Quando as margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado de D. Pedro I, o sol da liberdade não brilhou em toda a pátria naquele instante. Na Bahia, ele só veio a brilhar quase um ano depois, ao nascer no 2 de julho de 1823.
“Como é explicável, como é lógico, como fica cabível fazer com que um menino de ginásio entenda por que a independência do Brasil é no dia 7 de setembro de 1822, e nós comemoramos a independência aqui, em 2 de julho de 1823? Será que a Bahia não era Brasil naquela altura?”, problematiza o professor e historiador Cid Teixeira, para em seguida apresentar a explicação.
A questão é que o sul do país não precisou lutar pela independência; não houve conflitos no 7 de Setembro. “Dom Pedro diz as palavras que tem a dizer no Ipiranga, Portugal se dá por ciente, e as coisas se passam sem maiores brigas”, afirma o professor.
Na Bahia, não foi assim. Para libertar-se do domínio político e militar de Portugal, o povo baiano teve de travar uma guerra contra as tropas portuguesas que tomaram de golpe a capital em fevereiro de 1822.
O Nordeste sustentava a monarquia portuguesa, sobretudo a Bahia e Pernambuco, que eram os dois centros de produção açucareira.
Foi por isso que, apesar de reconhecer a soberania de D. Pedro I no sul do Brasil, Portugal passou a tomar providências para garantir que a estrutura política colonial continuasse a mesma nos centros produtores de açúcar. Para tanto, enviou soldados e armamentos.
A nomeação do militar Luís Madeira de Melo, em dezembro de 1821, para assumir o cargo de Governador das Armas, que era então ocupado pelo brasileiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães, não foi reconhecida pelos militares baianos.
A partir daí, ocorreu uma série de conflitos entre as tropas portuguesas e o exército brasileiro, que culminaram na guerra pela independência da Bahia.