Os destroços do foguete da China cuja reentrada na atmosfera era esperada há alguns dias, caíram no Oceano Índico, a oeste do arquipélago das Maldivas, informou a mídia estatal chinesa no início da madrugada deste domingo (9 de maio).
A maior parte dos componentes se desintegrou pelo forte atrito com o ar.
As partes do foguete Longa Marcha 5B, de 18 toneladas, reentraram na atmosfera às 10h24, horário de Pequim, final da noite de sábado (8) no Brasil, e caíram nas coordenadas de 72,47° de longitude leste e 2,65° de latitude norte, informou o Escritório Chinês de Engenharia Espacial em comunicado.
As coordenadas colocam o ponto de impacto no oceano, a oeste do arquipélago das Maldivas.
A câmera de monitoramento de uma estação em Monte Castelo, no Norte de Santa Catarina, registrou o objeto passando pouco após as 18h30 de sexta-feira (7).
Marcelo Zurita, diretor técnico da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), disse ao G1 que o foguete foi observado entre quinta (6) e este sábado (8) também no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, além de Santa Catarina.
O astrofísico de Harvard, Jonathan McDowell, que rastreou a parte do foguete em queda, disse no Twitter: "Uma reentrada no oceano sempre foi estatisticamente a mais provável. Parece que a China ganhou sua aposta. Mas ainda foi imprudente".
Pessoas na Jordânia, Omã e Arábia Saudita relataram ter visto os destroços de foguetes chineses nas redes sociais, com dezenas de usuários postando imagens dos destroços perfurando os céus do amanhecer no Oriente Médio.
Normalmente, fragmentos de foguetes descartados reentram na atmosfera logo após a decolagem, geralmente sobre a água, e não entram em órbita.
A Agência de Notícias oficial da China Xinhua esclareceu posteriormente que a reentrada ocorreu no domingo às 10h24, horário de Pequim. "A grande maioria dos itens foi queimada além do reconhecimento durante o processo de reentrada", disse o relatório.
Apesar disso, o administrador da NASA, senador Bill Nelson, emitiu uma declaração dizendo: "Está claro que a China está falhando em atender aos padrões responsáveis em relação aos seus detritos espaciais".
O país asiático colocou em órbita o primeiro módulo de sua estação espacial em 29 de abril, graças ao foguete Longa Marcha 5B – o mais poderoso e imponente lançador chinês. Foi a primeira parte deste foguete que retornou à Terra.
Mais 10 missões semelhantes estão programadas até o fim da construção da estação, em 2022.
O foguete Longa Marcha CZ-5B tinha, no total, 57 metros. Mas seu compartimento de carga, na “ponta” do foguete, media, cerca de 27 metros e pesava 25 toneladas. O restante do foguete, se desprende do compartimento de carga assim que sua função no lançamento é cumprida. Após o desacoplamento, esses estágios podem voltar à órbita da Terra.
Em 2020, destroços de outro foguete chinês caíram em vilarejos na Costa do Marfim, causando danos, mas sem feridos. Em abril de 2018, o laboratório espacial chinês Tiangong-1 se desintegrou ao entrar na atmosfera, dois anos depois de parar de funcionar.
Todos os dias pequenos pedaços de lixo espacial reentram na atmosfera terrestre. Chama-se lixo espacial todo material que tem ficado em órbita terrestre desde o início da exploração do espaço.
Os pequenos pedaços, ao caírem, provocam fricção com a atmosfera terrestre e acabam incinerados ou desintegrados, não havendo preocupação.
Já partes maiores, como é o caso do CZ-5B, podem conseguir ultrapassar essa barreira natural e atingir o solo. A aeronave conta com depósitos de combustível com revestimentos reforçados. São estes enormes depósitos que podem cair em zonas habitáveis e provocar grandes estragos.
A China vem investindo bilhões de dólares em seu programa espacial há várias décadas. O país asiático enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003. No início de 2019, pousou um robô no lado oculto da Lua.
No ano passado, trouxe amostras da Lua e finalizou o Beidou, seu sistema de navegação por satélite (concorrente do GPS americano). Pequim planeja pousar um robô em Marte nas próximas semanas e também anunciou sua intenção de construir uma base lunar com a Rússia.