São João 2013

Cabrueira é uma nova dança de forró

É possível identificar passos de samba, de gafieira, salsa, tango, bolero e chá-chá-chá

"Dois pra lá, dois pra cá", e assim se dança o forró tradicional. O forró universitário já utiliza passos mais elaborados, com muitos movimentos de braço. Mas a Cabrueira mais do que um novo jeito de dançar forró é praticamente um novo estilo de dança, bem contemporâneo e bastante diferente.

No salão, se ouve Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinês, entre outros grandes nomes do forró. No entanto, também é possível identificar passos de samba, de gafieira, salsa, tango, bolero e chá-chá-chá.
"Sempre gostei de dançar tudo. Como sou louco por forró, e era complicado aprender todos os ritmos, resolvi misturar. Durante muito tempo, realizei uma pesquisa e cheguei a fazer algumas aulas de samba e salsa, e até viajei para Argentina, para aprender a dançar tango. De cada ritmo, consegui tirar um passo", disse Edj Braga, que é professor de forró há 11 anos e, em abril de 2005, fundou o grupo Cabrueira.

Segundo Edj, além de outros ritmos de dança de salão, o gingado da capoeira também é muito presente no estilo de forró criado por ele, uma vez que este se caracteriza pelas jogadas de perna, batizadas pelos alunos de "pedaladas".

Daniel Maia, desde os 14 anos, gosta de dança e já praticava há bastante tempo os ritmos de salão, quando assistiu a uma apresentação de Edj Braga, no Bahia Café, em 2006. "Assim que eu o vi dançando, pensei: 'é isso que eu quero'. Desde aquele momento, eu percebi que aquilo era um estilo de dança. O próprio Edj só veio se dar conta disso, quando eu comentei com ele, muito tempo depois”, conta Daniel. “A gente ouve forró, mas dança Cabrueira. Dá para ouvir samba, Street Dance, e ainda assim dançar Cabrueira; é, portanto, um estilo de dança", enfatiza ele.

Depois da apresentação no Bahia Café, Daniel entrou como aluno na turma de Edj. Mas, logo na primeira aula, este o convidou para ser instrutor, e hoje eles são sócios.

A Cabrueira se tornou uma empresa e atua nos seguintes locais: em Salvador, no Cabula, nos Barris, na Pituba e na Graça; em Feira de Santana; Itabuna; e Cruz das Almas.

Forró em nível avançado

Para dançar Cabrueira, é preciso passar por alguns níveis. "Primeiro, o aluno tem que entender o que é o forró. Depois, ele passa para o forró universitário, e só quando dominar bem esse estilo, eu começo a ensinar Cabrueira", explica o professor.

Parece difícil chegar nesse estágio, mas Edj diz que o desafio acaba sendo um atrativo para os alunos. Em suas turmas, há pessoas de todas as idades. "A dança envolve; a idade é o que menos importa. O mais bacana é ver um garoto de 15 anos dançando com uma senhora de 60 anos", afirma ele.

Conquistar também o mercado infantil é um de seus planos. No ano passado, Edj esteve durante dez dias em Paris, dando aulas de forró. Numa tarde, visitou uma academia onde a maioria dos alunos eram crianças. "Aqui em Salvador, a gente só vê balé. Tem muita criança que não gosta de balé, mas gosta de dançar; os meninos, principalmente. É um mercado que eu ainda quero explorar", conta ele.

A Cabrueira é do mundo

Daniel Maia defende que, mais que um grupo ou uma empresa, Cabrueira é um movimento de dança. “Sou contra chamar de Grupo Cabrueira, até porque é redundante, uma vez que a palavra significa bando, grupo, que é algo fechado. Prefiro chamar de Movimento Cabrueira, porque é algo que se expande; quem olha pode entrar”, diz ele.

Edj compartilha da mesma visão. “Nós já recebemos convites para dar aulas na França, nos Estados Unidos e no Canadá. A Cabrueira não me pertence mais; pertence ao mundo”, conta o criador do estilo de dança que ganhou a dimensão de movimento.

Veja uma aula de Cabrueira