
O Brasil registrou 108.410 novos casos de Covid-19 em 2025, considerando o período de 1° de janeiro a 15 de fevereiro. O intervalo corresponde às sete primeiras semanas epidemiológicas (SE) deste ano e representa uma alta de 52% ante os 71.479 registrados nas últimas sete semanas epidemiológicas de 2024, que engloba o período entre os dias 8 de novembro e 28 de dezembro. .
Em relação ao número de mortes, houve um aumento de 5,79% na comparação entre os dois períodos. Nas primeiras sete semanas deste ano foram 511 mortes em comparação a 483 por Covid-19 nas sete últimas semanas de 2024.
Além disso, apenas na SE 7/2023 foram notificados 13.709 casos da doença e 82 mortes.
O Ceará liderou nesse período, até 15/02, com 3.567 pessoas positivas para Covid-19, seguido de Minas Gerais que teve 2.939 casos novos. Mato Grosso aparece em terceiro lugar, com 1.452 pessoas confirmadas com a doença. Estas são as únicas UFs com mais de mil casos novos no período.
Acre, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Rondônia, São Paulo e Tocantins não registraram novos casos no painel para atualização do Ministério da Saúde. Amapá teve 22 mortes.
Confira o número de casos novos por Estado no período de 9/2 a 15/2:
-- Ceará: 3.567
-- Minas Gerais: 2.939
-- Mato Grosso: 1.452
-- Pará: 882
-- Paraná: 743
-- Distrito Federal: 596
-- Pernambuco: 483
-- Rio Grande do Sul: 406
-- Bahia: 398
-- Piauí: 372
-- Mato Grosso do Sul: 328
-- Santa Catarina: 328
-- Rio de Janeiro: 325
-- Amazonas: 243
-- Alagoas: 201
-- Roraima: 149
-- Maranhão: 142
-- Rio Grande do Norte: 139
-- Sergipe: 38
Efeitos colaterais
Pessoas que tiveram Covid-19, incluindo quadros leves, tendem a apresentar no curto e médio prazo desequilíbrios no sistema cardiovascular, precisando buscar tratamento de reabilitação. Foi o que constatou um estudo com 130 voluntários conduzido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com apoio da Fapesp.
Segundo dados divulgados na revista Scientific Reports, os participantes testados até seis semanas após a infecção apresentaram uma diminuição drástica na variabilidade da frequência cardíaca (VFC), ou seja, na variação do tempo entre cada batimento do coração. Já aqueles testados nos períodos entre dois e seis meses ou entre sete e 12 meses após a infecção mostraram melhoras paulatinas, mas sem chegar ao patamar do grupo-controle (composto por pessoas não infectadas pelo SARS-CoV-2).
A VFC é considerada um bom indicador da saúde, pois sinaliza a capacidade do coração de se adaptar às demandas fisiológicas. Dessa forma, quanto menor for o índice, pior os ajustes da frequência cardíaca e a adaptação a estressores ambientais (situações de fuga, angústia e medo) e fisiológicos (inflamação sistêmica, característica da Covid-19, por exemplo).
“Este estudo reforça a necessidade de programas de reabilitação até para pessoas que tiveram Covid-19 leve e não foram hospitalizadas. Os participantes tinham em média 40 anos de idade e alguns apresentavam fatores de risco para doença cardiovascular, como colesterol elevado, tabagismo, diabetes, obesidade e hipertensão arterial. Aparentemente, a Covid-19 potencializou esse desequilíbrio cardiovascular e, por consequência, aumentou o risco de doenças”, conta Audrey Borghi Silva, coordenadora do Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar (Lacap) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O impacto da Covid-19 no controle autonômico cardíaco tem sido demonstrado em diversos estudos. “Nossa pesquisa contribui para a confirmação desse impacto e demonstra que ele pode acontecer também em indivíduos jovens ou de meia-idade que tiveram COVID-19 leve e não precisaram ser hospitalizados”, destaca Aldair Darlan Santos-de-Araújo, pesquisador da UFSCar e primeiro autor do artigo.
Descompasso
Além da menor variabilidade da frequência cardíaca, os pesquisadores observaram nos voluntários infectados pelo SARS-CoV-2 uma predominância do sistema nervoso simpático sobre o parassimpático. Estes são as duas faces do sistema nervoso autônomo, que controla as funções involuntárias do organismo, como a pressão arterial e a temperatura corporal. Enquanto o sistema parassimpático, entre outras tarefas, faz o coração desacelerar quando necessário, cabe ao simpático aumentar a frequência cardíaca em situações que envolvam perigo e medo, por exemplo.
“O bom funcionamento cardiovascular exige um equilíbrio entre esses dois mecanismos e, o que observamos, é que o impacto negativo da infecção pela Covid-19 nesses indivíduos provocou um desbalanço no sistema nervoso autonômico”, conta Santos-de-Araújo. “O padrão observado – de redução da variabilidade da frequência cardíaca e predominância do sistema nervoso simpático [ou redução da atividade parassimpática] – indica não apenas diminuição da modulação autonômica global, mas também sugere uma maior probabilidade de desfechos cardiovasculares desfavoráveis.”
Além disso, destacam os pesquisadores, os resultados inferem uma possível fase de transição da recuperação autonômica cardíaca, uma vez que os indivíduos avaliados no grupo com maior tempo de recuperação desde o diagnóstico apresentavam um comportamento melhor desse equilíbrio simpático-parassimpático.
“Esse efeito transitório pode ser observado com mais clareza no grupo avaliado mais precocemente [até seis semanas após a infecção], que apresentava pior variabilidade de frequência cardíaca, melhorando progressivamente com o tempo, contudo, não atingindo os níveis observados no grupo de participantes não infectados”, explica Santos-de-Araújo.
O estudo mostrou ainda que a dispneia (falta de ar) foi o sintoma mais comum entre os indivíduos com pior modulação autonômica cardíaca, mas não foi o único. “No grupo dos indivíduos monitorados no período mais próximo da infecção observamos maior percentual de tosse [47%], fadiga [50%], cefaleia [56%], ageusia [perda do paladar, 53%], ansiedade [62%], coriza [50%] e maior prevalência de indivíduos não vacinados [44%]”, conta Santos-de-Araújo.