Em tempos de pandemia do novo coronavírus, tudo tem sido diferente. As aulas deixaram de ser presenciais e passaram a ser a distância. O contato, que anteriormente era físico, para tirar dúvidas, por exemplo, passou a ser através de uma tela do computador ou celular. No âmbito da educação, o momento é complicado para todos, tanto para quem está na escola, quanto para quem está na universidade, como também para os professores.
Pensando nisso, conversamos com Pedro Paulo Procópio, professor de jornalismo da UNINABUCO - Centro Universitário Joaquim Nabuco, para saber como tem sido a orientação para os alunos que estão no final da jornada, preparando o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) neste momento. “A maior dificuldade é a falta do olho no olho, o ombro amigo mais ao lado, o contato da biblioteca mesmo. Acredito que isso faz muita diferença, sobretudo do ponto vista emocional”, destaca o docente. “O nosso desejo, enquanto orientador, é poder estar sentado ao lado, não só por vídeo. E através do 'olho no olho' sentir, por meio da comunicação não-verbal que dificuldades vem ocorrendo com o nosso estudante”, completa.
Usando o curso de jornalismo como exemplo, sabe-se que um TCC nem sempre se resume a uma monografia, projetos audiovisuais também são uma alternativa. Deste modo, sair de casa para produzir seria essencial, mas diante da situação atual, o professor Pedro Paulo Procópio dá outra saída. “Eu tenho, inclusive, um orientando que está nessa peleja. E um caminho muito necessário é a tomada de vídeo, de imagens, de dentro do veículo, aproveitar imagens de arquivos e fazer entrevistas por meio de aplicativos como o google meet e tantos outro que favorecem essa aproximação em meio a esse isolamento social. O que termina sendo muito interessante é que deixa um registro histórico do que a gente está vivenciando agora e outros estudantes, no futuro, vão compreender, que mesmo com as dificuldades encontradas, os colegas conseguiram produzir, e produzir muito bem”.
O orientando
Estudante do 8º período do curso de jornalismo, Gustavo Arland de Lyma, está no processo de produzir seu Trabalho de Conclusão e afirma o quão desafiadora tem sido essa preparação. “Meu trabalho é sobre fotografia. E também, o local que eu estou fotografando, de fato, é um local de certo risco. É onde, justamente, algumas vítimas da Covid-19 estão sendo sepultadas. O meu trabalho é sobre o Cemitério de Santo Amaro, a história dele. Foi desafiador porque eu tinha que ir pra rua, exposto ao risco de contaminação, transitando por aí, principalmente nesse ambiente”, conta.
“Mas, ainda bem, consegui fazer o trabalho com tranquilidade. Eu me protegi, o cemitério já não está tendo tanta aglomeração, visto que o processo de sepultamento das vítimas é um pouco restrito e não pode ter muita gente. Eu procurei me proteger e seguir todos os protocolos de segurança para que os riscos fossem minimizados”, continua o estudante.
Optando por um projeto visual, Gustavo destaca que, diante da pandemia, algumas mudanças precisaram ser feitas no seu trabalho. “O tema em si não mudou. Eu e meu orientador chegamos a discutir sobre essa mudança para, justamente, eu não ficar exposto ao risco, mas como meu trabalho advém de um projeto pessoal anterior, eu tinha algumas fotos do Cemitério de Santo Amaro que me ajudaram. Mas eu senti a necessidade de ter que ir lá novamente para fazer fotos atualizadas. O que mudou, na verdade, foi a minha maneira de apresentar. Eu iria fazer uma impressão de fotos, um álbum, também pensei na possibilidade de uma exposição, mas eu tive que fazer tudo online. O professor me deu a ideia de fazer um site. Então eu criei, junto com o design, para os professores avaliarem. O que fez mudar, foi a forma com que eu apresentaria essas fotos”.
Assim como o professor Pedro Paulo Procópio, Gustavo também sente falta do contato físico durante esse processo, mas conseguiu driblar um pouco a distância com o auxílio da internet e do celular. “O meu contato está sendo feito online e por telefone, por ligação mesmo. Voltamos ao tempo da ligação. A gente procura sempre se falar e não digitar pra gente debater melhor e colocar as ideias com mais clareza. A gente tem se comunicado bastante por e-mail, fez poucas vídeo-chamadas para acertar algumas coisas. A gente conseguiu se adaptar bem. Mas acho que o e-mail foi a principal ferramenta, porque eu mandava o meu trabalho e ele já respondia com correções. De certa forma, a relação e a comunicação com meu orientador foi muito tranquila”, garantiu.
Defesa
O professor e também pós-doutor em comunicação e jornalista Pedro Paulo Procópio dá sua dica para o aluno que irá defender o seu TCC de casa: “procure um lugar mais tranquilo, tente ter um diálogo aberto e falar da importância desse momento. Se a pessoa se sente mais confortável, que de repente os familiares estejam ao lado fazendo uma corrente positiva. Mas se o estudante for mais retraído, pedir esse respeito aos familiares e, a partir daí, ter a tranquilidade de apresentar o trabalho sabendo que é uma conquista que tem pela frente”.