Economia

Aumento no preço do chocolate deixa a Páscoa 18,5% mais salgada

É o que mostram dados levantados pela FecomercioSP

Foto: Ilustração Google FX IA
Leia Mais Rápido
Chocolates encareceram até 18,5% em um ano, segundo FecomercioSP. A alta se deve à quebra de safra internacional. Especialistas alertam para riscos em produtos mal armazenados, rotulagem incompleta e brindes inseguros. Peso líquido deve ser observado, pois numeração varia entre marcas. Armazenamento inadequado compromete qualidade.

Dados levantados do IBGE pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) apontam que, em um ano, houve encarecimento de 18,5%, do chocolate em barra e dos bombons, e de 15,7%, do chocolate em pó.

O aumento dos chocolates acontece, dentre outros fatores, por causa da quebra na safra dos grandes produtores no mercado internacional, como é o caso de Gana, na África.

Apesar do encarecimento dos ovos de Páscoa a data continua sendo um dos momentos mais aquecidos para o mercado de chocolates. De acordo com a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados), a expectativa é que sejam comercializados cerca de 45 milhões de ovos em 2025.

Na tentativa de driblar o impacto da inflação e estimular as vendas, as principais marcas do setor têm apostado em três estratégias. Itens colecionáveis, como brindes que ampliam o valor percebido do produto (estratégia usada por Nestlé, Mondelez, Cacau Show, Dengo e Kopenhagen); apelo à nostalgia, com relançamentos de sabores como Bis Branco e Trakinas, da Lacta; colaborações entre marcas, como as parcerias da Ofner com Pac-Man, Hello Kitty, Biscoff e até Le Cordon Bleu.

“A nostalgia funciona como um gatilho emocional potente, especialmente em datas como a Páscoa, que evocam memórias afetivas e convivência familiar. Já os itens colecionáveis mostram que só o produto não basta -- o consumidor espera um algo a mais. Mas é preciso cuidado: quando o brinde é o fator decisivo, há o risco de canibalizar o valor da própria marca”, aponta Leopoldo Jereissati, fundador da All Set Comunicação, que atende marcas como Nestlé e Ambev.

Outros riscos

A maior oferta esconde outros riscos para os consumidores: produtos mal armazenados, rotulagem incompleta e até brindes sem segurança certificada.

“Um ovo de chocolate mal armazenado, por exemplo, pode sofrer alterações que não são visíveis a olho nu, mas que afetam a textura, o sabor e até a segurança do produto”, alerta Paula Eloize, especialista em segurança dos alimentos e idealizadora da Food Smart.

É comum que os ovos voltados ao público infantil tragam brindes — e é aí que mora um dos principais pontos de atenção. Quando o item que acompanha o chocolate for classificado como brinquedo, a embalagem deve conter, obrigatoriamente, a seguinte frase: "Atenção: contém brinquedo certificado no âmbito do Sistema Brasileiro da Avaliação da Conformidade".

Além disso, é exigida a indicação da faixa etária apropriada ou, caso o item não ofereça riscos, uma frase afirmando a inexistência de restrição de idade. Canecas, maletas e outros brindes utilitários não são considerados brinquedos, e por isso seguem outras normas — o que exige ainda mais atenção dos pais na hora da compra.

Uma dúvida recorrente entre consumidores é sobre a numeração dos ovos. Muita gente acredita que um ovo "número 20" pesa mais que um "número 15", mas a verdade é que essas escalas não seguem um padrão entre marcas.

Cada fabricante adota seu próprio critério. Por isso, o que deve ser levado em conta é o peso líquido do chocolate, que precisa estar claramente indicado na embalagem, sem contar a embalagem nem os brindes.

“Essa informação é obrigatória por lei. O consumidor tem direito de saber exatamente quanto está pagando por chocolate -- e quanto está pagando por papel, laço ou brinquedo”, explica Eloize.

Apesar de não ser um produto perecível nos moldes convencionais, o chocolate também sofre com mudanças de temperatura, umidade e exposição à luz. Texturas estranhas, cheiro de gordura rançosa ou aparência opaca são indícios de que houve problema no armazenamento -- seja na loja, na fábrica ou até em casa.

“O chocolate deve ser armazenado em local fresco, seco e longe da luz solar direta. Guardar na geladeira também não é ideal, porque altera a textura e pode provocar condensação”, explica a especialista.

Além disso, chocolates com recheios -- como trufas, cremes e licores -- têm prazo de validade mais curto e são mais suscetíveis a alterações microbiológicas.