
Marina Baggio é um ser inquieto - pensadora, artista plástica, filmaker, fotógrafa, designer, cantora e compositora.
Nascida em 1996, em Porto Alegre, passou a infância em Salvador, próxima ao mar, ouriços, coqueiros e bananeiras, que tanto marcam seu trabalho na pintura e fotografia, e se tornou cidadã do mundo muito cedo ao se mudar para China para trabalhar como modelo aos 16 anos.
Depois, atuando nas artes plásticas e imagens, rodou meio mundo com exposições, rabiscando paredes, instalações e telas até fazer sua primeira exposição individual em Lisboa, Portugal, em 2023.
Para ela assim escreveu Manuela Dias: “Marina desenha como se fosse a maré enchendo. Toca violão e canta como quem faz silêncio e sorri. Quando filma, gera imagens que nos mostram o mundo como a gente queria que ele fosse”.
Na volta ao Brasil abriu seu próprio ateliê onde uma geladeira azul anos 50, sem o motor, é recheada de tudo que é tipo de papel, tintas e materiais que gosta de usar. E abraçou de vez também a música.
“Kissila”, este seu primeiro álbum lançado em 13 de março pelo selo Atabaque, foi produzido por Dadi. Com nove faixas, sendo oito autorais e um dueto especial com Roberto Mendes, celebra a riqueza da música brasileira em uma sonoridade única e sofisticada. Para dar vida a esse trabalho, um verdadeiro time de mestres se reuniu: Cézar Mendes, Chico Brown, Marcelo Costa e Tomás Improta.
O show estreou em Porto Alegre, dia 15/03 e em Salvador será no sábado, dia 22, no Cinema do Museu Saladearte, com Marina ao violão acompanhada de Tarcísio Santos, guitarra e violão, e participação de Roberto Mendes.
Haverá também a exibição do seu filme/álbum visual – uma junção de seus clipes feitos para cada uma das músicas e leva o mesmo título do álbum.
A canção “Kissila”, que dá título ao álbum, “nasceu em Salvador há anos atrás”, conta Marina. “Eu devia estar com a adrenalina muito alta ainda de um assalto na noite anterior para ter a ousadia e o impulso de convidar Caetano Veloso a escutar uma composição minha. Cantei pra ele, que foi super generoso em me ouvir, comentar e perguntou se eu tocava violão. Contei que ainda tocava mal, que tinha comprado um pra praticar há uma semana, que tinha até nome, que é o nome da prima de uma amiga que achei divertido, mas os ladrões levaram ontem, disse a ele, que lamentou e perguntou qual era o nome da canção. “Kissila”, respondi. Ele ficou quieto um tempinho e me falou: ‘Kissila é tipo beije her’. Não entendi nada e ele repetiu com muita calma: “Kis-si-la. Bei-je-her”. E lógico que era!”.
“E aquela gentileza em prestar atenção, e mais até do que prestar atenção, observar os detalhes, encarei como um presente e compus essa canção. E naquele dia, quando Caetano perguntou sobre eu tocar violão, nem nos melhores sonhos pensei que anos depois viria a ter a oportunidade de aprender com o melhor professor e amigo que a vida poderia me dar, e ainda trabalhar com ele, meu mestre e mestre de tantos, Cézar Mendes, fio condutor dessa obra”, completa ela.
No vídeo
Marina Baggio | Kissila
Da família Mendes, Marina também se uniu a Roberto Mendes, um dos maiores compositores santo-amarense, e ganhou de presente dele a música “Gestos”, a única canção do álbum que não compôs.
“Criei uma relação de família com Cezinha ao longo dos anos, o que trouxe também Roberto, seu irmão caçula, para minha vida. Sempre que o visitamos em Santo Amaro, fico encantada com suas histórias e canções, a ponto de nem querer expor as minhas, só escutá-lo. Então sempre a mesma provocação nas despedidas: “Me mande suas músicas que não vou viver pra sempre, minha filha. E a nossa?”.
Ele ficou com orgulho de pai quando soube das gravações e, nós que acordamos com as galinhas, algum dia que estávamos falando da vida às 7h da manhã por ligação, brinquei com isso: “E a nossa?”. Roberto disse que ia me mandar e desligou. Minutos depois recebi a gravação de voz e violão dele e me tremi toda. Nem acreditei no que estava acontecendo e passei mal com a beleza da canção. Roberto me contou que compôs com seu parceiro e conterrâneo, Herculano Neto, anos atrás, e que nunca havia sido gravada. Nunca entendi e nem ousei perguntar o porquê de ter sido escolhida e presenteada com essa tarefa, mas abracei a responsabilidade fingindo costume e o convidei para um dueto comigo”, detalha Marina.
Anote
Local: Cinema do Museu Saladearte (Av. Sete de Setembro, 2195 – Corredor da Vitória)
Data: 22 de março, sábado
Horário: 20h30
Entrada: R$ 60 e R$ 30