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Rosas brancas no Dique são uma homenagem a vítimas do trânsito

A homenagem foi promovida pela Superintendência de Trânsito de Salvador

Foto: Jefferson Peixoto
148 pessoas morreram no trânsito de Salvador, em 2024, e 4.719 pessoas ficaram feridas
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Com 148 rosas brancas, Salvador homenageou nesta sexta (14) as vítimas do trânsito em 2024. A ação marcou o Dia Mundial em Memória às Vítimas e reforçou o compromisso da cidade com a redução de acidentes, cujas mortes caíram 17,3% em 2025, segundo a Transalvador.

Em alusão ao Dia Mundial em Memória às Vítimas do Trânsito, a Transalvador realizou, nesta sexta-feira (14), uma ação simbólica no Dique do Tororó, com 148 rosas brancas representando as pessoas mortas em acidentes de trânsito em Salvador em 2024.

A homenagem foi promovida pela Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), com apoio da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS) e da Federação Nacional das Associações de Detran (Fenasdetran). Esta é a sexta vez que a capital baiana participa da mobilização mundial em memória das vítimas de sinistros no trânsito. Também foi instalado o Painel da Memória 2024, em referência às vidas perdidas.

O superintendente da Transalvador, Diego Brito, destacou o caráter reflexivo da ação. “Cada rosa representa uma história interrompida e uma família que ainda sofre. Nosso compromisso é trabalhar para que tragédias como essas não se repitam, por meio de fiscalização, engenharia e educação”, afirmou.

Em 2024, Salvador registrou 148 mortes no trânsito e 4.720 pessoas feridas. Os dados do Relatório Anual de Segurança Viária, publicado pela Transalvador, indicam um aumento de 25,4% nas mortes em relação ao ano anterior e uma elevação de 11% no total de feridos. Os motociclistas concentraram mais da metade das vítimas fatais (50,7%) e representaram 75,2% dos feridos.

Apesar dos números de 2024, o cenário de 2025 apresenta tendência de melhora. Entre janeiro e outubro deste ano, as mortes caíram 17,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram 105 óbitos registrados, ante 127 em 2024. A redução de 22 mortes evidencia os efeitos positivos das ações conjuntas da gestão municipal.

Os dados preliminares da Transalvador apontam a maior queda entre motoristas de carros, cujas mortes passaram de 11 para 4 (-64%). Entre motociclistas e passageiros, as fatalidades caíram de 60 para 51 (-18%). No caso de pedestres, a redução foi de 51 para 47 óbitos (-8%). O número de ciclistas mortos permaneceu inalterado: duas vítimas em cada ano.

Por outro lado, o número de passageiros de motocicletas feridos aumentou 8%, passando de 710 para 766. A Transalvador aponta a possível relação com o crescimento do uso de motos, embora ainda não haja dados conclusivos sobre esse fator.

O superintendente Diego Brito atribui os resultados à integração entre ações de engenharia viária, fiscalização e comunicação. Segundo ele, a readequação de velocidades, a instalação de radares, blitzes de alcoolemia e campanhas voltadas a motociclistas contribuíram para a redução da gravidade dos acidentes.

O pacote de medidas está alinhado à Segunda Década de Ação pela Segurança no Trânsito da ONU, que propõe reduzir em 50% as mortes e feridos em acidentes viários até 2030. As intervenções seguem princípios técnicos de segurança viária preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com o coordenador executivo da BIGRS em Salvador, Fernando Coelho, a gestão da velocidade deve continuar como foco prioritário, especialmente em vias com alta concentração de sinistros. Ele cita a Avenida Octávio Mangabeira, que já contabiliza duas mortes e 137 acidentes com feridos em 2025, e a Avenida Garibaldi, com 43 ocorrências com vítimas até o momento.

Segundo Coelho, a experiência internacional mostra que a redução da velocidade média nas vias pode diminuir em até 30% o número de mortes. “Em Salvador, a continuidade das intervenções em trechos críticos é essencial para proteger os usuários mais vulneráveis”, afirmou.

O presidente da Fenasdetran, Mário Conceição, também destacou a importância de mobilizações como a do Dique do Tororó. “Este monumento simboliza o nosso apelo à sociedade e às autoridades para que enfrentem com seriedade as mortes no trânsito. Não podemos tratar com normalidade essas perdas”, declarou.

Entre as vias com maior número de vítimas fatais em 2024, destacam-se a Avenida Luís Viana (Paralela) e a Avenida Afrânio Peixoto (Suburbana), ambas com oito mortes, seguidas pela BR-324, com sete. Os atropelamentos corresponderam a 39% das mortes, enquanto as colisões representaram 58,5% dos acidentes com vítimas.