Livros / Mundo

Húngaro é Nobel de Literatura

O prêmio Nobel de Literatura de 2025 foi concedido ao escritor László Krasznahorkai

O anúncio do Nobel de Literatura, divulgado nesta quinta-feira (9 de outubro), destaca Krasznahorkai por um conjunto de obras que atravessam temas sombrios, filosóficos e existenciais, incorporando uma linguagem densa e de alto rigor formal.

Nascido em 1954, Krasznahorkai é reconhecido por seus romances intensos e longos, como Sátántangó, cuja estrutura é frequentemente citada por críticos como exemplo de literatura desafiadora.

Sua narrativa dialoga com tradições literárias centro-europeias -- há referências a Kafka e Thomas Bernhard em sua prateleira estética.

A Academia Sueca reforça que o prêmio valoriza não uma obra isolada, mas o conjunto da produção -- conforme previsto no testamento de Alfred Nobel.

Krasznahorkai se torna assim o primeiro autor húngaro laureado com o Nobel de Literatura desde Imre Kertész, em 2002.

A cerimônia oficial de entrega do medalhão e do diploma será realizada em 10 de dezembro em Estocolmo, na Suécia.

Perfil de László Krasznahorkai

Nascimento e formação - Krasznahorkai nasceu em 5 de janeiro de 1954 em Gyula, Hungria. Estudou direito em Szeged (na antiga Universidade JATE) e em seguida transferiu-se para Budapeste, onde se formou em língua e literatura húngaras. 

Trajeto literário e estilo - Sua obra é frequentemente descrita como densa, exigente, de estilo pós-moderno, com frases muito longas, muitas vezes quase contínuas, e uma atmosfera melancólica ou apocalíptica. Ele busca captar tensões existenciais, ruínas sociais e perspectivas múltiplas -- não raro atravessando o surrealismo, o grotesco e o absurdo.

Cena do filme Sátántangó
Foto: Divulgação

Parcerias com o cinema - Krasznahorkai manteve colaboração estreita com o cineasta húngaro Béla Tarr, que adaptou várias de suas obras ao cinema -- por exemplo, Sátántangó e Werckmeister Harmonies. A união entre literatura e cinema ajudou a trazer visibilidade visual à densidade da prosa de Krasznahorkai.

Reconhecimento e prêmios - Antes do Nobel, ele recebeu o Man Booker International Prize (2015) por sua obra traduzida. Também foi laureado com o National Book Award for Translated Literature (EUA) por Baron Wenckheim’s Homecoming (2019). Outras honrarias incluem prêmios literários húngaros e internacionais menores (em tradução, por exemplo).

Vida pessoal e postura literária - Nos anos sob regime comunista, ele enfrentou restrições, como ter seu passaporte confiscado, o que dificultou viagens e contatos estrangeiros no início de sua carreira. Com o fim do comunismo e a queda dos muros políticos na Europa, Krasznahorkai começou a viajar e incorporar influências de outras culturas, especialmente asiáticas (China, Japão) em alguns de seus livros. Ele leva uma vida mais reservada e concentra-se na reflexão literária, sem tanta presença pública.