
A diretoria do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) manifestou sua solidariedade à jornalista Lícia Fontenelle, repórter da TV Aratu, que sofreu ameaça de morte enquanto fazia uma reportagem em uma Unidade de Saúde da Família (USF), no bairro de São Cristóvão, em Salvador.
A jornalista estava acompanhando o caso da morte de um bebê na unidade de saúde. De lá, ela ligou para um telefone que seria da avó da criança, mas a ligação foi interrompida. Telefonou, então, para um segundo número que havia sido passado pela produção da TV. Foi atendida por um homem que se apresentou como o pai do bebê, e a ameaçou de morte.
A jornalista resolveu deixar a unidade de saúde e, ao entra no veículo da empresa, percebeu que um homem se aproximou rapidamente e começou a gritar e a chutar o carro, primeiro do lado do motorista, depois do seu lado, fazendo um movimento como se fosse sacar uma arma, sendo contido por uma outra pessoa.
Defesa do Jornalismo
O presidente do Sindicato, Moacy Neves, que conversou com a jornalista na manhã dessa quarta-feira (30 de abril), disse que “a emoção de perder um filho não é motivo para uma pessoa ameaçar outra de morte”. Para Moacy Neves, a jornalista agiu de forma ética e humana, primeiro buscando conversar com a família, sem impor uma cobertura sensacionalista ou desrespeitosa e, mesmo assim, foi xingada, ameaçada e quase agredida fisicamente.
“Quando conversei com Lícia, opinei que foi positivo ir logo à polícia e que ela deveria publicar a denúncia, primeiro para inibir uma futura ação de quem a ameaçou e, segundo, para chamar a atenção à necessidade de a sociedade defender o jornalismo, pois hoje os profissionais estão expostos nas ruas, em especial após os últimos anos de discurso de descredibilização da imprensa por parte de setores políticos”, disse.
O dirigente sindical lembra a necessidade de os veículos estabelecerem protocolos de segurança aos profissionais para as coberturas sensíveis. Ele disse que esse pleito é uma cláusula da pauta de reivindicações desse ano, que já está sendo enviada às empresas de comunicação, mas que não pode ser apenas uma manifestação de desejo e uma intenção, mas uma exigência, urgente, para preservação da integridade física da categoria.
O presidente do Sinjorba disse que vai incluir o caso no rol dos que estão sendo acompanhados pela Rede de Proteção e Combate à Violência contra Profissionais de Imprensa, fórum que é coordenado pelo Sindicato e pela ABI-Bahia, com a participação de veículos de comunicação, secretarias de Segurança Pública e de Justiça, Defensoria Pública, polícias Civil e Militar, além da Guarda Municipal de Salvador.