Brasil / Política

Governo soube da escassez de respiradores em Manaus um mês antes

Ministério da Saúde soube que a capital amazonense ficaria sem oxigênio desde o dia 18 de dezembro de 2020

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Eduardo Pazuello
Omissão é mais grave do que se sabia

Documento obtido pela CPI da Covid mostra que o general Eduardo Pazuello foi omisso no episódio da falta de oxigênio em Manaus. Segundo uma matéria do site UOL, o Ministério da Saúde, que foi comandado pelo militar até março deste ano, soube do rápido crescimento da demanda por respiradores no Amazonas quase um mês antes de os pacientes começarem a morrer sufocados, em janeiro deste ano.

“Segundo apuração de membros da Comissão Parlamentar de Inquérito, no Senado Federal, há evidências de que o governo federal ignorou sucessivos alertas e demorou a entrar em ação para ajudar a enfrentar o problema”, informa a reportagem.

O documento que o Ministério da Saúde teve de entregar à CPI comprova que o estado do Amazonas fez duas solicitações de respiradores entre 18 de dezembro de 2020 e 2 de janeiro de 2021. Na primeira, pedia 140 equipamentos. Na segunda, 78, totalizando 218 em apenas 16 dias.

Em vez de oxigênio, cloroquina

Representantes do governo Bolsonaro admitiam que a empresa responsável pelo fornecimento de cilindros de oxigênio para os hospitais do Amazonas enviou e-mail ao ministério, avisando sobre a iminente falta do insumo, em 7 de janeiro. Sabe-se agora, porém, que Pazuello foi avisado sobre a dificuldade de garantir ar aos pacientes bem antes disso.

Mesmo diante dos avisos, o general e sua equipe nada fizeram sobre o assunto. Mesmo com agravidade da situação, o general e sua equipe organizaram uma visita a Manaus para lançar o aplicativo TrateCov e recomendar o uso de cloroquina entre os dias 11 e 13 de janeiro.

Pazuello participou da viagem. Um dia depois de seu retorno a Brasília, pacientes começaram a morrer asfixiados nos hospitais da capital amazonense. Nem o Ministério da Saúde nem a Secretaria de Saúde do Amazonas responderam as tentativas de contato da reportagem do UOL.