
O artista e designer brasileiro Jay Boggo apresenta, nesta quinta-feira (31 de julho) e na sexta-feira (1º de agosto), a coleção “Eixos da Travessia” - série de 15 esculturas-móveis criadas com madeira de manejo florestal e submetidas à técnica japonesa Shou Sugi Ban - no Fórum de Biodesign e Sustentabilidade, que ocorre na Casa do Comércio (Avenida Tancredo Neves) e na Casa Rosa (Rio Vermelho), em Salvador.
“Eixos da Travessia” nasce das recordações de infância do artista, marcadas pelas viagens da família do Sul do Brasil ao Mato Grosso na década de 1980.
Quase quarenta anos mais tarde, Boggo retorna ao estado de origem dessas memórias para transformar galhadas, raízes e troncos esquecidos em peças que remetem a deslocamentos, territorialidades e afetos.
As obras passam por um processo artesanal de carbonização inspirado no Shou Sugi Ban, método tradicional japonês utilizado para proteger madeira contra a água.
Ao adotar essa técnica, o artista incorpora referências de povos indígenas e de imigrantes japoneses que influenciaram a região amazônica no início do século XX, convertendo o fogo em elemento de preservação e transmutação.
A programação técnica do Fórum será realizada nesta quinta-feira, na Casa do Comércio. Às 14h40, Boggo ministra o talk “Design da Floresta”, focado em bioinspiração, ancestralidade e arte como ferramenta de regeneração. Em seguida, às 15h20, ele participa da mesa-redonda “Biodesign em Movimento”, mediada por Carla Garcia, ao lado de Durval Oliveira.
As esculturas também ficarão expostas na Casa Rosa, espaço gratuito aberto ao público das 16h às 22h, que oferece mostras, experiências sensoriais, feiras criativas e atrações culturais. A cerimônia de abertura do Fórum está marcada para 31 de julho, às 18h, no bairro do Rio Vermelho.
Duas peças da coleção seguirão para Paris, onde integrarão a mostra “Héritage Culturel et Savoir-Faire”, na Embaixada do Brasil, entre 3 e 5 de setembro, durante a Paris Design Week. A exposição faz parte da Temporada do Ano do Brasil na França e destaca a combinação de arte artesanal, ancestralidade e inovação brasileira.
A coleção foi produzida em parceria com a Areka’a Brasil, empresa fundada pela designer Carla Garcia que utiliza exclusivamente madeira proveniente de manejo sustentável ou de árvores tombadas naturalmente. A cada peça criada, a marca se compromete com o plantio de 100 mudas nativas, reforçando sua atuação em reflorestamento e valorização de saberes ancestrais.
O Fórum de Biodesign e Sustentabilidade, em sua primeira edição, reúne especialistas em arquitetura, design, urbanismo, ciência, tecnologia e cultura para discutir soluções regenerativas alinhadas às urgências ambientais e sociais. As inscrições para a programação técnica podem ser feitas no site oficial do evento, enquanto as atividades na Casa Rosa têm entrada franca.