Medo. Um sentimento tão comum, repleto de segredos, mas alvo de descobertas e análises dos neurocientistas. Relacionado ao instinto e a parte mais primitiva do cérebro, ele envolve uma série de estudos que revelam suas diversas faces.
O medo faz parte da vida da humanidade como mecanismo de aprendizagem, preparo e solução. Basta observar que, conforme lembra o PhD, neurocientista e neuropsicólogo Fabiano de Abreu, “sem ele, simplesmente nos colocaríamos em constante perigo de vida, possivelmente pularíamos do penhasco acreditando que nada aconteceria, e morreríamos”.
Se por um lado tal sensação gera incômodo, por outro ela pode ser o ponto de partida para uma mudança de estilo de vida, revela o neurocientista. “O que muitas pessoas podem não perceber é que onde existe medo também existe coragem, e dela nasce a força de vontade para correr riscos calculados que nos levam a conquistar o sucesso em todas as áreas da nossa vida. Essa coragem é o resultado da superação do medo”.
Por outro lado, Abreu detalha que superar o medo é saber que sentimentos internados de fobia precisam ser combatidos: “Você deixaria de voar de avião por conta do risco de queda? Se você respondeu sim, comece a se preocupar. Pois o medo excessivo te paralisa, estagna a pessoa e a coloca em uma posição vulnerável com menos chances de conquistas”, destaca.
Para vencer o medo, o caminho orientado pelo neurocientista requer uma visão diferente da já consagrada pelo senso comum: “A questão aqui não é vencer todos os medos a todo custo, nem pensar que o medo é um inimigo. Devemos olhar para o medo como a consciência da segurança para que possamos fazer a melhor escolha. O medo nos motiva a medir as vertentes, os riscos e mediante a isso, com coragem e inteligência, seguir o melhor caminho”.
Caso isso não aconteça, o resultado para a saúde mental pode ser catastrófico, lamenta Fabiano. “O medo excessivo te coloca numa atmosfera negativa que funciona como uma areia movediça. Ele te afunda quanto maior for o seu desespero e, um dia, ao invés de culpar o mundo pelas suas derrotas, talvez você perceba que é melhor começar a superar esses medos olhando com atenção para as opções e escolhas que ele te oferece. Ao agir desse modo, você entende que precisa usá-lo a seu favor porque só assim conseguirá desfrutar de boas conquistas”.
Quem fracassa constantemente, orienta o neurocientista, precisa aprender a ultrapassar as barreiras do medo que não são tão perigosas quanto o nosso sistema límbico do cérebro propõe. “Até porque nossos agentes bioquímicos não sabem identificar o ataque do leão do xingamento de um vizinho. Nós é que precisamos desenvolver a inteligência emocional para identificar um risco real de vida, de um risco imaginário, ou até de um risco que vale a pena correr para que posteriormente consigamos obter o sucesso que desejamos”.
Diante dos desafios impostos pela vida, a receita de Fabiano de Abreu é uma dica valiosa para quem deseja mudar de vida: “Quais riscos você está deixando de correr por medo? Olhe para a sua história de vida e perceba: Quantas vezes você precisou ser corajoso?”
Com esse incentivo, ele acredita que reconhecer a natureza consciente “é algo que vai inspirar a pessoa a ter coragem e a subir mais um degrau todos os dias, cada vez mais alto, para se aperfeiçoar e se tornar uma pessoa melhor”, completa.
"Há estratégias para o uso da inteligência emocional e ela é o melhor remédio para vencer não só o medo, mas vencer na vida."