Hospedagens sofisticadas, boa gastronomia e vida noturna com cenários paradisíacos em um clima de respeito natural à diversidade. Essa é a fórmula que tem feito de Morro de São Paulo o balneário queridinho da vez dos turistas LGBT’s.
De acordo com um levantamento feito pelo TripAdvisor, a segunda praia em Morro de São Paulo foi eleita como a oitava melhor praia do Brasil e Boipeba (que pertence à mesma Península) só perde na América do Sul para Ilha de Páscoa, no Chile, em termos de belezas naturais.
Diversidade natural
Apesar de não ter nenhum estabelecimento que levante oficialmente a bandeira “gay friendly”, o turismo LGBT vem crescendo em Morro a cada ano. Assim que embarcamos no Terminal Marítimo em Salvador o ‘radar’ já indica que vamos encontrar um destino, no mínimo, colorido.
O clima de lua-de-mel e sossego tem atraído para Morro principalmente o público feminino. É mais comum encontrar casais lésbicos do que gays andando juntos pela vila. Essa preferência acontece já que Morro não tem constantemente uma vibe de paquera e agito (que geralmente é mais procurado pelos turistas gays). Porém, esse cenário muda pelo menos duas vezes ao ano: durante o Festival de Morro e no fim de semana depois do Carnaval.
Não é de hoje que Morro vem se firmando como destino gay. Em 2012, aconteceu o primeiro festival GLS de música eletrônica, o Love Paradise. Mas a iniciativa não teve muita repercussão (flopou...), tanto que o evento não se repetiu. O público e os empresários preferiram adotar um modelo “gay friendly” sem bandeiras, mas trabalhando o respeito e a aceitação. Neste mesmo ano, o casal Alex (brasileiro) e Mathias (suíço) atravessou Morro de São Paulo em cima de cavalos até chegarem na quarta praia – a mais paradisíaca da Ilha. No local, amigos e familiares esperavam os noivos junto com um altar pronto para celebrar o casamento dos sonhos.
Sunset
A primeira programação de qualquer viagem em Morro de São Paulo é curtir o pôr do sol com uma boa bebida na mão! Assim que der 17h o principal destino é a Toca do Morcego. O cenário é único! A Toca fica na encosta de um morro com vista direto para o mar. O local fica cheio entre 16h -19h, depois dá uma esvaziada e bomba de novo na madrugada. Rola um som ao vivo e a decoração é feita com velas e luminárias rústicas. A entrada custa R$10 (vale lembrar eles não aceitam cartão de crédito. Só débito ou em cash).
Não deixe de levar dinheiro para Morro. Lá eles têm caixas eletrônicos de dois bancos, mas é bem difícil encontrar abastecidos (afinal, é uma ilha!) principalmente nos períodos de muito movimento.
No dia seguinte, mude a rota e curta o sunset no Portaló. O bar do hotel é aberto e fica logo na entrada da Ilha, com um paredão que dá direito a uma vista exclusiva. A dica aqui é ir para o Portaló no mesmo dia em que fizer o Passeio das Ilhas, porque o desembarque acontece em frente ao hotel já no fim da tarde e dá para tirar o sal do corpo em uma ducha no bar. Depois, é só sentar e curtir o momento..
Baladas
Morro de São Paulo é o destino perfeito para qualquer casal que queira desfrutar um momento a dois, mas também é bem aproveitado pelos baladeiros de plantão. E não tem como errar no roteiro.
Nas sextas feiras e domingos, a festa acontece na Toca do Morcego. Com um esquema bem diferente do sunset, os DJ’s animam uma pista mais reservada dentro da Toca. Geralmente, as pessoas vão para o pôr do sol, voltam para descansar no hotel, saem para jantar e já emendam na balada que bomba a partir de 1h. Na noite, a entrada custa R$70 (homens) e R$50 (mulheres).
Durante os sábados, o destino é a boate Pulsar com a famosa “Festa da Espuma”. A boate é totalmente aberta e fica no meio de uma mata. Luzes, lançadores de fogo e intervenções artísticas se misturam com as apresentações dos DJ’s. Como tudo em Morro, a balada não tem uma pegada de festa gay, mas conseguimos encontrar casais se beijando tranquilamente. Às 3h da madrugada, a espuma começa a cair no meio da pista até atingir a cintura (vá com roupa de praia e havaianas) e aí fica por conta de cada um decidir como curtir a festa…(A entrada custa R$70 ou casadinha por R$100).
Outra opção em Morro é ir para o luau que rola na 2ª praia toda segunda e quinta. Mas não espere um luau de verdade. Na verdade, a praia continua funcionando de noite com várias barraquinhas de batidas de frutas e DJ’s tocando ou com som ao vivo.
Na baixa estação, algumas dessas festas podem não acontecer. Da mesma forma que no verão bombam outras baladas. É só perguntando, nunca faltam opções.
Gastronomia
Ir para Morro de São Paulo significa comer (muito) bem. Como todo destino no litoral da Bahia, os pratos são feitos principalmente à base de frutos do mar. Os pequenos restaurantes da Vila são bem convidativos e cada um tem um charme único. O Café das Artes, por exemplo, é o restaurante da Pousada Solar das Artes - que tem quartos temáticos e oferece até ofurô em um deles. Além dos pratos incríveis, a simpatia de Rodrigo Adamatti, gerente do restaurante, deixa com vontade de ficar além da sobremesa.
O Casarão também funciona na praça principal da Vila em um casarão colonial do século XVII (a lenda é de que Dom Pedro desde aquela época já se ligou no que poderia fazer em Morro e se hospedou lá com Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, sua principal amante #ficadica). Outro restaurante bem antigo é o “Sabor da Terra”, que fica logo na entrada de Morro. Se o horário de saída da Ilha for perto do almoço, já vá com as malas e dê uma parada lá. O atendimento é super rápido e é uma alternativa prática para quem quer aproveitar Morro até o último segundo.
Passeio das Ilhas
Separe um dia inteiro da programação para fazer o Passeio das Ilhas. A saída acontece pela manhã (por volta de 9h) e só retorna no fim da tarde. O passeio é ideal para conhecer melhor o Arquipélago de Tinharé, que é formado pelas Ilhas de Morro de São Paulo, Cairu e Boipeba. O sinal de celular pega muito mal (graças a Deus). Então é colocar a sunga ou biquíni e tomar bons drinks nos bares flutuantes das piscinas naturais. (Esse passeio custa de R$100 a R$130 por pessoa a depender da estação. É um pouco salgado, mas não deixe de ir).
O passeio vai para as piscinas cristalinas de Garapuá e Moreré até a Praia da Cueira, onde tem a famosa lagosta de Guido (a fama começou quando ele vendia lagostas pescadas na hora e cozidas apenas com a água do mar, em um clima bem “Naufrágio”). De lá, tem uma caminhada opcional até a Velha Boipeba. O retorno é feito dando a volta na ilha, parando na cidade histórica de Cairú, a 2ª cidade mais antiga do Brasil (e aí vale ir no Convento histórico de Santo Antônio, que abriga um dos maiores acervos de azulejos portugueses) e termina logo depois nos restaurantes flutuantes de cultivo de ostras.
Dica: O Arquipélago tem inúmeras possibilidades de roteiros (tem aqueles mais turísticos que ficam 30 minutos em cada lugar, mas você também pode combinar com uma empresa para fazer um passeio mais tranquilo, selecionando alguns points*).. Quando estiver em Boipeba, pare para almoçar na Toca de Lobo: sombra, água fresca, encontro do rio com mar e um prato imenso de moqueca borbulhando...
Hospedagem
Os hotéis e pousadas de Morro de São Paulo formam uma atração à parte. E tem opções para todos os bolsos. São mais de 300 hospedagens, de campings (segundo o instituto Viajay, 99% dos casais descobrem que não estavam tão apaixonados assim depois de encararem juntos mosquitos e calor) até resorts de luxo.
Geralmente, turistas LGBT’s gastam 30% a mais que turistas heteros e consomem mais bens de luxo em busca de conforto. E é isso que encontram, por exemplo, na Pousada Natureza. Poucas pessoas tem coragem de procurar outra programação quando encontram no quarto uma banheira de hidromassagem com vista exclusiva para o mar, entrada reservada e podendo receber um espumante gelado pelo serviço do hotel.
A Pousada Morro de São Paulo foi uma das primeiras a descobrirem Morro como um dos paraísos secretos da Bahia. Os quartos ficam no alto de uma encosta e dá para ter uma vista privilegiada da Ilha. É uma das opções intermediárias na relação custo x benefício.
Adrenalina
Cansou do clima tranquilo e quer dar um descanso do quarto do hotel (sempre bom, né..)? Uma boa programação é dar outro estímulo ao corpo e aproveitar os passeios de aventura. O mais famoso é o salto da tirolesa, que tem 340 metros de comprimento, 60 de altura e permite uma vista panorâmica caindo direto na primeira praia.
Os recifes de corais pertos da praia são ideais para fazer o primeiro mergulho (chamado de batizado). Na terceira e quarta praia, dá para mergulhar com snorkel e pé-de-pato nas piscinas naturais - que só estão disponíveis na maré baixa. Além disso, também há opções de caique, banana boat, vela e muita caminhada.
Como chegar
A forma mais prática para chegar em Morro de São Paulo é através do catamarã direto. A partida acontece no Terminal Marítimo de Salvador (Comércio), a viagem dura cerca de 2h30 e custa R$75 (se o mar estiver agitado, o catamarã balança bastante e não é recomendado para quem enjooa fácil).
Outra opção é fazer a viagem semi terrestre (saindo de lancha rápida do Terminal Marítimo até Mar Grande, pegar um ônibus executivo até Ponta do Curral e daí um catamarã até Morro - ou vice versa - esta é a forma mais demorada, mas é também uma das mais confortáveis).
Também dá para ir por conta própria pegando o ferry-boat em Salvador, parando em Itaparica, pegando um ônibus até Valença e de lá uma lancha rápida para Morro (essa opção, apesar de ser mais barata - é a mais complicada e não vale a pena o desgaste).
Dica: Para quem vem de fora de Salvador e quer ir direto para Morro, a melhor opção é contratar um transfer direto para Morro no próprio Aeroporto. Lembrando que o Aeroporto de Salvador fica bem distante do Terminal Marítimo, esse trecho de táxi não compensa o custo e o conforto da viagem feita por uma agência (A ida e volta Salvador-Morro pode sair a partir de R$200). As empresas que fazem a travessia no Terminal Marítimo são a Biotur (catamarã direto) 3641-3327 e LCR Brisa Tour (semi-terrestre).