Alberto Oliveira

Por que o Consórcio Nordeste fará a economia da região dar um salto

Desde o final dos anos 2000 o Nordeste vem crescendo a patamares acima do alcançado pelo País

A Região Nordeste é frequentemente vista como um sinônimo de atraso - comparando-se com as economias do Sul e Sudeste do País - e, não raras vezes, como um peso para Estados mais desenvolvidos.

Uma olhada embora rápida nos indicadores econômicos, no entanto, revela panorama diverso. 

Desde o final dos anos 2000 o Nordeste vem crescendo a patamares acima do alcançado pelo País. Em 2014, por exemplo, o Brasil cresceu 0,5%. Compare-se com o registrado no Piauí (5,3%), Alagoas (4,8%), Ceará (4,2%), Maranhão (3,9%), Paraíba (2,9%), Bahia (2,3%), Pernambuco (1,9%) e Rio Grande do Norte (1,6%).

8 dos 9 estados brasileiros cresceram acima do aumento do Produto Interno Bruto do País (Sergipe ficou em 0,4%).

A economia nordestina é maior que a do Chile ou a de Portugal.

A Bahia tem o segundo volume de investimentos do Brasil nos últimos 5 anos (atrás apenas de São Paulo).

Se o País é hoje a décima potência mundial na geração de energia eólica, deve isso ao Nordeste.

Cada Estado, individualmente, no entanto, tinha um baixo poder de negociação junto a seus fornecedores, portanto reduzida capacidade de redução de gastos.

Isso se encerra com a criação do Consórcio Nordeste, lançado em fins de julho, em Salvador, e que une todos os governos estaduais nordestinos em uma central que unifica as compras. E mais: que discute (os 9 estados juntos) a obtenção de créditos para investimentos ou de recursos na área federal.

A criação desse verdadeiro bloco de gestão terá impacto direto tanto nos recursos carreados para a região quanto na diminuição dos custos, o que significa dizer ampliará a capacidade de investimento, diminuindo a distância econômica para o Sudeste e o Sul do País.

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Um respiro na economia
O fechamento do Hotel Pestana, em 2017, foi um símbolo marcante da derrocada do turismo em Salvador.

O anúncio de sua reabertura - junto com a conclusão das obras do centro de convenções, no final deste ano - reacendem, por sua vez, a esperança de uma retomada do setor na capital baiana.


Hotel Pestana - Foto: Leiamais.ba

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Sem viseira
O governador Rui Costa (PT) reconhece que a ex-presidente Dilma Rousseff cometeu erros na condução da política macroeconômica.

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Passando adiante
A Petrobras arrendou fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) e de Sergipe (Fafen-SE) para a empresa Proquigel Química S.A, que terá o controle das unidades por um período de 10 anos, renováveis por mais 10.

O arrendamento inclui os terminais marítimos de amônia e ureia no Porto de Aratu, na Bahia.

O negócio envolve R$ 177 milhões.

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O que produzem
A Fafen-BA é uma unidade de fertilizantes nitrogenados com capacidade de produção total de ureia de 1.300 toneladas por dia.

Também comercializa amônia, gás carbônico e agente redutor líquido automotivo (Arla 32).

A unidade de Sergipe tem capacidade de produção total de ureia de 1.800 toneladas por dia.

Comercializa amônia, gás carbônico e sulfato de amônio (usado como fertilizante). 

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Mais empregos
A construção da nova rodoviária de Salvador, a extensão da linha do metrô (mais 5 quilômetros, de Pirajá a Águas Claras) e as obras do VLT-Veículo Leve sobre Trilhos irão impulsionar a geração de empregos na capital baiana no início de 2020.

A expectativa do governo baiano é a de que as obras gerem até 10 mil vagas de trabalho.

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Apagão de mão-de-obra
Pesquisa feita pela empresa de recursos humanos Korn Ferry com executivos de empresas no País aponta que em 2020 haverá um déficit de 1,8 milhão de pessoas para vagas mais especializadas. É o chamado "apagão" da mão de obra qualificada.

Esse número deve alcançar 5,7 milhões de postos com funcionários sem competência ideal ou vagos até 2030.

Segundo o Banco Mundial, só no mercado digital há mais de 200 mil vagas abertas, sendo 5 mil em startups. 

Estima-se que até 2024, pelo menos metade dos 420 mil empregos que devem ser criados em TI podem não ser preenchidos.