Saúde

Estudo sugere adiar cirurgias por 7 semanas após diagnóstico de Covid

Pesquisa é coordenada por membros da Universidade de Birmingham, Inglaterra

Foto: Pixabay
Estudo determina o momento adequado de realizar o procedimento cirúrgico

Um estudo internacional identificou aumento no risco de morbidade e mortalidade em procedimentos cirúrgicos realizados dentro de seis semanas após o diagnóstico de covid-19.  

“Já temos comprovações científicas pré-pandemia que sugerem o adiamento da cirurgia em pacientes que apresentaram infecção respiratória em quatro semanas. Agora, com o estudo de coorte internacional, foi possível determinar o momento adequado de realizar o procedimento cirúrgico em pacientes com covid-19”, conta a professora Fabiana Cardoso Pereira Valera, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, e coautora do trabalho.

A pesquisa com 140 mil voluntários de 116 países avaliou o risco da mortalidade e complicações pulmonares nos 30 dias depois da realização da cirurgia e correlacionou com o intervalo de tempo entre o diagnóstico prévio de covid e a cirurgia. Os valores foram consistentes nos grupos de baixo risco, com menos de 70 anos ou pequenos procedimentos, e de alto risco, com mais de 70 anos ou grande cirurgia.

O artigo do grupo de pesquisadores CovidSurg, liderado por membros da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, foi publicado no dia 9 de março pela revista Anaesthesia, periódico da área de anestesiologia.

A colaboração internacional contou com o Complexo Acadêmico de Saúde, que envolve o Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP), o Centro de Referência da Saúde da Mulher e os Hospitais Estaduais de Ribeirão Preto, de Serrana e Américo Brasiliense, todos no Estado de São Paulo. O estudo incluiu mais de 300 participantes de todo o Complexo, que foram submetidos a tratamento cirúrgico em outubro de 2020.

De acordo com a professora Fabiana, o estudo é muito importante para os cirurgiões de todo o mundo, especialmente no caso das cirurgias eletivas. “Diante da importância do tema, o convite pela Universidade de Birmingham foi prontamente atendido pelos pesquisadores envolvidos”, conta.

Para o professor Edwaldo Edner Joviliano, chefe do Serviço de Cirurgia Vascular e Endovascular do HCFMRP e coautor do trabalho, a participação neste estudo de grande repercussão reflete também a importância internacional da dimensão assistencial, com destaque para a produção cirúrgica, e o reconhecimento dos dados e das pesquisas realizadas.

“Contribuir com a sociedade com recomendações importantes para melhorar as estratégias de assistência em saúde está no DNA das instituições do Complexo e das internacionais participantes do estudo. Estamos muito otimistas de que novos estudos de qualidade possam vir e que essa colaboração internacional possa expandir cada vez mais, sempre em benefício das pessoas que precisam de assistência, contribuindo para atravessar esse momento tão difícil da forma mais rápida e segura possível”, finaliza o professor.

Além da professora Fabiana e do professor Joviliano, o trabalho conta com a autoria de professores e profissionais de todos os hospitais do Complexo Acadêmico de Saúde da FMRP, do HCFMRP e da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência do HCFMRP (Faepa).