Alberto Oliveira

O que seus netos vão achar de você

"Coitado do meu avô, coitada de minha avó"

Sala de Aula
Foto: pxhere/Creative Commons

Se você estuda, hoje, em uma faculdade, imagine-se contando aos netos sua rotina diária para chegar até o campus universitário e, depois, voltar para casa.

E como é ela? Aposto que muito parecida com a seguinte: você acorda pelo menos uma hora (talvez duas) antes do início da primeira aula (se estuda pela manhã); e gasta entre 30 minutos e uma hora (possivelmente mais) deslocando-se até a escola, apenas para sentar-se em uma sala e ficar ouvindo um professor.

Ao fim da aula, repete-se o gasto de tempo para o retorno à sua casa.

Façamos uma conta simples, imaginando uma perda total de 2 horas diárias, entre segunda e sexta-feira, ou seja, 10 horas semanais. Isso dá 40 horas por mês, ou 480 por ano. Se levarmos em consideração os meses de 5 semanas, deveremos acrescentar mais 50 ou 60 horas, o que eleva a perda de tempo anual para algo como 540 horas.

São em torno de 22 dias perdidos, todos os anos, apenas no deslocamento para a faculdade e desta para casa; 3 semanas que você poderia estar aproveitando com tarefas que melhorassem sua qualidade de vida (mesmo que fosse dormindo, apenas).

Vai ser difícil (se não impossível) explicar essa perda de tempo a seus netos, que provavelmente não precisarão sair de casa para estudar, que viverão em um tempo no qual a escola irá até eles e não o contrário.

Mas (e isso é fundamental), não o ensino a distância nos modos do que temos hoje. Serão aulas criativas, interativas, dinâmicas, em que todos participarão ativamente, nas quais a construção do conhecimento se dará de forma coletiva, nunca como uma imposição de cima para baixo.

Espero que neste exato momento engenheiros de tecnologia ao redor do planeta estejam debruçados sobre seus computadores, desenvolvendo soluções capazes de levar a sala de aula para a casa dos educandos, de forma rica.

A sala de aula, como a conhecemos hoje, é monótona, antiquada, castradora da criatividade, inibidora do pensamento crítico.

Seus netos ficarão espantados ao saberem como você estudava. Talvez nada digam, mas pensarão: “Coitado do meu avô, coitada de minha avó”.