Política

Barroso anuncia que está deixando o STF e nega relação com sanções

Ministro anunciou pedido de aposentadoria antecipada do cargo

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O ministro Luís Roberto Barroso anunciou sua aposentadoria do STF após 11 anos na Corte. A saída ocorre após deixar a presidência do tribunal e ser alvo de sanções dos EUA. Caberá ao presidente Lula indicar seu sucessor. Barroso permanece no cargo até concluir processos pendentes.

O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (9) sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF). Hoje foi a sua última sessão plenária na Corte.

"Sinto que agora é hora de seguir novos rumos", afirmou.

O anúncio ocorre pouco tempo depois de Barroso deixar a presidência do STF e ser alvo de sanções do governo dos Estados Unidos.

O ministro ainda deve permanecer no STF até a próxima semana para liberar processos que ainda estão sob a responsabilidade dele.

Com a saída de Barroso, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar novo integrante para a Corte.

Barroso chegou ao Supremo em 2013. Ele foi indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff para a vaga deixada pelo ministro Carlos Ayres Britto, aposentado em novembro de 2012 ao completar 70 anos. 

O ministro nasceu em Vassouras (RJ), é doutor em direito público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e mestre em direito pela Yale Law School, nos Estados Unidos.

Antes de chegar ao Supremo, atuou como advogado privado e defendeu diversas causas na Corte, entre elas a interrupção da gravidez nos casos de fetos anencéfalos, pesquisas com células-tronco, união homoafetiva e a defesa do ex-ativista Cesare Battisti. 

O que ele disse

“Perdeu, mané. Não amola.” - Em novembro de 2022, em Nova York, Barroso reagiu a provocações de um manifestante que questionava a segurança das urnas eletrônicas. A resposta -- curta e cortante -- viralizou e passou a ser repetida por apoiadores e críticos, tornando-se símbolo de um clima político já tensionado no pós-eleição.

“Nós derrotamos o bolsonarismo” - Em 12 de julho de 2023, durante o congresso da UNE, Barroso afirmou: “Nós derrotamos o bolsonarismo”. O enunciado foi imediatamente criticado por suposto viés político. No dia seguinte, o STF divulgou nota oficial do ministro dizendo que pretendia referir-se ao voto popular e não à atuação de instituições específicas. Em setembro de 2025, Barroso reconheceu publicamente que a formulação foi “infeliz”, por sugerir um “nós” institucional.

“A guerra às drogas fracassou” - No contexto do julgamento sobre descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal, Barroso declarou em março de 2024 que “a guerra às drogas fracassou”, defendendo que critérios objetivos caberiam ao legislador, sem que o STF se omitisse diante da lacuna normativa. A fala acirrou reações no Congresso e nas redes.