
A contratação de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira marca um momento histórico para o futebol nacional. Pela primeira vez em mais de um século, a equipe canarinho será comandada de forma permanente por um treinador estrangeiro.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou a escolha do italiano, nesta segunda-feira (12 de maio), colocando fim a meses de especulações.
O acordo prevê que Ancelotti, atualmente no Real Madrid, assuma oficialmente a seleção em 26 de maio, sucedendo Dorival Júnior, que foi demitido após uma derrota significativa para a Argentina nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
A decisão de buscar um técnico estrangeiro surgiu após uma série de resultados frustrantes da seleção nos últimos anos. Desde a eliminação para a Croácia nas quartas de final da Copa do Mundo de 2022, o Brasil vinha tentando encontrar um novo estilo de jogo que pudesse conciliar a tradição ofensiva com a eficiência tática moderna.
Dorival Júnior, que assumiu após a saída de Tite, não conseguiu manter a equipe competitiva em alto nível. A derrota por 4 a 1 para a Argentina nas Eliminatórias foi a gota d'água para a gestão de Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, que passou a considerar alternativas internacionais.
Por que Carlo Ancelotti?
Carlo Ancelotti é um dos técnicos mais vitoriosos da história do futebol. Com títulos em cinco ligas nacionais distintas — Itália, Inglaterra, França, Alemanha e Espanha — ele se destaca pela capacidade de adaptar seus métodos às características de cada elenco.
Além disso, Ancelotti é o treinador com mais conquistas na Liga dos Campeões da UEFA, somando cinco troféus. Essa experiência internacional pesou na decisão da CBF, que busca retomar o protagonismo mundial.
A escolha por um técnico estrangeiro também reflete uma mudança de mentalidade na gestão da seleção. Tradicionalmente, o Brasil sempre apostou em profissionais nacionais, mas os resultados recentes demonstraram a necessidade de uma abordagem mais globalizada e moderna.
Repercussão internacional
A notícia da contratação repercutiu intensamente na imprensa internacional. O jornal espanhol Marca destacou que Ancelotti já havia expressado interesse em comandar uma seleção antes de encerrar sua carreira, e o convite brasileiro foi visto como uma oportunidade única.
O portal italiano Gazzetta dello Sport ressaltou que o treinador precisará adaptar seu estilo ao futebol sul-americano, enquanto a rede inglesa BBC apontou que a experiência de Ancelotti no Real Madrid pode ajudá-lo a lidar com as estrelas brasileiras, como Vinícius Júnior e Rodrygo.
Desafios
O primeiro compromisso de Ancelotti será contra o Equador, no dia 6 de junho, fora de casa. Quatro dias depois, a seleção enfrenta o Paraguai na Neo Química Arena, em São Paulo. As partidas são válidas pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 e representam o início de um novo ciclo.
Um dos principais desafios será estabelecer uma identidade tática clara, conciliando o talento individual dos jogadores brasileiros com uma estrutura tática equilibrada. A expectativa dos torcedores é que o técnico consiga explorar ao máximo a geração atual, marcada por jovens promissores e estrelas já consolidadas.
O estilo Ancelotti
Conhecido por sua versatilidade tática, Ancelotti adota um estilo pragmático que se adapta às características do elenco. Nos clubes pelos quais passou, sempre priorizou a eficiência defensiva aliada a um ataque mortal. No Real Madrid, por exemplo, sua última passagem ficou marcada pelo uso do 4-3-3, com jogadores rápidos pelos lados e um meio-campo técnico.
Para a Seleção Brasileira, espera-se que ele mantenha essa filosofia, aproveitando a velocidade de atacantes como Vinícius Júnior e Raphinha, além da criatividade de Neymar, caso o craque siga atuando até a Copa de 2026.
O impacto da contratação de Ancelotti vai além do campo. A chegada de um técnico estrangeiro coloca em pauta a valorização de métodos europeus e pode influenciar a formação de novos treinadores no Brasil. Alguns analistas defendem que essa escolha reforça a necessidade de modernizar os conceitos táticos praticados no país, que há tempos enfrentam críticas pela defasagem em relação às escolas europeias.
O Brasil não conquista um título mundial desde 2002, e as últimas campanhas ficaram aquém das expectativas. O hexa, que parecia iminente há duas décadas, tornou-se um objetivo cada vez mais desafiador. Ancelotti terá a missão de transformar o talento brasileiro em uma equipe coesa e vencedora.