Alberto Oliveira

O que está por trás dos ataques às urnas eletrônicas nas eleições

A presunção de inocência exige que coloquemos o presidente Bolsonaro no grupo dos que conhecem pouco ou quase nada sobre o processo

O presidente Jair Bolsonaro insiste em enxergar fraude na apuração feita pelo sistema eleitoral no Brasil, pregando o retorno do voto em papel, com a justificativa de que haveria, neste  último método, mais transparência.

Dois motivos alimentam a defesa do fim das urnas eletrônicas e as acusações de fraude eleitoral: o primeiro deles é o desconhecimento (esse, fácil de resolver, basta uma conversa honesta com especialistas - honestos - em tecnologia da informação).

A presunção de inocência exige que coloquemos o presidente Jair Bolsonaro no grupo dos que conhecem pouco ou quase nada sobre como se dá o processo de apuração e totalização dos votos pelo TSE-Tribunal Superior Eleitoral. Há, no próprio governo, pessoas qualificadas, que poderão mostrar ao presidente, em linguagem simples, como isso ocorre.

O segundo motivo deve ser um alerta à Justiça e às autoridades policiais: o desejo de fraudar as eleições, de sonegar do povo a decisão final pela escolha de seus dirigentes, a vontade de devolver ao País os métodos criminosos que campeavam livres nas eleições anteriores à implantação do voto eletrônico. Exatamente durante o império do voto de papel.

Inexistem evidências - para usar um termo que virou moda - de que o presidente Bolsonaro tenha qualquer interesse ou intenção de favorecer o trabalho dos fraudadores. Resta, portanto, a alternativa de fazê-lo parte dos insuficientemente informados.

O sistema de captação, apuração e totalização dos votos - portanto, da decisão popular - tem se mostrado seguro e confiável, no Brasil, sem qualquer prova - por menor que seja - até o momento, de que tenha ocorrido fraude ou manipulação em alguma de suas etapas.

O voto em papel seria um retrocesso histórico, abrindo-se as porteiras - aí, sim - para os que desejam usurpar do eleitor o direito de definir quem o representará nas câmaras de vereadores, assembleias estaduais, no Congresso Nacional e no Executivo.

Essa é um proposta que precisa ser rechaçada pela população, expondo seus defensores. 

Em nome da democracia.