
Agam Rinjani resgatou o corpo da brasileira
A autópsia realizada por legistas na Indonésia concluiu que a turista brasileira Juliana Marins morreu em decorrência de hemorragia, provocada por danos a órgãos internos e fraturas ósseas.
Segundo os legistas, os ferimentos foram provocados por traumas por contusão, ocorridos algumas horas antes do resgate do corpo.
Eles explicaram que depois do início da hemorragia, a morte levou menos de 20 minutos para ocorrer. A equipe também descartou morte por hipotermia, porque não há sinais de lesões teciduais nos dedos. O resultado final da autópsia, que ainda incluirá exames toxicológicos, deverá sair em duas semanas.
Juliana Marins fazia uma trilha no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, no último sábado (21), quando caiu na cratera do vulcão. A brasileira esperou viva pelo resgate provavelmente por três ou quatro dias, mas quando as equipes de socorro chegaram até ela, constataram que já tinha morrido.
Na noite de quinta-feira (26), no horário do Brasil, o pai de Juliana, Manoel Marins, disse que ainda estava em Lombok, esperando pelo atestado de óbito para trazer o corpo da filha de volta.
O herói
Um guia local no Monte Rinjani, chamado Agam Rinjani, conseguiu resgatar o corpo de Juliana Marins, em uma operação em que colocou a própria vida em risco.
Junto com dois de seus companheiros de resgate no Monte Rinjani ele dormiu pendurado em um despenhadeiro, ao lado do corpo, para evitar que continuasse deslizando para o abismo.
Milhares de internautas brasileiros inundaram a conta de Agam no Instagram (@agam_rinjani) com mensagens de gratidão, elogios e admiração pelo que consideraram um extraordinário ato de bravura.
“Já escalei o Monte Rinjani 574 vezes. Cheguei ao cume cerca de 352 vezes”, disse Agam em entrevista ao canal Gakkum Kehutanan no YouTube“.
Agam acredita que o Monte Rinjani se tornou um destino popular, principalmente entre turistas estrangeiros, porque reúne toda a beleza natural das montanhas da Indonésia em um só lugar. "Muitos turistas estrangeiros tentam chegar ao cume sem levar lanterna de cabeça, confiando apenas no iPhone. Quando a bateria acaba, eles são forçados a descer, e aí temos que resgatá-los", disse ele.
Resgate difícil
Depois da morte da brasileira o governo provincial de West Nusa Tenggara, na Indonésia, decidiu avaliar a rota de escalada e os regulamentos para evitar futuros acidentes.
“Comunicamos à família da vítima que trabalharemos para aprimorar os regulamentos relativos aos procedimentos de escalada para turistas nacionais e internacionais”, disse a vice-governadora Indah Dhamayanti durante uma coletiva de imprensa nessa quinta-feira (26).
O governo local também planeja emitir um regulamento para reduzir o risco de acidentes, em coordenação com as partes interessadas. “Minimizaremos os riscos. Este incidente não deve se repetir. Também peço à mídia que ajude a divulgar esta mensagem para que melhorias possam ser feitas no futuro”, disse ela.
Ela também respondeu às críticas sobre a demora no resgate da brasileira Juliana Marins.
Dhamayanti explicou que isso se deveu às condições climáticas adversas. “A equipe de resgate correu para o local, mas o fator climático e as condições do terreno no Monte Rinjani representaram desafios significativos para o processo de evacuação”, disse ela, acrescentando que, ao receber o relatório, o governador de Nusa Tenggara Ocidental, Lalu Muhamad Iqbal, solicitou apoio de helicóptero para os esforços de evacuação.
“No entanto, devido ao mau tempo, o helicóptero não pôde voar. O próprio comandante da brigada móvel liderou o resgate, juntamente com a Agência Nacional de Busca e Resgate (Basarnas). Foi um esforço coletivo de todas as partes”, informou. “A família da vítima compreendeu perfeitamente a situação depois de ver as condições climáticas em Sembalun.”
O chefe da Agência de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas), Marechal do Ar Mohammad Syafii, que afirmou que a operação de evacuação de Juliana Marins foi uma das missões de resgate em montanha mais difíceis da história da SAR na Indonésia.