Esta quarta-feira, 21 de abril, é feriado nacional dedicado a Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes. O dia homenageia o herói que se tornou uma marco na história do País após lutar contra a monarquia portuguesa e seu regime absolutista.
O mártir da Inconfidência Mineira, o único a confessar os planos separatistas da revolução, foi enforcado e esquartejado neste dia, em 1792, por ser considerado “traidor” da coroa.
Com o passar dos anos, já na primeira fase do Regime Militar no Brasil, o presidente marechal Castelo Branco sancionou, em 1965, a Lei Nº 4. 897, de 9 de dezembro, instituindo Tiradentes como o Patrono da Nação Brasileira.
“Com a proclamação da República no Brasil, o Estado Republicano precisava exaltar uma figura que representasse o novo sistema de governo, em contraposição aos tempos da monarquia. Diante desse contexto, o escolhido foi Tiradentes, exaltado como o mártir do movimento republicano e como herói nacional”, explica a professora de história Neuza Matos.
Muitas pessoas questionam o apelido "Tiradentes". Neuza explica que Joaquim José da Silva Xavier foi dentista amador. Ele também foi tropeiro, minerador e mascate.
Entender o que aconteceu na época e saber algumas curiosidades sobre o revolucionário podem ajudar os vestibulandos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Por isso, a reportagem reuniu alguns professores de história que listaram cinco fatos sobre Tiradentes que podem cair na prova. Confira:
1 - A aparência do revolucionário Tiradentes
“Você sabia que a imagem de Tiradentes com cabelos e barbas longas, de maneira bem parecida com a que Jesus é retratado, surgiu, não existindo nenhuma fonte oficial que a confirmasse? Inclusive, vários historiadores levantam a questão que, provavelmente, o revolucionário morreu com a barba e os cabelos raspados, pois era uma prática comum na época, como forma de evitar a infestação de piolhos”, pontua a professora Neuza Matos.
2 - Tiradentes, o único herói com data considerada feriado nacional
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“Tiradentes é o único brasileiro que tem sua data de morte como feriado nacional. Ele é o patrono cívico do Brasil. Na década de 70, os republicanos o elegeram como mártir cívico e religioso, dando ênfase ao seu caráter antimonarquista, e, 20 anos depois, teve sua data de morte considerada feriado nacional”, conta a docente em história, Cristiane Pantoja.
3 - Ideais lembrados depois da morte
“Os esquerdistas exaltam o caráter revolucionário de lutador contra um sistema de privilégios e opressão, enquanto os militares 'mais conservadores' exaltam o patriotismo de forma militar e bélica. Sem falar na emblemática década de 60, quando tanto os militares quanto os militantes de esquerda voltaram com suas considerações revolucionárias”, comenta Pantoja.
4 - A cabeça de Tiradentes nunca foi encontrada
“O movimento revolucionário foi deletado e seus membros foram presos e julgados, e muitos acabaram sendo condenados à morte, mas no fim, a maior parte teve a pena trocada pelo exílio deixando apenas Tiradentes com a pena de morte. Ele foi enforcado e esquartejado e seu corpo foi exposto em Vila Rica, mas a cabeça foi furtada e seu paradeiro nunca foi descoberto, criando uma série de teorias da conspiração desde então. Além disso, as propriedades da sua família foram queimadas e salgadas como símbolo da infâmia da traição contra a coroa portuguesa”, detalha o educador de história Marlyo Ferreira.
5 - Tiradentes teria traído a avó do imperador Dom Pedro I
“A monarca da época do movimento era a Dona Maria, mãe do futuro rei Dom João e avó de Dom Pedro I. Foi no governo dela que o movimento aconteceu e foi reprimido. O crime era de lesa majestade, ou seja, traição ao rei/rainha e daí a pena de morte de Tiradentes. Por esse motivo, durante o império ele permaneceu desconhecido, já que era visto como um criminoso, já na República, ele se tornou um símbolo de luta pela liberdade, especialmente por influência de Campos Sales que viria a se tornar um dos primeiros presidentes do Brasil”, conta Marlyo.