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Jerusalém divulgou quem são os israelenses mortos que serão devolvidos pelo Hamas nesta quinta-feira. Kfir, Shiri e Ariel Bibas, além de Oded Lifshitz.
Oded foi sequestrado vivo, do kibutz Nir Oz, onde morou por muitos anos. “Por 502 dias esperamos e rezamos por um final diferente, mas até que tenhamos certeza absoluta, nossa jornada não terminará. Mesmo depois disso, continuaremos a lutar até que o último sequestrado seja devolvido”, disse a família, em comunicado.
A imagem que rodou o mundo da mãe, Shiri, levando consigo os filhos pequenos, Kfir e Ariel, foi a marca da luta e sofrimento passados, desde outubro de 2023. O desfecho triste marca uma nação.
O presidente Isaac Herzog se manifestou há pouco. “Entre dor, luto e tristeza. Os últimos dias enfatizam duas verdades absolutas. A primeira é o nosso dever de devolver todos os nossos irmãos sequestrados. A segunda, a compreensão de que há um mal verdadeiramente absoluto e cruel aqui”.
O Comitê das Famílias comentou que o regresso para os enterros das quatro vítimas fecha um círculo. “Recebemos com grande tristeza a notícia. Termina a incerteza de 502 dias”.
Amanhã, 20 de fevereiro, promete ser um dia de grande comoção em Israel. O retorno de Shiri Bibas e dos filhos Ariel e do bebê Kfir em caixões consolida o trauma de 7 de Outubro de 2023. Uma família sequestrada viva pelo Hamas e que retorna morta. É um símbolo que se espalha pelo tecido social israelense.
Países e sociedades são elementos complexos, não um conjunto de pessoas e construções. A libertação do soldado Gilad Shalit, em 2011, após cinco anos de cativeiro pelo mesmo Hamas, também moldou a sociedade israelense. E o jogo político do país. Entre os 1.027 prisioneiros palestinos libertados em troca de um único soldado estava Yahya Sinwar, líder do Hamas – já morto por Israel em outubro do ano passado – e um dos autores do plano do 7 de Outubro.
Um dos traços mais marcantes do 7 de Outubro está no “descumprimento” de um “contrato” subjetivo e pactuado até aquele dia entre o Estado e a sociedade: a segurança estava garantida no interior do território israelense, a superioridade tecnológica e militar permitia isso. E, em caso de guerra, ninguém ficaria para trás.
Para além das 1.200 mortes no dia 7 de Outubro, da invasão ao território, da violência sexual, o impacto de cidadãos arrancados de suas casas em Israel. E talvez nenhuma das imagens seja mais simbólica do que a de Shiri Bibas a carregar nos braços suas duas crianças enquanto era sequestrada pelo Hamas.
O fim deste ciclo com as imagens dos caixões de Shiri, Ariel e Bibas têm o poder de transformar para sempre – e ainda mais – a sociedade israelense.