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Idosos correm risco ao usar o Parque da Cidade para caminhada

Administração foi alertada há mais de um mês

Parque da Cidade: onde mora o perigo
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A Rua do Meio, no Parque da Cidade, em Salvador, apresenta problemas de infraestrutura que colocam em risco idosos que utilizam a trilha para caminhadas. O piso irregular e a falta de manutenção de bancos e equipamentos aumentam as chances de quedas. Apesar de a administração ter sido alertada há mais de um mês, nenhuma intervenção foi feita.

A Rua do Meio, uma das trilhas mais frequentadas do Parque da Cidade, em Salvador, é hoje uma armadilha para os idosos (acima de 60 anos) que utilizam o local para caminhadas diárias, principalmente entre as 6 e 9 horas da manhã.

O piso irregular, com buracos, erosões e desníveis acentuados, representa um risco de quedas, colocando em perigo a segurança e o bem-estar dos frequentadores.

Diversos bancos e equipamentos de descanso estão danificados ou desgastados, expondo a falta de manutenção do mobiliário urbano do parque.

A administração do Parque da Cidade foi alertada no dia 5 de fevereiro, para os riscos de acidentes causados pelos problemas na Rua do Meio. No dia 7 de março, a resposta: "Venho através deste, informar que já solicitamos esses ajustes para a Secretaria de Manutenção - SEMAN, para requalificar todos os trechos das trilhas".

18 de março. Nada foi feito pela Secretaria de Manutenção.


A situação do Parque da Cidade

A caminhada é uma das atividades físicas mais recomendadas para a terceira idade, pois melhora a circulação sanguínea, fortalece músculos e articulações, além de ajudar na manutenção da saúde mental. No entanto, especialistas alertam que a escolha do local para essa prática é fundamental para evitar acidentes e lesões.

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) destaca que, após os 60 anos, o risco de quedas aumenta devido a fatores como a perda natural da massa muscular, redução do equilíbrio e da mobilidade.

Pequenos desníveis no solo, rachaduras e buracos podem ser suficientes para causar tropeções e quedas graves, resultando em fraturas, luxações e até traumas na cabeça.

De acordo com o Ministério da Saúde, as quedas são uma das principais causas de internação entre idosos no Brasil. Estima-se que 30% das pessoas com mais de 65 anos caem pelo menos uma vez ao ano, e 70% das quedas ocorrem em ambientes externos, como ruas, calçadas e parques.

No caso da área de caminhada no Parque da Cidade, usada em grande parte por um público com idade acima dos 60 anos, a presença de um piso inadequado representa um agravante significativo.

Além disso, fatores como a presença de folhas secas, areia solta e a iluminação natural da trilha podem dificultar ainda mais a percepção dos obstáculos no chão, tornando o ambiente ainda mais perigoso.

O que dizem os especialistas 

Para garantir a segurança dos praticantes de atividades físicas ao ar livre, especialistas em fisioterapia e engenharia urbana indicam que o piso ideal para caminhadas deve ter algumas características fundamentais:

-- Superfície nivelada e contínua: reduz o risco de tropeços e quedas.
-- Material antiderrapante: evita escorregões em períodos chuvosos.
-- Boa drenagem: impede o acúmulo de água, reduzindo erosões e poças.
-- Amplitude adequada da trilha: deve permitir a circulação confortável de pedestres.
-- Sinalização clara: para alertar sobre possíveis mudanças na superfície do solo.

O piso da Rua do Meio, no Parque da Cidade, atende a apenas um desses requisitos: a amplitude da trilha.

Bancos e infraestrutura precária - Além do problema do piso, outro ponto crítico no Parque da Cidade é a situação dos bancos na área de caminhada. Eles apresentam superfícies desgastadas, pintura descascada e estrutura comprometida, tornando-os desconfortáveis e até perigosos para os idosos que precisam de pausas durante a caminhada.

História do Parque da Cidade

O Parque da Cidade Joventino Silva, popularmente conhecido apenas como Parque da Cidade, é um dos maiores espaços de lazer ao ar livre de Salvador. Inaugurado em 1975, ele ocupa uma área de 724 mil metros quadrados, sendo um dos principais refúgios verdes da cidade.

O parque recebe esse nome em homenagem a Joventino Pereira da Silva, que foi prefeito de Salvador na década de 1940. O espaço foi planejado para oferecer uma área de convivência e lazer para a população, além de preservar a vegetação nativa e incentivar o contato com a natureza.

Nos últimos anos, o Parque da Cidade passou por reformas e melhorias, incluindo a construção de pistas de skate, espaços para piqueniques e novos jardins. No entanto, alguns setores, como a Rua do Meio e suas áreas de descanso, não receberam a mesma atenção, o que gerou os atuais problemas de infraestrutura.

Estrutura atual do Parque da Cidade

Atualmente, o Parque da Cidade conta com:

-- Trilhas e pistas de caminhada
-- Áreas para eventos e apresentações musicais
-- Parquinho infantil
-- Espaços para piqueniques e contemplação da natureza
-- Pista de skate e áreas para esportes
-- Banheiros públicos

Mesmo com essa ampla estrutura, a falta de manutenção em áreas específicas, como a Rua do Meio, acaba comprometendo a experiência dos frequentadores.