Pedro Oliveira

Seca mata animais de fome e dizima campos de sisal em Coité

A seca quando não mata os animais de fome, mata de sede


Animal morto em Coité, resultado da estiagem prolongada
Foto: Pedro Oliveira

A prolongada estiagem que atinge a região sisaleira, vem mudando o cenário no município de Conceição do Coité. A alta temperatura que afeta a área, vem secando as reservas hídricas, dizimando pastagens, campos de sisal, provocando a mortandade de animais de fome e sede, além de reduzir de forma drástica a produção de leite.

Com o sisal murcho nos campos, e muitos motores deixando de rodar – gerando desempregos a população rural que tem a lavoura sua principal fonte de renda –, vem causando pesados prejuízos a economia local nesta parte da Bahia.

“A seca quando não mata os animais de fome, mata de sede, e eu não vou matar os bezerros de fome vendendo leite”. A declaração é do fazendeiro Chinha dos Poções, que tirava cerca de 100 litros de leite/dia fala que zerou a recepção para preservar a vida dos bezerros, já que as matrizes sem a alimentação natural, têm pouco leite. No último sábado (2), na região do distrito de Salgadália, a reportagem da TB se deparou nas imediações do rio Pau-a-Pique, na divisa dos municípios de Coité e Araci, com várias carcaças de animais espalhadas pelas margens da estrada vicinal.

O empresário sisaleiro e pecuarista, Gilberto Gonçalves de Araújo (Gilberto da batedeira), que já chegou a tirar mais de 700 litros de leite/dia, vê hoje a produção zerada. O fazendeiro, que formou os filhos graças à atividade, com o agravamento da seca, já contabiliza 70 cabeças de animais mortos. Para que o gado não continue morrendo ele mantém cerca de 20 pessoas alimentando o rebanho a base da batata de sisal, mandacaru, palma, entre outras rações. Diariamente o pecuarista pega vários carros-pipa de água a 14 quilômetros de distância da fazenda, elevando ainda mais os custos da propriedade.

O distrito de Juazeirinho que já chegou a contabilizar 5 mil litros de leite/dia, não chega a 2 mil agora. Raimundo Carneiro, viu a produção de 200 litros/dia cair para menos de 100 litros, e acusa gastos em torno de R$ 6 mil/mês com aquisição de ração. Pedro Paulo é outro que sofre com a situação, mas atribui o quadro principalmente à falta de estrutura que permeia a pecuária regional. ‘‘Ainda temos água, embora pouca, mas a alimentação dos animais é o maior agravante. Alerto sempre meus irmãos criadores, pois precisamos fazer silagem para a época da seca. Hoje a nossa bacia leiteira está enfraquecida, pois muitos estão preferindo criar gado para engorda” ressalta.

Ações de combate à seca

Amenizar os efeitos climáticos que assola o município, leva o prefeito Marcelo Araújo (DEM), a colocar em pratica várias ações, contemplando à população com recursos de convivência com a estiagem, distribuindo água potável, kits de cestas básicas às famílias que trabalham em motores de sisal e reciclagem. O processo se estende também à limpeza de aguadas, construção de viveiros, contemplando a agricultura familiar, que se dedica a cultura de hortaliças nas imediações do açude Itarandi, além de manter 28 obras em andamento como forma de garantir emprego e renda a classe da construção civil.

“Enquanto outros municípios enfrentam dificuldades, demitindo funcionários, cortando investimentos, nós ainda não decretamos situação emergencial, por que temos dinheiro em caixa para investir e fazer com que Coité cresça cada vez mais. Em 2021, iniciamos o governo com orçamento de R$ 113 milhões, esse ano estamos administrando recursos de R$ 244 milhões, o que tem nos permitido nesses três anos de mandato, a realização de diversas ações”, declara o prefeito Marcelo Araújo.

O secretário de infraestrutura: Ariel Ramos, informou também que a prefeitura projeta realizar cerca de 5 mil horas de máquinas, na limpeza de quase 100 aguadas públicas do município, além de mananciais de pequenos produtores rurais. Os serviços em execução, estão sendo feitos por seis maquinas – tratores, pás carregadeiras e caçambas na retirada do material do leito dos mananciais –. Ainda segundo o secretário, nesses três anos de mandato do prefeito Marcelo Araújo, já foram reformadas 66 escolas e várias unidades de saúde, além de transformar quadras poliesportivas em ginásios de esportes, vem pavimentando ruas, construindo e reformando praças, com jardins na sede e no interior do município.