação maior com si mesma e sua própria história, uma das alternativas têm sido a prática da terapia tantrica. Entretanto, de acordo com a terapeuta tântrica e especialista em sexualidade, Talita Góis, muitas mulheres deixam de praticar o tantra por acharem que se trata de algo voltado somente para o sexo.
“O que muitas pessoas não sabem é que, quando falamos de tantra, não estamos tratando de algo sexual. O tantra é uma filosofia comportamental que traz como fundamento o autoconhecimento, a reconexão com seu próprio corpo, uma nova visão sobre o prazer, na qual ele se torna parte de você e da sua evolução”, explica.
A terapia tântrica usa a energia sexual da mulher para se reconectar com sua própria essência como um movimento transformador para a vida das mulheres.
“A aplicação do tantra na vida da mulher pode ter diferentes objetivos. Ele funciona como forma de terapia para cura de disfunções como vaginismo, problema de lubrificação, falta de libido e incontinência urinária, por exemplo. Mas, além disso, o tantra também funciona como terapia para casos de abuso sexual, abuso psicólogo, traumas, depressão ou apenas para o autoconhecimento e empoderamento feminino”, complementa a terapeuta.
Confira mitos e verdades sobre o tema:
1. A mulher que pratica o tantra é julgada perante a sociedade?
Veradade. “Vivemos em uma sociedade onde somos atrasados no sentido da falta de entendimento sobre determinados assuntos e um deles, sem dúvida, é o tantra. A mulher que decide conhecer o tantra sente na pele a real transformação interior, começa se amar mais, entende a vida de uma forma diferente e dá início a uma jornada única onde todos os paradigmas são quebrados e a libertação se torna palpável e real. Tantra não é sexo, tantra é o encontro do seu eu interior com o seu exterior”, explica Talita Góis.
2. O tantra é somente para homens?
Mito. “O tantra pode ser praticado por homens, mulheres, casais e não existe distinção de sexo, cor, etnia ou qualquer outro tipo de padrão. Inclusive, o que muitas pessoas não imaginam, é que até mesmo pessoas que têm algum membro amputado realizam o Tantra. É uma terapia e é para todo mundo, transforma a vida das pessoas, ensina elas a se olharem de forma diferente”, entende a especialista.
3. O tantra busca o equilíbrio?
Verdade. “Acho muito importante sempre ressaltar o quanto a prática do tantra vai muito além do que as pessoas realmente imaginam. A terapia tântrica busca o equilíbrio mental e psicológico e assim como muitas terapias, funciona para o relaxamento corporal e a libertação de acúmulos de tensões nos músculos”, diz.
4. O tantra é a mesma coisa que sexo?
Mito. “Dentro do tantra existem várias vertentes, o sexo tântrico é uma delas. Porém, é muito importante saber diferenciar a terapia tântrica do sexo tântrico. O sexo tântrico é uma nova forma de vivenciar o prazer com um parceiro ou parceira. A terapia tântrica é o seu próprio prazer, se reconectar com o seu corpo e sua essência para assim poder ter experiências novas e incríveis com alguém. A terapia tântrica traz uma nova visão sobre o prazer em geral, sobre a essência de sentir o prazer nas pequenas coisas, nos detalhes”, defende a terapeuta.
5. A prática do tantra pode oferecer benefícios para as mulheres, tanto fisica quanto emocionalmente?
Verdade. “Os benefícios do tantra para mulheres são inúmeros. Ele fortalece a musculatura pélvica, trabalha disfunções sexuais, melhora a auto estima, tem o poder de ressignificar traumas, liberar bloqueios, tratar depressão e problemas como ansiedade. Trabalha o autoconhecimento e empoderamento feminino através da aceitação do próprio corpo como forma de amar sua própria história”, explica Talita.
6. Mulheres casadas são impedidas de praticar o tantra?
Mito. “Para quem trabalha com o tantra, não é novidade que mulheres casadas venham a procura da terapia para conhecer mais. Muitas vezes, o tantra é a salvação de seus casamentos. Inclusive, muitas mulheres começam a praticar os conhecimentos do tantra com seus maridos que, por sua vez, também se libertam de sombras, traumas e muito mais”, diz.
7. A mulher é submissa no tantra?
Mito. “A mulher empoderada domina e é dominada da forma que desejar. O tantra serve para quebrar todas as barreiras e libertar o instinto e a energia sexual acumulada. No tantra, a mulher vai descobrir do que gosta e como gosta, o seu corpo é o seu templo. Praticar o Tantra é ser naturalista na sua essência, se conhecer e enfrentar suas sombras para assim superá-las e tomar consciência do seu ser e sentir. Para mulheres, vai muito além da perspectiva natural de amor e autoconhecimento, trata-se da mais pura libertação”, entende Talita.
8. Tantra é coisa de mulher safada?
Mito. “Vivemos em um mundo onde a falta de conhecimento afasta as pessoas delas mesmas e com as mulheres não seria diferente. O tantra é uma terapia que visa o autoconhecimento, a sexualidade plena. Longe de ser safadeza, o tantra é uma terapia séria praticada por terapeutas sérios, formados e dedicados que doam sua própria energia para ajudar o próximo”, defende a terapeuta.
9. Muitas mulheres têm medo de fazer Tantra?
Verdade. “Infelizmente, no ocidente o tantra é vendido de uma forma totalmente vulgarizada. Pessoas vinculam a terapia a coisas que definitivamente fogem totalmente da sua essência. Trazer uma nova visão tem sido o meu maior objetivo. Acho importante que as mulheres encontrem um lugar sério, com informações claras e transparentes, e profissionais capacitados e treinados. Isso traz confiança para que as mulheres possam procurar a terapia”, explica.
10. Massagem tântrica serve apenas para se ter um orgasmo?
Mito. “A terapia tântrica vai muito além do sexual. É verdade que muitas mulheres nunca chegaram ao orgasmo com seus parceiros, pois não conhecem o poder do seu corpo, sua sexualidade e sua real intimidade. No tantra, ela ganha essa libertação emocional, sexual e aprende na prática a ser empoderada consigo mesma. Além de aprender a se amar em todos os sentidos e se libertar de inúmeras questões emocionais também. O tantra não se trata de sexo, se trata de conhecimento e transformação”, conclui Talita Góis.