Livros

Ex-delegado publica ficção sobre
os bastidores da Polícia Civil

Atuação em instituições de São Paulo inspira romance do juiz André Norcia

A Constituição Brasileira prevê tratamento igualitário a todas as pessoas no que se refere aos direitos e deveres como cidadão. Mas o Delegado Rodrigo, que dá título ao romance de André Norcia, sabe que a realidade não é bem assim.

Em uma delegacia de São Paulo, o protagonista desta trama de ficção é um delegado honesto que enfrenta desafios e dilemas éticos em meio à corrupção e à desigualdade no trato da segurança pública.

Fãs de Tropa de Elite vão notar semelhanças do clássico com a leitura: assim como o filme acompanha a história do capitão Nascimento na Polícia Militar, este livro narra a trajetória de Rodrigo, desde os anos de estudo para passar no concurso até a posse como delegado na Polícia Civil.

Ao longo desse percurso, o personagem passa por situações que escancaram as camadas invisíveis de poder dentro da instituição, em que ações e decisões são influenciadas por interesses pessoais e políticos — como os apadrinhamentos de pessoas privilegiadas da sociedade, em contraposição às classes sociais vulneráveis.

Apesar do caráter ficcional, o enredo é inspirado em eventos que André Norcia soube e presenciou quando trabalhava em delegacias do interior e da capital paulista.

Por 12 anos, o autor também foi delegado e precisou driblar rivalidades internas e outras mazelas na rotina da corporação. Ele retrata tudo isso neste suspense nacional, que tem uma linguagem simples e acessível a todos os públicos.

Com uma pitada de mistério combinada à verdade nua e crua por trás do viés ideológico que governa as instituições, o escritor convida a refletir sobre os limites entre o bem e o mal, o certo e o errado.

Mais do que isso, quebra estereótipos ao revelar tanto as falhas quanto as virtudes da Polícia Civil, humanizando a profissão.

Por meio da jornada do herói, ele reforça que ainda existem muitos Delegados Rodrigos por aí. Ou seja, profissionais dispostos a desafiar atos corruptos para manter a justiça em primeiro lugar.