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Bispo se desculpa por veto da Igreja a bênção para uniões gays

O bispo de Antuérpia lembrou que é comum abençoar "animais, automóveis, edifícios, rosários e medalhas"

Foto: SatyaPrem/Pixabay.com
Arco-íris
Vaticano proibiu bênçãos a uniões homoafetivas

Um bispo da Bélgica contrariou o Vaticano e pediu "desculpas" aos casais homossexuais pelo fato de a Igreja Católica ter proibido a concessão de bênçãos a uniões entre pessoas do mesmo sexo.

O monsenhor Johan Bonny, bispo de Antuérpia, disse sentir uma "vergonha indireta" e "incompreensão intelectual e moral" em relação ao posicionamento da Santa Sé.

"Gostaria de pedir desculpas a todos para os quais esse documento é doloroso e incompreensível. Casais gays fiéis e católicos, pais e avós de casais gays e seus filhos, operadores pastorais e conselheiros de casais gays: sua dor com a Igreja é a minha", disse Bonny.

O argumento da Congregação para a Doutrina da Fé, autora do documento, é de que a bênção é uma ação sacramental, portanto não pode ser concedida àquilo que não está de acordo com os "desígnios de Deus".

No entanto, o bispo de Antuérpia lembrou que é comum abençoar "animais, automóveis, edifícios, rosários e medalhas", acrescentando que negar a bênção a um casal gay mostra "pouco respeito".

O documento em questão teve a aprovação do papa Francisco e foi divulgado na última segunda-feira (15), gerando críticas de personalidades como o músico Elton John e o piloto de F1 Lewis Hamilton.

No texto, a Congregação para a Doutrina da Fé diz que "estão se difundindo projetos e propostas de bênçãos para uniões de pessoas do mesmo sexo", muitas vezes "motivados por uma sincera vontade de acolher" os homossexuais.

No entanto, uma vez que a bênção possui relação com os sacramentos, a Santa Sé afirma que não é lícito concedê-la para uniões homoafetivas, uma vez que isso "constituiria uma imitação ou uma referência à bênção nupcial, invocada sobre o homem e a mulher que se unem no sacramento do Matrimônio".

A Congregação para a Doutrina da Fé ainda justifica que a declaração de ilicitude das bênçãos para uniões entre pessoas do mesmo sexo não se trata de uma "injusta discriminação", mas sim de uma forma de "relembrar a verdade do rito litúrgico" e a "essência" das ações sacramentais.