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Gravidez não intencional e falta de acesso a contraceptivos são um dos impactos da pandemia

Especialistas se juntaram para discutir os impactos no acesso aos métodos contraceptivos

Foto: Pexels.com/Creative Commons
Gravidez
A pandemia vem interrompendo o acesso a informações e serviços de saúde sexual e reprodutiva

Além das diversas consequências epidemiológicas, a pandemia da Covid-19 também vem interrompendo o acesso a informações e serviços de saúde sexual e reprodutiva.

Especialistas se juntaram, em debate virtual, na última quarta-feira (5) para discutir os impactos no acesso aos métodos contraceptivos.

O encontro resultou na 15ª edição da série de webinários População e Desenvolvimento em Debate, realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em parceria com a Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP).

O consultor regional do UNFPA em Sistemas de Saúde e Garantia de Suprimentos de Saúde Reprodutiva, Federico Tobar, apresentou resultados de pesquisas – frequentemente atualizadas – realizadas em toda a América Latina e Caribe desde o início da pandemia.

“O indicador de necessidades insatisfeitas de planejamento familiar na América Latina vinha caindo nos últimos anos. No início de 2020, chegou a 11,2%, e, com a pandemia da Covid-19, em agosto de 2020, chegou a 16,3%, revelando que cerca de 17 milhões de mulheres descontinuaram o uso de métodos contraceptivos, um retrocesso de até 27 anos”.

O consultor do UNFPA acredita que, neste momento, é necessário desenvolver uma ampla variedade de estratégias para que a população em situação de vulnerabilidade afetada possa, de alguma maneira, acessar os serviços de saúde e contraceptivos.

De acordo com a vice-presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Cristiane Martins Pantaleão, “este momento de pandemia trouxe várias dificuldades e desafios para nós, gestores municipais e profissionais de saúde quando pensamos na continuidade da garantia do atendimento à população”.

Para lidar com este cenário, desenvolveram guias de orientação para a organização da rede de atenção à saúde, além de oficinas de capacitação para profissionais de saúde. “O Conasems trabalha para apoiar os municípios e os profissionais de saúde, e assim manter o atendimento e o acesso aos serviços de saúde, não só em relação aos contraceptivos, mas todos os serviços, principalmente os vinculados à atenção primária”.

A coordenadora do ForoLAC/Reproductive Health Supplies Coalition, Milka Dinev, trouxe para a discussão exemplos de ferramentas disponíveis que auxiliam no acesso aos serviços.

“A SEPREMI, plataforma de seguimento de preços de métodos contraceptivos e insumos de saúde sexual e reprodutiva, cujo objetivo final é que os governos tenham acesso a medicamentos e insumos a melhores preços e condições, pode cobrir as populações em situação de vulnerabilidade”. A segunda ferramenta, MiPLAN, permite medir o impacto do investimento em planejamento familiar e em número de casais protegidos.

A mediação do webinário foi realizada pela representante do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Astrid Bant.