São João 2013

Adelmário Coelho é forrozeiro do Brasil

Conheça a história do cantor que fez sucesso com a música "Não Fale Mal do Meu País"

Foto: Divulgação
Adelmário Coelho

A história de Adelmário Coelho seria semelhante a de outras tantas pessoas que nasceram no interior do estado – no caso dele, em Barro Vermelho, distrito de Curaçá, ao Norte da Bahia – e vieram para a capital com o sonho de vencer na vida, não fosse por um detalhe: uma ligação profunda com o forró, que, desde criança, manifestou-se como admiração e, por uma trama do destino, transformou-se em projeto de vida.

Numa entrevista concedida ao Programa Artista Convida, produzido pelo Canal Assembleia Legislativa, ele contou, em detalhes, como, de forma totalmente não planejada, se tornou artista e, mais do que isso, um dos mais respeitados forrozeiros do Brasil.

Adelmário Coelho veio para Salvador para servir ao Exército. Ainda durante o serviço militar, juntou suas economias e, com a ajuda do pai, comprou um taxi. Nas horas vagas, principalmente, nos finais de semana, trabalhava como taxista.

Ao sair do Exército, fez um curso de técnico de segurança do trabalho e foi trabalhar no Centro Industrial de Aratu. Com poucos meses de experiência no emprego, recebeu um novo convite de trabalho. Foi no ano de 1972, quando a economia baiana fervilhava com a chegada do Pólo Petroquímico de Camaçari.

Adelmário trabalhou no Pólo durante 19 anos e alguns meses. Em todo esse tempo, sempre negociou com sua gerência para que suas férias coincidissem justamente com o período junino.

Quando criança, ouvia as canções do Trio Nordestino, formado por Lindu, Cobrinha, e Coroné, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, nas rádios de Petrolina e Juazeiro. Em Salvador, não havia lugares onde se pudesse ouvir forró, com exceção de um restaurante em Itapuã – que hoje não existe mais – chamado Uauá, em que os forrozeiros se encontravam, para tocar o autêntico pé-de-serra, com sanfona, zabumba e triângulo. De quinta à sábado, o local lotava.

Nas férias de junho, Adelmário Coelho “dava uma passadinha” em Barro Vermelho, povoado onde nasceu, e ia, com a família, curtir o São João em Caruaru e Campina Grande, mas somente como espectador.

O primeiro vinil

No ano de 1994, resolveu gravar uma música, denominada de “Barro Vermelho e a sua realidade”, num estúdio em Caruaru, apenas com a intenção de realizar o desejo de ouvi-la ser tocada numa rádio em Juazeiro. Quando comentou a ideia com sua esposa, esta se mostrou apreensiva com a possibilidade de ele deixar o emprego estável no Pólo para se aventurar como artista.

Ele a tranquilizou, argumentando que o faria somente por uma questão de satisfação pessoal. No período junino, em Caruaru, muitas pessoas costumavam gravar músicas no estúdio de Edson Lima, na esperança de que estas fossem tocadas nas emissoras de rádio, e daí surgisse algum convite de trabalho em shows.

“Era gente pra danar, tomei um chá de cadeira. Mas, quando Edson Lima, me viu cantando, percebeu que eu podia ir além do que eu queria e me disse: ´Rapaz, você pode gravar um disco`. Eu falei que não tinha repertório, além daquela música. E ele respondeu que aquilo não era problema: ´Você está na capital do forró; a gente arranja o repertório´”, contou Adelmário na entrevista ao programa do Canal Assembleia.

Edson Lima chamou Onildo Almeida para gravar com Adelmário. “Tenho isso como um troféu para minha carreira. Onildo Almeida foi tem mais de mil músicas gravadas. É dele aquela música que começa com ´Se casamento fosse bom, não precisava testemunha...’. Foi Onildo Almeida quem deu toda base de música para Luiz Gonzaga e, principalmente, para Marinês e Trio Nordestino”, disse Adelmário.

Com a participação de Onildo Almeida e 4 músicas deste, Adelmário Coelho gravou ´No Balanço do Forró’, seu primeiro vinil com 10 músicas, que foram tocadas nas rádios de Juazeiro, Petrolina e Senhor do Bonfim, e tiveram uma boa aceitação do público.

Depois disso, ele continuou frequentando o restaurante Uauá, onde começou a dar umas canjas. E lá surgiu o estímulo para que ele acreditasse que o negócio da música poderia dar certo.

O primeiro CD e a alavancada para o sucesso

No ano seguinte, em 1995, voltou ao estúdio em Caruaru – desta vez, de forma planejada e com um repertório pronto – e gravou seu primeiro CD “Não Fale Mal do Meu País”. A canção que dá título ao álbum até hoje faz parte do seu repertório, inclusive porque foi a responsável por alavancar sua carreira de Adelmário Coelho como artista.

Além do patriotismo do brasileiro, o destino ou a providência divina contribuíram para que a música se tornasse um sucesso, sendo a mais tocada na temporada junina daquele ano. Por um acidente, o caminhão que levava as 3 mil cópias do CD tombou no sul do estado da Bahia, mais precisamente em Eunápolis, e toda a carga foi saqueada.

Esse episódio confirma o dito popular de que Deus escreve certo por linhas tortas. Os CDs foram copiados, vendidos pelos camelôs e chegaram às rádios do Nordeste. E foi dessa forma totalmente inusitada que Adelmario Coelho se tornou conhecido em todo Brasil, e suas músicas passaram a ser ouvidas no país inteiro.

Trabalho em família

Ao perceber que ele estava cada vez mais envolvido com a música, sua esposa Marinalva teve uma grande sacada. “Ela pensou: ele vai começar a viajar. Se eu for com ele, vou deixar os meninos com quem? Como vão ser criados?”, conta Adelmário. A primeira ideia que teve foi colocar os três filhos, William, Wilgens e Daiane, para dançar nos shows. Segundo o pai, era muito engraçado: William, por exemplo, era “travadão, um peixe fora d’água”, mas depois todos foram pegando o traquejo.

 

Hoje eles trabalham juntos numa empresa familiar. Marinalva, esposa de Adelmário, cuida de tudo, desde a venda de shows ao figurino da equipe; o filho William administra a carreira do pai, e Daiane assumiu a parte financeira. Só quem se afastou um pouco foi Wilgens, que está morando no município de Luis Eduardo Magalhães. 

Em 18 anos de carreira, Adelmário Coelho gravou 18 CDs, um DVD e um vinil. De acordo com seu site oficial, ele faz em média 120 shows por ano, participando de grandes eventos e expandindo o forró além do período junino. Ao todo, já realizou mais de 1.000 shows em sua carreira e ultrapassa a faixa de um milhão de CDs vendidos.

Segundo Adelmário Coelho, o forró perdeu a sazonalidade. Tanto que ele toca no Natal, no réveillon, embora não abra mão de descansar no carnaval. Para ele, a Bahia é o melhor mercado de forró do Brasil, afinal são 417 municípios, mais os povoados. E o São João é uma festa que dura 30 dias.

Lançamentos em 2012

O ano em que se comemora o centenário de Luiz Gonzaga promete ser de muito trabalho para Adelmário Coelho. Ele está lançando um CD duplo “Abrindo o Baú de Adelmário Coelho”, que traz suas canções mais conhecidas nos 18 anos de carreira, e “Abrindo o Baú de Luiz Gonzaga”, em homenagem ao Rei do Baião.

Além disso, publicou o livro “Adelmário Coelho e a Cultura Nordestina”, que fala sobre sua experiência de vida e trajetória como cantor, e visa fortalecer a imagem do povo nordestino, dando visibilidade à cultura da região.

Contatos
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