Brasil / Economia

'Taxa das blusinhas' encarece as compras feitas pela internet

Os importados representam 7% do total de acessos de todas as plataformas online

Foto: Pixabay/Creative Commons
Compras até US$ 50 pagarão taxa de 20%

A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (28 de maio) uma nova medida tributária, estabelecendo uma taxa de 20% sobre produtos comprados em sites internacionais com valores abaixo de US$ 50 (cerca de R$ 256, na cotação de maio), a chamada "taxa das blusinhas".

As plataformas do setor de Importados, as mais afetadas pela mudança, estão crescendo há 3 meses seguidos, chegando ao melhor número desde novembro de 2023, de acordo com o Relatório Setores do E-commerce, da Conversion.

Os Importados hoje representam 7% do total de acessos de todas as plataformas online, com visitas provenientes, sobretudo, via web, seja por desktop ou mobile.

Em abril, foram 170,6 milhões de visitas únicas, o que representa um aumento de 0,9% em comparação a março. O último desempenho superior a esse, naquele mês, foi de 202,5 milhões, muito impactado pela Black Friday.

O setor é fortemente marcado por empresas asiáticas, como as chinesas Shein e Aliexpress que, juntas, somam 139 milhões de acessos — ou seja, representam 82% dos acessos no setor de importados. 

Apesar disso, o maior crescimento foi de outra chinesa. Com alta de 31,3% mensal, a Made in China entrou para os dez e-commerces internacionais que os brasileiros mais visitam, na décima posição.

Com o fenômeno “chu hai”, que traduz o movimento de empresas oriundas da China em se tornarem globais, atualmente comércios eletrônicos chineses dominam 50% do ranking de importados do relatório, com as seguintes empresas: Shein (1º), Aliexpress (2°), Alibaba (5°), Banggood (8º) e Made in China (10°).

Para Diego Ivo, CEO da Conversion, é importante que as empresas sejam ouvidas na discussão tributária. Apenas negócios habilitados no Programa Remessa Conforme (PRC) possuem a isenção atual, pagando uma taxa de 17% do ICMS. A medida que já foi aprovada pela Câmara deve entrar em vigor após o aval do Senado.

"Os e-commerces estrangeiros, que competem com os brasileiros sem a mesma carga tributária, estão impactando fortemente a indústria e o varejo no país, então creio que seja necessária alguma isonomia de tributos", opina, Diego.  

Panorama mensal do e-commerce brasileiro

O e-commerce brasileiro voltou a perder tráfego em abril. Com 2,40 bilhões de acessos únicos no mês, o resultado caiu 2,8% na comparação a março, segundo o Relatório Setores do E-commerce no Brasil, da Conversion.

Isso se refletiu em diversos indicadores. Os setores que mais perderam visitas em abril tiveram margens de queda muito maiores do que aqueles que subiram seus acessos no mesmo período. 

Foi assim que, enquanto o setor de Presentes e Flores ressecou significativos 11% em abril, e o de Comidas e Bebidas caiu 9,5% em comparação ao mês anterior, o grupo que mais cresceu no mesmo intervalo, o de Joias e Relógios, teve uma alta de "apenas" 5,8% (quase a metade da queda de Presentes e Flores). 

O setor de marketplaces — que, sozinho, representa quase metade de todo o tráfego do comércio eletrônico brasileiro — praticamente espelhou o desempenho geral, diminuindo em 1,8% em relação ao mês anterior. Em números absolutos, teve 1,07 bilhão de acessos no mês.

O resultado foi registrado mesmo com uma alta de 2,3% nos acessos a plataformas dos marketplaces via aplicativos.

As marcas, por sua vez, reagiram a esse panorama de formas distintas: o Mercado Livre, líder inconteste entre os players do e-commerce, cresceu bastante timidamente (0,6%), ainda que ultrapassando a casa dos 340 milhões de acessos pela primeira vez em dois meses.

A Shopee, terceira maior plataforma do país em termos de acessos, também subiu – e com mais intensidade – em 5,1%, encostando na Amazon Brasil, que somou 189 milhões de visitas (queda de 5,8%).

OLX (-0,8%) e Magalu (-1,8%), que completam as cinco primeiras marcas mais visitadas, também retraíram.

Para Diego Ivo, abril costuma ser um mês mais morno para o varejo brasileiro, já que é o último mês sem grandes eventos relacionados ao consumo. Em 2022, o mês de abril teve queda de 4,3% em relação a março do mesmo ano, enquanto em 2023, a redução foi de 5%.

Ele lembra, por exemplo, que maio é marcado pelo Dia das Mães, junho tem o Dia dos Namorados e, julho, enfim, é o período das férias escolares.

"Os dados do mês seguem uma tendência natural do calendário das empresas. Eles devem voltar a aquecer a partir do próximo relatório, e permanecer assim pelo menos até agosto", explica, o CEO.

O resultado de 2024 ficou abaixo, ainda assim, do desempenho das plataformas em abril do ano passado, quando os acessos somaram 2,44 bilhões de visitas — uma retração de cerca de 1,6%.