O Brasil registrou 991.017 casos prováveis de dengue desde o início de 2024. Foram contabilizados ainda 207 mortes pela doença, enquanto 674 mortes estão sendo investigadas, segundo o Ministério da Saúde. A taxa de incidência da doença é de 488,0 casos para cada 100 mil habitantes.
De acordo com o Ministério da Saúde, o aumento no número de casos no início do ano não era esperado, já que o pico das epidemias normalmente acontece entre março e abril. Segundo a pasta, os principais fatores que influenciaram os casos foram as alterações climáticas, em especial na época de chuvas, e a mudança nos sorotipos circulantes da dengue.
Atualmente 17 unidades federativas estão com incidência de dengue 1 em níveis acima do esperado. Minas Gerais lidera os estados que possuem mais casos prováveis de dengue, com 339.674 registros. Na sequência aparecem São Paulo (172.657), Distrito Federal (100.712), Paraná (99.443), Rio de Janeiro (77.325), Goiás (59.304) e Espírito Santo (35.401).
A Bahia registra aumento de casos de dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.
O Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência.
Na capital São Paulo, já foram confirmados 16 mil casos de dengue e duas mortes pela doença. Outras 18 mortes estão sob investigação segundo a Secretaria Municipal de Saúdel. De acordo com o Secretário de Saúde de São Paulo, Luiz Carlos Zamarco, para conter o avanço da dengue na cidade diversas ações foram implementadas.
“A partir de janeiro, quando começou a haver os aumentos do número de casos, nós aumentamos os nossos números de agentes de saúde para fazer a visita casa a casa. Saímos de 2 mil para 12 mil agentes para dar uma cobertura na cidade de São Paulo. Hoje nós estamos fazendo uma média de 80 mil domicílios por dia, onde a gente faz a localização e a orientação de como evitar os criadouros do mosquito. É muito importante que a população receba esses agentes e prestem atenção nas orientações dadas por eles”, destaca.
O médico infectologista Fernando Chagas, lembra que o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti até a forma adulta pode levar um período de até 10 dias.
“Então, se você limpa a sua casa e o terreno ao redor da sua casa uma vez por semana, caçando tampinhas de garrafa, copos descartáveis, qualquer recipiente ou qualquer tamanho que seja que possa conter uma pequena quantidade de água. Se você for atrás desses componentes e retirá-los uma vez por semana, você diminui muito as chances do desenvolvimento do mosquito. Quase que 80% dos casos de dengue são provocados por mosquitos do ambiente domiciliar”, destaca.
Dia "D" de combate à dengue
Em meio a explosão de casos de dengue, o Ministério da Saúde anunciou a realização do Dia D de combate à dengue no Brasil no próximo sábado (2). A mobilização nacional com o tema “10 minutos contra a dengue” visa reforçar as ações de prevenção e eliminação dos focos do mosquito transmissor da doença.
Além disso, a pasta informou que está ampliando para R$ 1,5 bilhão os recursos para emergências, como o enfrentamento da dengue. Em 2023, já havia sido anunciado um repasse de R$ 256 milhões para esse fim. De acordo com o Ministério da Saúde, na última terça-feira (27), o primeiro repasse foi autorizado, totalizando R$23,4 milhões para municípios de Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, além do Distrito Federal.
Vacinação
A vacinação contra a dengue já iniciou em todos os estados selecionados pelo Ministério da Saúde. Segundo a pasta, até o dia 25 de fevereiro, foram aplicadas 74.880 doses do imunizante no Brasil. A vacinação iniciou pelas crianças de 10 a 11 anos.
Na última quinta-feira (22), a segunda remessa das vacinas (526 mil doses) da vacina começaram a ser distribuídas da contra a dengue para 206 municípios. O primeiro lote de vacinas, com 712 mil doses, começou a ser enviado no dia 8 de fevereiro para 315 municípios selecionados. Ao todo são cerca de 1,2 milhão de doses do imunizante.
Está prevista a distribuição de 6,4 milhões de doses da vacina contra a dengue para a população-alvo em 2024. Para 2025, a pasta já contratou outras 9 milhões de doses.
Em paralelo, o Ministério da Saúde informou que está coordenando um esforço nacional para ampliar o acesso a vacinas para dengue. A pasta deve atuar em conjunto com o Instituto Butantan e a Fiocruz para expandir a produção de vacinas para o Brasil.
Casos de Covid-19
Em 2023, o Brasil registrou 1.879.583 casos de Covid-19 e 14.785 mortes decorrentes da doença. Somente neste ano, foram contabilizados 241.640 casos e 1.325 mortes. As informações são do Painel Nacional: Covid-19, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Manoel Palácios, infectologista do Hospital Anchieta, aponta as variantes dos vírus como um dos fatores que podem ter contribuído para o aumento de casos e mortes decorrentes da doença.
“Pode ser que esse surgimento e circulação de novas variantes do SARS-CoV-2, podem ser mais transmissíveis, são potencialmente mais virulentos. Pode contribuir para um aumento dos casos e o aumento dos óbitos”, pontua.
Ele também ressalta que a redução das medidas de prevenção contra Covid-19, como uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos, também podem ter contribuído, assim como a cobertura vacinal incompleta.
“Além disso, após períodos de grandes aglomerações, como caso do carnaval, é comum esperar o aumento dos casos da Covid-19 e também das síndromes gripais. Isso devido à maior interação social, e consequentemente, à maior transmissão do vírus. Então nas próximas semanas pode-se esperar um aumento dos casos notificados, o que poderá levar a um aumento subsequente da sua hospitalizações, e possivelmente, de óbitos”, explica.
De acordo com o último boletim epidemiológico especial do Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Vigilância da Covid-19 no Brasil, o perfil dos mortos pela doença é semelhante aos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) por Covid-19.
Dessa forma, a faixa etária de 60 anos ou mais representou 82% das mortes decorrentes da doença. Entre as mortes por Srag causadas pela Covid-19 notificados em 2023, 83% apresentavam comorbidades e/ou fatores de risco, com destaque para cardiopatias, diabetes, pneumopatias e imunodeprimidos.
No total, foram registradas 3.491 mortes por Srag causadas pela Covid-19 de pessoas entre 60 e 79 anos, e nessa faixa etária, 3.023 pessoas (86,6%) apresentaram comorbidades/fatores de risco.
Além disso, 3.520 pessoas com 80 anos ou mais morreram por Srag causadas pela Covid-19, sendo que 2.956 (84,0%) possuíam comorbidades/fatores de risco.
Cobertura vacinal
Atualmente, o número de doses contra Covid-19 aplicadas é de 517.619.258, até o momento — incluindo as doses de primeira, segunda e terceira aplicação, bem como as doses de reforço.
No que se refere à vacina bivalente, recomendada pela pasta como reforço para pessoas com mais de 12 anos que apresentam comorbidades, ou para adultos sem comorbidades, o total de doses aplicadas no Brasil foi de 33.578.593.